França está na quarta semana consecutiva de confinamento. E o ministro da Saúde já afirmou que “ainda é cedo para falar do fim da quarentena.
Por RTP Televisão Pública de Portugal – Paris em 09/04/2020 às 00:01min
O PIB francês caiu seis por cento no primeiro trimestre em relação aos três meses anteriores. Segundo o Banco de França, a atividade económica caiu 32 por cento durante a quinzena de confinamento em março. Este é o pior desempenho da economia francesa desde 1945.“Cada quinzena de confinamento custa cerca de 1,5 por cento do nível anual do PIB e um por cento do deficit público adicional”, afirmou o governador do Banco de França, Villeroy de Galhau.
A pesquisa realizada entre 27 de março e 3 de abril a 8.500 empresas francesas indica que a atividade económica geral caiu 32 por cento, um valor comparável ao publicado pelo INSEE (o Instituto de Estatística francês), que era de uma queda de 35 por cento.
A construção civil, que perdeu cerca de três quartos da sua atividade normal, é um dos setores mais afetados.
Todos esses setores juntos representam 55 por cento do PIB francês.Também os setores do comércio, transporte, turismo e restauração viram a sua atividade recuar dois terços.
A indústria de transformação também é substancialmente afetada, com uma perda de atividade de quase a metade, assim como outros serviços de mercado, com uma queda de cerca de um terço.
Por outro lado, os setores menos afetados são a agricultura e a indústria agroalimentar, energia, tratamento e refinação de carvão e os serviços financeiros e imobiliários.
Quando comparada com a crise financeira de 2008, a queda na atividade induzida pelo confinamento é superior. Na indústria a atividade caiu cerca de 1,5 vezes mais no primeiro trimestre de 2020 do que no quarto trimestre de 2008. Nos serviços, a queda foi quatro vezes maior.
Está é maior contração da economia francesa desde a II Guerra Mundial, e supera o segundo trimestre de 1968, quando o país foi dominado por conflitos civis, protestos estudantis em massa e greves gerais. Um momento que ficou marcado na história de França como o “Maio de 1968”.No início de março, antes do período de confinamento, o Banco de França apresentou uma hipótese de crescimento para o primeiro trimestre de 2020 de 0,1 por cento.
Em comunicado o Banco de França recordou que o único declínio trimestral do PIB desta magnitude foi registado no segundo trimestre de 1968, durante as revoltas sociais de maio, quando a queda foi de 5,3 por cento, antes de recuperar 8 por cento no terceiro trimestre.
O Ministério das Finanças francês já tinha admitido que por cada semana de confinamento a atividade económica diminuía pelo menos um por cento.
Cerca de 5.8 milhões de franceses estão em lay-off, com o Estado a garantir 84 por cento dos salários desses trabalhadores.
Em meados de março, o Governo francês anunciou um pacote de 45 mil milhões de euros para apoiar trabalhadores e empresas devido à pandemia de Covid-19.
Segundo os últimos dados oficiais, o número total de mortos em França devido à pandemia de Covid-19 é de 10.328 e quase 110 mil infetados.
França está na quarta semana consecutiva de confinamento. E o ministro da Saúde já afirmou que “ainda é cedo para falar do fim da quarentena “.
Os motivos para saídas autorizadas no país são o trabalho, compras de bens essenciais, assistência à família, saídas curtas para exercício físico num raio de um quilômetro da residência, idas ao médico em caso de urgência e intimação das autoridades.