Por Jornal Clarín Brasil 14/01/2020 às 10h49min
Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que o presidente Jair Bolsonaro deu uma “contribuição importante” ao País ao oferecer o ministério da Justiça e da Segurança Pública ao então juiz federal Sérgio Moro e, assim, estratégicamente afastá-lo da Operação Lava Jato. Para Gilmar, a saída de Sergio Moro de Curitiba ajudou a retornar a “normalidade” ao País.
Em palavras do ministro”Uma contribuição importante – levando em conta inclusive as revelações que estão aí – que o governo Bolsonaro deu ao sistema político institucional brasileiro foi ter tirado o (Sérgio) Moro da Lava Jato”, disse Gilmar.
As declarações de Gilmar foram dadas durante entrevista ao programa Poder em Foco, do SBT, transmitido na noite do último domingo.
Segundo Gilmar Mendes, a ida de Sergio Moro para o governo Bolsonaro poderia validar acusações de suspeição do então juiz federal para os casos denunciados pela operação, como os que pesam contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. “Há dúvidas se foi uma boa opção para o Moro, inclusive do ponto de vista da insuspeição e da imparcialidade. Ter prendido Lula, o principal adversário do presidente da República, do candidato a presidente da República, e vir servir a esse governo. Colegas acadêmicos mundo afora, estupefatos, fazem esse tipo de questionamento”, afirmou Gilmar.
O Gilmar ainda disse ser “inevitável” que as supostas conversas vazadas, entre promotores da Lava Jato e Sergio Moro, devam ser usadas no processo que avaliará a suspeição do atual ministro, a ser analisado pelo Supremo ainda neste semestre. O ministro destacou ainda que as discussões, na avaliação dele, deverão passar pelo fato de as provas serem licitas ou não. Ainda assim, Gilmar criticou o conteúdo das mensagens entre Moro e os promotores. “Tenho a impressão de que havia um voluntarismo, um propósito até positivo de combate à criminalidade, eventualmente a qualquer preço. Eu já disse que pode até não ter grandes talentos jurídicos na Lava Jato, mas eles têm grande talento de mídia, de marketing”.
Afirmou ainda o ministro, que o recurso que questionava a parcialidade de Moro em processos como o do ex-presidente Lula já havia sido apresentado ao STF antes de o site The Intercept Brasil divulgar conteúdos das mensagens. Ele defendeu ainda o entendimento de que réus delatados devem ser ouvidos após seus delatores, o que também afeta a Lava Jato. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.