A educação como forma de protesto, encontra-se em greve, e demais categorias contestam a exclusividade de tratamento para com a segurança pública
Por Jornal Clarín Brasil/JCB – Belo Horizonte em 11/03/2020 às 09h10min
O secretário de Estado de Governo, Bilac Pinto, afirmou que o governador Romeu Zema está usando o prazo a que tem direito, até o dia 17 de março, para reanalisar o Projeto de Lei 1.451/20, antes de sancioná-lo. Mas, por enquanto, o acordo feito com os servidores da segurança estaria mantido. Bilac Pinto esteve, na manhã desta terça-feira (10/3/20), em audiência pública da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
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A proposição, de autoria do próprio governador, recompõe as perdas inflacionárias dos salários dos servidores da segurança pública em 41%, escalonados até dezembro de 2022, e foi aprovada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) no último dia 19 de fevereiro, após sofrer algumas alterações.
Veto – Segundo o secretário, a emenda acrescentada ao projeto original, concedendo aumentos a outras categorias de servidores, quase inviabilizou o acordo feito com as forças de segurança do Estado, porque chamou a atenção de todo o País de maneira equivocada, na sua avaliação. A emenda provavelmente será vetada pelo governador, afirmou Bilac Pinto. Se a Asembleia por ventura derrubar o veto, o governo questionará a decisão na Justiça, informou o secretário. Secretário diz que governo não esperava repercussão tão negativa do projeto – Foto:Guilherme Bergamini
“Foi um alarde, disseram que estávamos dando reajuste a todos os servidores. Isso trouxe um prejuízo enorme para o Estado e fez com que o governo federal nos chamasse em Brasília para esclarecimentos”, disse ele. Ainda de acordo com o representante do governo, o principal impacto negativo foi reabrir a discussão sobre Minas não estar pagando a dívida que tem com a União. “Não há ingerência da União sobre o Estado, quem decide somos nós. Mas, se nós podemos dar esses reajustes todos, por que não podemos pagar nossa dívida? Esse é um dos questionamentos que sofremos”, lamentou o Bilac Pinto.
Se vetado, dispositivo ainda deve gerar polêmica na Assembleia
O presidente da Comissão de Segurança Pública, deputado Sargento Rodrigues (PTB), o vice-presidente, deputado Heli Grilo (PSL), o deputado Coronel Sandro (PSL) e vários outros parlamentares presentes classificaram a referida emenda como “inconstitucional e oportunista”. Eles e todos os representates de associações e entidades sindicais presentes à audiência reafirmaram a confiança de que o governador sancionará o projeto original, cumprindo o acordo que havia sido feito com os militares e demais servidores da segurança pública.
“Somos a favor de que todos os servidores do Estado tenham suas recomposições salariais, mas tem que ser da forma correta, legal”, disse Sargento Rodrigues. Os deputados Roberto Andrade (Avante), João Leite (PSDB), Bruno Engler (PSL) e Duarte Bechir (PSD) conclaramam os demais colegas a manterem o veto parcial do governador, assim que ele chegue à Assembleia. “Sou servidora pública também. Defendemos as outras categorias, mas precisamos dar um passo de cada vez“, completou a deputada Celise Laviola (MDB).
Foram muitos meses de negociações entre governo, militares e seus representantes, até que o projeto de recomposição salarial da categoria chegasse à Assembleia. Durante a audiência pública, o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, major Mario Lucio Alves de Araujo, foi um dos que destacaram o aspecto “democrático e totalmente transparente” do processo.
Não obstante, quando chegou ao Legislativo, o projeto gerou muita discussão e questionamentos de outros servidores, principalmente da educação, que também reivindicam aumentos salariais. Os parlamentares do PT tomaram, então, a iniciativa de apresentar a emenda para estender o benefício às demais categorias, mesmo cientes de que o dispositivo seria alvo de contestações jurídicas.
Queda de liminar no STF pode inviabilizar funcionamento do Estado
Atualmente, há uma liminar no Supremo Tribunal Federal (STF) que permitiu a suspensão do pagamento da dívida de Minas Gerais com a União, por causa da situação financeira do Estado. Segundo o secretário de Governo, Bilac Pinto, se, por causa das revisões salariais, houver provocação ao Supremo e esta liminar cair, os repasses de recursos federais ficariam automaticamente suspensos e todo o funcionamento do Estado estaria comprometido, não só o pagamento dos salários dos servidores. Representantes das forças de segurança frisaram a diferença entre reajuste e recomposição – Foto:Guilherme Bergamini
Imprensa – Deputados e representantes dos militares, como o subtenente Hélder Martins, presidente da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais (Aspra), lamentaram que a imprensa não tenha explicado que os militares mineiros estavam sem nenhuma recomposição há mais de cinco anos.
Para a maioria dos participantes que se manifestaram durante a audiência, a imprensa tem feito confusão em torno da recomposição que seria dada aos servidores da segurança pública, chamando a revisão de reajuste e prejudicando a categoria. Tecnicamente, só poderia ser considerado reajuste o aumento cujo percentual esteja acima do Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), apurado no período a que se refere a correção, o que não seria o caso.
O presidente da Aspra também lamentou que a imprensa não tenha explicado que os militares mineiros estavam sem nenhuma recomposição há mais de cinco anos e que os 41,7% serão concedidos de forma gradativa.
“Isso é covardia com uma categoria tão importante para a sociedade. Agora nós seremos culpados de afundar o Estado?“, questionou o cabo Álvaro Rodrigues Coelho, presidente do Centro Social dos Cabos e Soldados da Polícia Militar e dos Bombeiros de Minas Gerais.
*Conteúdo Agência ALMG