Tedros Adhanom Ghebreyesus diz que as pessoas estão “compreensivelmente” frustradas por ficarem confinadas por semanas, mas a complacência é um grande perigo
Por Jornal Clarín Brasil/JCB – GENEBRA em 23/04/2020 às 08h34min
Pessoas com ordens de ficarem em casa estão compreensivelmente frustradas com as semanas de confinamento, mas o COVID-19 permanecerá por muito tempo e um dos maiores perigos é a complacência, alertou na quarta-feira o chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os comentários de Tedros Adhanom Ghebreyesus vieram durante uma entrevista coletiva em vídeo da sede da OMS, onde observou que o coronavírus na Europa Ocidental parece estável ou em declínio.
Na África, América Central e do Sul e Europa Oriental, onde os números são baixos, há tendências preocupantes de alta, disse Tedros.
Ele disse que a maioria dos países está nos estágios iniciais do COVID-19, mas alguns que foram afetados no início estão agora ressurgindo nos casos.
“Não se engane: temos um longo caminho a percorrer. Esse vírus estará conosco por um longo tempo”, disse Tedros. “Não há dúvida de que as ordens de permanência em casa e outras medidas físicas de distanciamento suprimiram a transmissão com sucesso em muitos países. Mas esse vírus continua extremamente perigoso”.
Ele disse que as primeiras evidências sugerem que a maioria da população mundial permanece suscetível.
“Isso significa que epidemias podem facilmente reacender”, disse Tedros.
O diretor executivo do Programa de Emergências em Saúde da OMS, Mike Ryan, disse que deve haver “comunicação bidirecional e não há confusão na comunicação” das autoridades para transmitir sua mensagem.
O fator Donald Trump
Tedros respondeu a pedidos de alguns políticos americanos por sua renúncia depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, o acusou de ser centrado na China e ordenou que Washington parasse de financiar a OMS.
Ele indicou que não renunciaria sem responder diretamente.
“Espero que o congelamento do financiamento seja reconsiderado e que os EUA apoiem mais uma vez a OMS”, disse Tedros. “Nossa responsabilidade é salvar vidas, e vou me concentrar em mudar essa organização para sempre, mas não apenas isso, principalmente agora focando na pandemia e salvando vidas. Esse é o meu foco”.
Mais de 2,62 milhões de casos foram registrados em todo o mundo, pois as mortes ultrapassaram a marca de 182.000, de acordo com dados compilados pela Universidade Johns Hopkins, com sede nos EUA. Quase 707.000 pacientes se recuperaram.