Ah… A maternidade
Por Nathielle Aroeira
Ah.. a maternidade.
A confusa missão de morrer de amor e continuar vivendo.
A maternidade é difícil, bela, mágica e extremamente exaustiva.
Mas é a experiência mais intensa e poderosa que um ser humano pode conseguir vivenciar.
Mas a maternidade não é esse glamour todo não..
A realidade é dura, dolorosa
Mas toda mãe tem força o suficiente para compreender e superar cada dorzinha que nasce quando nasce uma mãe
Sim! Quando nasce um filho, nasce também uma mãe.
Nós não somos feitas. Nos tornamos.
Nos construímos minuto a minuto. Dia após dia uma transformação nova. Uma adaptação contínua.
Uma história nova a cada fase.
Muito se fala do bebê, da nova vida, da esperança que renasce, do tremendo amor que emana de nós mães, e sem sombra de dúvidas um filho é uma benção, é um presente, é um milagre tão maravilhoso que não existe maneira de expressar.
Mas a vida real exige muito mais do que esse amor utópico.
O árduo trabalho de ensinar, educar, incentivar o que é positivo, transformar o negativo, moldar o que já existe com calma, com afinco, com certeza, com sabedoria e muita paciência.
É cansativo, não só fisicamente, mas emocionalmente e psicologicamente.
Das noites em claro todos já sabemos, mas e das dores nas costas?! E das vezes que a gente chora no escuro?! Quando a gente acorda assustada, chora preocupada sozinha com o bebê no colo?! Quantas oportunidades de sorrir são facilmente trocadas por medo de não estar fazendo tudo do jeito certo…
Jeito certo?! Sim.. Vivemos inseguras se estamos escolhendo a melhor opção, a melhor maneira de agir, mas agimos assim mesmo, por que a vida não dispõe de tempo infinito, e o tempo passa rápido. Nossos pequenos milagres precisam de soluções rápidas e eficazes, assim, vivemos nos arriscando, sempre.
Viver na corda bamba é difícil.
Agora imagine viver na corda bamba sozinha, sozinha mesmo, com todas as responsabilidades nas suas mãos. Com as responsabilidades dos bebê, as da casa, as do trabalho, as responsabilidades consigo mesma
Si mesma?! Não! Não costumamos pensar em nós.
Comer uma fruta, um docinho, fazer um passeio sozinha, parar pra pensar, se torna um castigo! Porque a nossa vida é nosso bebê. E sem eles, não temos paz.
E assim a gente vai se transformando de uma pessoa em duas, e de duas em uma,
tudo ao mesmo tempo. Na mente, no coração e na vida. Todas as questões para você resolver em tempo hábil.
As crianças crescem rápido, aprendem rápido e se desenvolvem rápido, muitas vezes o tempo não é um aliado.
E parte o coração quando nos separamos dessas fofuras. Como dói deixar com outra pessoa que não seja a gente mesma.
Porque só nossos beijos curam, só nossos abraços são aconchegantes, só nossos olhos cuidam.
Temos que aprender a dividir pra depois ensinarmos com afinco e incansávelmente essa árdua tarefa.
Aprendemos a perdoar toda falta, toda displicência, toda negligência, porque às vezes, a lição a ser aprendida é o perdão.
Respirar fundo, não desistir, e continuar.
Acostumamos a tirar de letra. Nossa vida se baseia nisso.
E todo dia a gente acaba. Se acaba E recomeça toda manhã.
A maternidade real é assim.
É difícil, mas real.
O amor transcende e transborda em todos os momentos, e parece que quanto mais difícil, mais amor, mais verdadeiro, mais real.
E todos os dias renascem com a certeza de que jamais vamos amar alguém como amamos nossos filhos. Mesmo que bravas, mesmo que deixando aprenderem sozinhos, mesmo que super cansadas, amor fala mais alto.
O amor suporta.
No coração das mães ele sempre vence.
Meus parabéns à todas as mamães que passam por essa realidade, vocês são maravilhosas.
Mas parabéns principalmente àquelas que passam por tudo sozinhas. Vocês são mais que maravilhosas.
Um dia a paz vai chegar, um dia vamos acordar e ver que vencemos. Que nossos bebês cresceram, que se tornaram pessoas agradáveis e genuínas. Um dia vamos perceber que todo nosso esforço valeu a pena, porque nossos bebês cresceram, e cresceram bem.
O maior de tudo é o amor.
O amor sempre vence.
Shalom
Nathielle Aroeira é educadora infantil, mãe dedicada, comerciaria e escreve quinzenalmente no JORNAL CLARÍN BRASIL JCB.