A crise do COVID-19 vem demonstrando que as medidas, propostas e estratégias do governo não estão à altura de um chefe de estado em tempos de crise. Conseguirá agora Jair Bolsonaro ser levado à sério
Por Jornal Clarin Brasil/JCB – Belo Horizonte 28/03/2020 às 14h50min
Quando candidato, Jair Bolsonaro se esquivou de participar de debates junto aos demais candidatos que postulavam o cargo de chefe máximo da nação, a ausência do candidato deixou um vácuo nas mentes do brasileiros, que não puderam então avalia-lo adequadamente, assim como avaliar sua habilidade de reagir sob pressão, ou confrontos intelectuais, ou no mínimo um teste emocional em momentos de crise.
Nas vezes em que o candidato apareceu em canais de televisão, todas as entrevistas ficaram marcadas por polêmicas e desvirtuamento de questões importantes e necessárias que pudessem recomenda-lo como poss´vel presidente da república.
Mesmo após essa obscuridade, fazendo-se valer de frases de efeitos e discursos emotivos, o então deputado federal, Jair Bolsonaro, venceu as eleições, conseguindo ocupar no ideário de seus eleitores, a imagem de um verdadeiro super-herói.
Uma vez presidente, nitidamente apático e impreciso em suas decisções, assim como as de seu corpo ministerial, erros grosseiros começaram a surgir, desde o ministério da fazenda, passando pelo meio ambiente, educação e outros.
Agora, diante da maior crise de saúde mundial, iniciada na China em novembro de 2019, os holofotes se voltaram totalmente para a figura do presidente, que vem desastrosamente errando do início até o presente momento da crise.
Veja algumas atitudes e falas do presidente:
- Na primeira entrevista coletiva, a tentativa de uso de máscaras por parte do presidente Jair Bolsonaro ao lado do Ministro da Saúde, Jair Bolsonaro já se mostrou inadequado, promovendo um verdadeiro desastre estético que serviu para que o presidente fosse ridicularizado no mundo inteiro. O encontro com a imprensa foi realizado para o governo responder questões sobre o novo coronavírus.
- Da comitiva que acompanhou o presidente Bolsonaro aos Estados Unidos, 17 pessoas estavam contaminadas pela Covid-19, incluíndo o Secretário de Comunicação Fábio Wajngarten e os ministros Bento Albuquerque, de Minas e Energia, e até mesmo o General Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República. O que colocou o governo do país mais poderoso do mundo sob risco de contaminação, pois, como uma festa de debutantes, fotos e ifilmagens eram a todo tempo captadas ao lado de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos.
- Suspeito de estar também contaminado, o presidente Jair Bolsonaro se submeteu a dois testes, que segundo o mesmo, não confirmaram sua infecção, porém, nenhum dos exames foram apresentados à nação, o que colocou em dúvida a palavra do presidente, pois faltou transparência na situação envolvendo o chefe de estado.
- Jair Bolsonaro é acusado de haver convocado protestos públicos contra os demais poderes da república, e ainda que o presidente tenha negado haver feito a convocação, no dia dos protestos, seus apoiadores saíram ás ruas expondo-se aos riscos de contaminação, e por fim foram recebidos pelo próprio Jair Bolsonaro em frente a residência oficial, descumprindo recomendações médicas, e manteve contato físico com a multidão de apoiadores.
- Questionado por aliados e oposição, Jair Bolsonaro minimiza os riscos, e diz que faria uma festa de aniversário, demonstrando total irresponsabilidade enquanto chefe de estado do Brasil, e para com os possíveis convidados, já que encontrava-se sob suspeita de estar infectado.
- Diante da inércia do governo federal, além de demonstrações claras de despreparo para lidar com crises de magnitude do COVID19, governadores se unem e aplicam unilateralmente medidas que deveriam serem aplicados pelo presidente da república, que insiste em tentar minimizar aos alertas da OMS, além de desconsiderar a evolução e tragédias causadas pelo COVID-19 pelo mundo.
- Jair Bolsonaro insiste em chamar de “gripezinha” um novo vírus que no momento demonstra ser uma das piores pandemias dos últimos 100 anos.
- Contrariando as recomendações de seu próprio Ministério da Saúde, Jair Bolsonaro em cadeia nacional, decide por conta própria minimizar os efeitos da doenças, e após o Ministro da Saúde recomendar o isolamento social, conclama ao povo brasileiro a retomarem sua rotinas, pois segundo ele, a economia do país não deveria ser prejudicada.
- Jair Bolsonaro assina medida provisória, onde em um dos trechos constava que os empregadores poderiam dispensar e congelar salários de trabalhadores por até 04 meses, durante a crise do COVID-19. O que causa rejeição em todo Brasil, fazendo com que o presidente revogasse e alterasse o texto horas depois, demonstrando não haver provavelmente lido, ou compreendido do que se tratava o conteúdo do documento.
- Jair Bolsonaro faz menção de seu “histórico de atleta”, e mais uma vez aominimiza os efeitos do COVID-19 classificando-o como uma “gripezinha”, ou “resfriadinho” durante entrevista à uma rádio do Rio de Janeiro.
- Por fim, Jair Bolsonaro profere a seguinte frase acerca do perfil do povo brasileiro em relação a doenças:”O brasileiro tem que ser estudado. Ele não pega nada. Você vê o cara mergulhando em esgoto ali. Ele sai, mergulha e não acontece nada com ele”.
Pronunciamento à Nação do presidente da República, @JairBolsonaro, divulgado em rede nacional de rádio e televisão. Assista: pic.twitter.com/Yu8Pnf3bvE
— SecomVc (@secomvc) March 24, 2020
As ações, a falta delas, além de sucessivas falas desencontradas, forçou a um grupo de governadores a se unirem e atuarem em conjunto no sentido de resguardar a população.
Dentre os governadores, destaca-se a figura do governador de São Paulo, João Dória – PSDB/SP, atualmente desafeto de Jair Bolsonaro, que após tomada de iniciativa passou a receber ameaças por simpatizantes de Jair Bolsonaro.
No papel de presidente da Câmara do Deputados, Rodrigo Maia – DEM/RJ, também entrou em ação com cobranças e críticas públicas direcionadas ao presidente da república.
Antes de todo esse imbróglio, o presidente Jair Bolsonaro já havia também se indisposto com a imprensa, quando dias antes, em esperada coletiva em frente a residência oficial, ao ser questionado por um repórter sobre o números pífios do PIB-2019, deu as costas aos jornalistas e deixou que um humoristas que o acompanhava respondesse as perguntas em tons jocosos e desrspeitosos para com a imprensa e consequentemente para com a nação brasileira, que não obteve resposta à altura da seriedade do assunto.
Por fim, os útimos dias, e ínicio de uma esperada árdua batalha contra o coronavírus, que ainda não atingiu o seu àpice no Brasil, com a imagem e autoridade questionada, a pergunta que insiste é: CONSEGUIRÁ JAIR BOLSONARO RESGATAR O RESPEITO POR PARTE DO BRASIL E DO MUNDO?