A praça Diego de Vasconcelos, conhecida como praça da Savassi, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, tornou-se ponto de encontro de torcedores desde o dia 12 de junho, abertura da Copa do Mundo. Dessa data em diante, milhares de pessoas se aglomeram diariamente nos quarteirões fechados das ruas Pernambuco e Antônio de Albuquerque, fazendo a alegria dos comerciantes da área, predominantemente tomada por bares e restaurantes. Segundo o diretor da Câmara de Dirigentes Logistas (CDL), Alessandro Runcini, o faturamento de bares e restaurantes da região dobrou. “Posso dizer que nossos bares e restaurantes dobraram o faturamento e estão atingindo números recordes”, adianta. No próximo dia 26, a instituição vai apresentar os resultados da pesquisa realizada com lojistas da Savassi sobre os reflexos da Copa.
No estabelecimento em que Flávia Machado é gerente, as vendas dobraram no período do Mundial. “Chegamos a um aumento de 100% nas vendas neste período de Copa”, comemora. Para receber a demanda, ela contratou 10 funcionários para compor a equipe de garçons. Nos primeiros dias, no entanto, o bar não estava preparado para a chegada massiva das torcidas. “No primeiro final de semana, quando os colombianos lotaram a Savassi, não estávamos tão preparados para o volume de público. Mas logo nos adequamos e já estamos conseguindo atender tranquilamente às pessoas que vêm até aqui”, garantiu. O produto mais consumido é a cerveja. “Mesmo com as noites frias que temos enfrentado, a cerveja tem sido a preferência dos nossos clientes”, contou Flávia. Segundo a gerente, o movimento tem se mantido estável em todos os dias. “É só ligar a TV que o público chega, independentemente de o jogo ser do Brasil ou de outros times”, comentou.
Proprietário de um bar e de uma loja de artigos da Copa do Mundo, ambos na Savassi, Rubéns Batista mostra-se satisfeito com o crescimento nas vendas, mas lamenta a falta de mão de obra no bar. “Começamos a Copa com 11 garçons, cinco a mais do que temos normalmente, e agora, voltamos a ter seis. Os funcionários contratados encontraram uma dificuldade com o volume de trabalho e acabaram abandonando o serviço”, lamenta. Mesmo assim, ele estima que o aumento das vendas chega a 60%. “O maior movimento foi no sábado em que a Colômbia jogou em Belo Horizonte. Os argentinos vieram em bom número nesse final de semana, mas nada que se compare à torcida colombiana”, comentou. Avaliando as vendas da loja de artigos temáticos da Copa, o comerciante vê os brasileiros receosos com a campanha da Seleção no Mundial. “As dificuldades encontradas pelo Brasil nos primeiros jogos deixaram a torcida com um pé atrás. Temos que torcer por uma vitória convincente diante de Camarões para a torcida entrar de vez no clima e vestir a cidade de verde e amarelo”, afirmou.
Artesanato mineiro
Durante o período da Copa do Mundo, a Savassi recebe uma série de atividades culturais e a Feira de Economia Solidária. Nela, 30 expositores de artesanato apresentam e vendem seus produtos no local. Ana Gláucia é uma das artesãs que estão na praça desde o dia 12. Normalmente, ela comercializa suas produções na feira de artesanato da avenida Afonso Pena. Na Savassi, ela viu suas vendas crescerem cerca de 30%. O público consumidor das peças não se restringe a turistas. “Os visitantes compram, mas os belo-horizontinos também adquirem o artesanato em grande quantidade”. Para os próximos dias, a expectativa é de que o lucro aumente. “Aqui temos a vantagem de estarmos presentes todos os dias da semana, o que ajuda a vender. Na Afonso Pena, é só aos domingos e em um horário determinado. Esperamos encerrar a Copa com bons resultados dentro de campo, com o Brasil campeão, e aqui também”, concluiu.
Geração de empregos
A Copa do Mundo Fifa 2014 está gerando cerca de 1 milhão de empregos no país, de acordo com a Embratur. O número de postos de trabalho criados pelo Mundial equivale a mais de 15% dos 4,8 milhões de empregos formais registrados ao longo do governo atual.
Os dados foram obtidos através de estudo realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a pedido do Ministério do Turismo. O levantamento faz a comparação entre a projeção dos impactos gerados pela Copa do Mundo e as informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) sobre o histórico de janeiro de 2011 a março de 2014.
Do total de vagas de emprego relacionadas à Copa, 710 mil são fixas e 200 mil são temporárias, todos com carteira assinada, segundo o presidente da Embratur. “São números significativos para qualquer comparação”, afirmou Vicente Neto. Na cadeia do turismo, foram gerados 50 mil novos empregos em função do evento esportivo.
Neto anunciou, durante entrevista coletiva na última semana, outro dado positivo relativo à Copa no Brasil: a taxa de ocupação da rede hoteleira nas 12 cidades-sede na primeira semana do Mundial foi 45% acima do esperado, de acordo com autoridades do setor. Até o dia 11 de junho, foram registradas 340 mil diárias, 100 mil a mais que o previsto pelo Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb).
Entre os principais impactos positivos esperados pela Copa estão os gastos de turistas durante o evento. Como um todo, a Copa do Mundo deve somar cerca de R$ 30 bilhões à economia brasileira, segundo pesquisa da Fipe encomendada pelo Ministério do Turismo