Al-Bashir, ex-Presidente do Sudão, enjaulado, durante o seu julgamento, em Cartum
Por Jornal Clarin Brasil – 15/12/2019 07h01min
A justiça sudanesa proferiu este sábado uma sentença condenatória contra o ex-Presidente Omar al-Bashir. Trata-se da primeira condenação do homem que governou o país durante exatamente 30 anos e que foi deposto pelos militares, a 11 de abril passado, durante os protestos populares pró-democracia que tomaram as ruas de Cartum há quatro meses.
Um tribunal de Cartum considerou Al-Bashir culpado da posse ilegal de uma grande quantidade de moeda estrangeira encontrada em sua casa dias após ser deposto. Foram apreendidos quase sete milhões de euros e mais de 350 mil dólares, além de 5,7 milhões de libras sudanesas (cerca de 500 mil reais).
Em tribunal, o ex-Presidente admitiu ter recebido 25 milhões de dólares (22 milhões de euros) do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, destinados ao desenvolvimento do país.
MAIS JULGAMENTOS
Al-Bashir, de 75 anos, que está em custódia militar, cumprirá a pena num centro de reabilitação para idosos condenados na justiça. “De acordo com a lei, aqueles que atingiram a idade de 70 anos não devem cumprir pena na cadeia”, justificou o juiz.
A sentença só começará a ser cumprida depois de se conhecer o veredito de um outro caso em que Al-Bashir é acusado de ter ordenado a morte de manifestantes durante os protestos que levaram à sua queda.
O antigo ditador sudanês enfrenta ainda um processo no Tribunal Penal Internacional (TPI), onde é acusado de crimes contra a humanidade praticados durante o conflito em Darfur.
Em abril, já depois de ser deposto, o então criado Conselho Militar anunciou que Al-Bashir não seria entregue ao TPI nem a qualquer outro órgão internacional durante o período de transição, mas que poderia ser julgado no Sudão “se forem provadas as acusações contra ele”