Por: Jornal Clarín Brasil – Belo Horizonte 20/12/2019 16h27min
Jair Bolsonaro, presidente da república reagiu com agressividade nesta sexta-feira (20) ao ser questionado pela imprensa sobre as suspeitas em torno do gabinete de seu filho, o então deputado estadual, e hoje senador Flávio Bolsonaro, acusado pelo Ministério Público de ser o chefe da quadrilha que desviou milhões dos cofres públicos no Rio de Janeiro.
O operador do esquema, segundo as investigações, seria Fabrício Queiroz, policial militar aposentado e braço-direito do clã Bolsonaro no Rio de Janeiro . O contato inicial de Queiroz com o clã Bolsonaro se deu através do atualopresidente da República, Jair Bolsonaro, pai de Flávio.Os dois se conheceram em 1984 e desde então são amigos inseparáveis, de gabinete à pescarias em Angra dos Reis.
As atenções sobre Queiroz começaram depois que o mesmo realizouu um deposito de R$ 24 mil na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro em 2016. O amigo e atual presidente, Jair Bolsonaro, afirma se tratar de parte da quitação de um empréstimo de R$ 40 mil dele para Queiroz. Na manhã desta sexta-feira, ao ser questionado se teria comprovante do empréstimo que diz ter feito a Queiroz, Jair Bolsonaro, em tom ríspido e inapropriado para um chefe de estado, respondeu a um repórter do jornal O Globo: “Oh rapaz, pergunta para a tua mãe o comprovante que ela deu para o teu pai, tá certo?” .
A entrevista de Bolsonaro acontecia em frente ao Palácio da Alvorada e foi marcada por hostilidades e provocações aos jornalistas presentes, tanto por parte do presidente quanto por parte de um grupo de apoiadores que o saudava no local.
O repórter, no desempenho de sua função, insistiu e perguntou em seguida sobre os desdobramentos da investigação do Ministério Público do Rio sobre o senador Flávio Bolsonaro, o que irritou ainda mais ao presidente, que respondeu novamente de forma agressiva: “Você tem uma cara de homossexual terrível, nem por isso eu te acuso de ser homossexual. Se bem que não é crime ser homossexual”, retrucou Bolsonaro.
O Ministério Público do Rio de Janeiro afirma que o senador Flávio Bolsonaro lavou até R$ 2,3 milhões entre transações imobiliárias com sua loja de chocolates instalada em um shopping da Barra da Tijuca, zona oeste da cidade. As operações tiveram como semelhança o uso de grande quantidade de dinheiro vivo.
Para a Promotoria, a origem desses recursos em espécie é do esquema conhecido como “rachadinha” no antigo gabinete do senador na Assembleia Legislativa carioca, operado por Queiroz, então chefe de gabinete de Flávio.
Jair Bolsonaro, no afã de defender o filho investigado, disse que “ninguém lavaria dinheiro em uma franquia de chocolates” e ainda atacou o Ministério Publico estadual, o juiz do caso e até o governador do Rio, Wilson Witzel. “As franquias são controladas, não é o cara abre a franquia e a matriz abandona. Ninguém lava dinheiro em franquia”, declarou de forma desconcertado Jair Bolsonaro.
A empresa Kopenhagen, dona da franquia de chocolates, afirmou, em nota, que não realiza “nenhum tipo de auditoria fiscal nas unidades de seus franqueados, que são pessoas jurídicas totalmente independentes da franqueadora em suas reponsabilidades especificas”.
“A marca afirma que possui um amplo manual de normas e procedimentos operacionais, já que preza a padronização de toda a rede de franquias e a garantia de qualidade. Esses aspectos operacionais são auditados pelo grupo a fim de preservar os atributos do ponto de venda, mantendo a excelência dos processos”, encerra a nota da empresa.
O presidente, insistindo em tentar se explicar ao se referir aos altos valores apontados pelo MP-RJ, comparou seu filho ao jogador de futebol Neymar Junior.
“Acusaram ele também de estar ganhando mais na casa de chocolate. Quem leva mais cliente, ele leva um montão de gente importante pra lá, ganha mais. É a mesma coisa de chegar para o Neymar e perguntar: ‘Por que ele está ganhando mais do que os outros jogadores?’ Porque ele é mais importante. Não é comunismo.”
A exemplo do filho Flávio, o presidente em um ato inesperado, também atacou o juiz do caso, Flávio Itabaiana, pelo fato de o magistrado ter uma filha trabalhando na Secretaria Estadual da Casa Civil.
“Você já viu o Ministério do Público do Rio de Janeiro investigar qualquer pessoa ou ato de corrupção, qualquer deslize de agente público do estado? É o estado mais corrupto do Brasil. Vocês perguntaram para o governador Witzel por que a filha do juiz Itabaiana está empregada com ele? E pelo o que parece, não vou atestar aqui, é funcionária fantasma. Já foram em cima do Ministério Pública para ver se vai investigar o Witzel, tentava se esquivar Jair Bolsonaro.