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Redação Não é Como Uma Hidra De Lerna (2ª parte)

Como fazer uma redação nota dez

Por Paulo Siuves – Academia Mineira de Belas Artes – Belo Horizonte em 13/04/2020 às 05h47min


A Redação Com Tese E Antítese

Na semana passada, vimos como elaborar uma redação de forma simples, porém objetiva. Você pôde acompanhar o modo como construir uma narrativa bem estruturada servindo-se de perguntas simples que podem ser memorizadas e aplicadas na hora de construir seu texto. Dividindo sua redação em três partes, se organizando e se fazendo as perguntas, o texto fluirá com muito mais facilidade. No entanto, se o assunto do texto base é algo que você domina e você tem certeza absoluta disso, existe a opção de construir o texto com tese e antítese; isso é parte de um estudo chamado de dialética. Mas, o que é isso?

Dialética

A tradução literal da palavra dialética é “caminho entre as ideias”, é arte do diálogo; arte de, através do diálogo, fazer a demonstração de um tema ou debate-lo argumentando para definir e distinguir com clareza os assuntos e conceitos discutidos sobre aquele tema em questão. Sua redação é iniciada por uma ideia simples, isto é; uma síntese. Quando as ideias começam a fluir em sua cabeça e a demonstração do problema começa a desenrolar como sendo possível elaborar duas linhas de raciocínio claras, você estará criando uma tese para depois rebater com uma ideia diferente, antagônica. Compliquei? Então vamos descomplicar.

Suponhamos que o tema da redação seja o mesmo proposto na nossa conversa anterior, lembrando; digamos que o texto base seja sobre a alfabetização de crianças no ensino público. Sobre isso escrevemos assim:

“Depois de ler o texto e marcar as palavras chaves, comece anotando as ideias principais, digamos que você identificou no texto, os problemas no processo de alfabetização. Então responda a primeira pergunta: o que eu entendi sobre a alfabetização? Escreva o que foi apreendido do assunto do texto, demonstre que você sabe do que está sendo falado. Normalmente, isso demandará entre quatro e cinco linhas.” SIUVES, Paulo – Jornal Clarín Brasil, publicado no dia 29/03/2020.

Depois de inserido na redação, com clareza, que você sabe do que o assunto trata, comece a redigir a sua tese. Do mesmo jeito que fez na redação anterior. Mas, deixe nesse trecho uma parte da sua terceira pergunta; “o que causa esses problemas na alfabetização?” suponhamos que você esteja defendendo os programas das políticas públicas de educação avaliando positivamente as medidas e decisões que são tomadas pelo governo em relação ao ensino e à alfabetização no país. Ok, isso é possível sim. Porém, você já observou que será preciso falar sobre os problemas da alfabetização de um modo crítico, pois apesar dos esforços do governo e dos conselhos de educação na implementação dessas políticas, o desempenho das escolas e do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica continua pífio por causa de outro problema. Aí você discorre sobre sua antítese, que quer dizer, nem tudo está tão bom quanto você demonstrou agora a pouco. Algo está ruim no mesmo ambiente. Acho que não simplifiquei. Então vamos à pratica.

Desenvolvimento

O desenvolvimento da sua tese se deu à partir do reconhecimento de um problema, e esse tem uma causa específica. No entanto a consequência não é única, depois de demonstrar o quão positivo está sendo a aplicação das políticas públicas de educação, você decide demonstrar as vulnerabilidades que levam a índices tão baixos na alfabetização das crianças no ensino das escolas públicas. Ou seja; dá o doce com uma mão e tira com a outra. Na sua redação há um momento em que existe um elogio claro e elucidado, contudo, em seguida há uma análise negativa também clara e elucidada. Para ficar mais fácil ainda, vamos mudar o tema bem rapidinho; O assunto agora é a programação das emissoras de tevê abertas.

Identificamos sobre o que está sendo falado no texto base;

Encontramos um problema e o analisamos negativamente;

Apesar disso, analisamos outro ponto de vista e o elogiamos;

Faremos uma conclusão da tese com a antítese, ou seja, após o debate de ideias chegaremos a uma conclusão resumida, no entanto, essa síntese passa a ser uma nova tese para uma dialética.

Tipo; “A internet é um mundo vasto de informações e entretenimento para crianças e adolescentes, contudo, há necessidade de acender o alerta para conteúdos perniciosos que, em tese, surge em forma de publicidade, atraindo a atenção desses usuários para temáticas inapropriadas.” Ponto final. Fechamos elaborando uma tese e uma antítese e criamos uma síntese disso tudo. Simples não é mesmo?

Conclusão

A redação elaborada dessa forma, apresenta a contestação das ideias retiradas do texto base, como num dialogo, onde um parecer é defendido e logo depois contrariado com fundamentações claros. Este é o poder de argumentação. É muito comum expressarmos opiniões favoráveis e contrárias numa proposta de redação. é preciso cuidado para evitar palavras que você não conhece o significado exatamente, e não se lançar à esse tipo de redação se você tem dúvidas sobre o assunto, pois, tudo o que temos são opiniões sobre o mundo e, para não corrermos o risco de errar constantemente, devemos observar cuidadosamente esse processo de criação que pode ser chamado, nesse momento, de a dialética das coisas.

Podemos destacar a grande vantagem no uso do método dialético como sendo o processo de fazer com que fique evidente, por meio argumentos, que um impasse pode ser superado demonstrando os benefícios e prejuízos de alguma coisa. Isso mostra que você sabe trabalhar bem os dois lados de uma discussão, o que é muito bem visto pelas bancas de vestibular, por exemplo. Por outro lado, esse método tem um efeito prejudicial que é a dificuldade na construção da síntese, porque, numa redação, não há espaço para dúvidas, é preciso sustentar a sua argumentação e também demonstrar que você possui conhecimentos gerais, além de capacidade para interliga as partes; tese e antítese. Agora, mãos à obra, Vamos fazer uma redação nota dez?

Paulo Siuves é escritor, Formando da Universidade Federal de Minas Gerais, Presidente da Academia Mineira de Belas Artes, Embaixador Cultural da Academia de Letras do Brasil, Músico e Agente de Segurança Pública em Belo Horizonte, e escreve semanalmente para o Jornal Clarin Brasil

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