Não se sabe se ele foi da areia onde afundou os pés ou se a areia o pertencia, ambos ansiosos pela primeira vez
Por Paulo Siuves – Academia Mineira de Belas Artes/Jornal Clarín Brasl JCB – Belo Horizonte em 11/10/2020 às 06hs48mins
Na Areia Da Praia Do Leblon
Paletó, calça social, sapatos lustrados na mão, pés descalços na areia da praia do Leblon. Cansado de estar à beira da praia e nunca poder aproveitar, subiu as barras da calça, jogou o paletó no ombro, enfiou as meias para dentro dos sapatos e pisou na areia sentindo os pés afundarem o suficiente para impulsionar a alma até o meio do mar.
O rapaz sente o calor na pele, quer despir-se e passar as mãos por toda a extensão do corpo, sentir a umidade, os pêlos molhados pela excitação daquele momento. Os batimentos cardíacos aumentam, o suor surge. A sensação da primeira vez, sabia que iria até o fim, molharia todo o corpo, sentiria o sal na boca, o brilho da pele o seduzia como o beijo juvenil impuro.
Não se sabe se ele foi da areia onde afundou os pés ou se a areia o pertencia, ambos ansiosos pela primeira vez. Ela pediu para que fosse sua, ele contemplou a brancura ali, à sua frente, disponível, convidativa, molhou os dedos, sentiu o cheiro e gostou, olhou tudo, experimentou a primeira vez na praia e guardou na memória o que sentiria outras vezes, nas férias. Só pensava em voltar à praia, gozar merecidas férias!
Paulo Siuves
de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, presidente da Academia
Mineira de Belas Artes, Embaixador Cultural da Academia de Letras do
Brasil, músico e agente de segurança pública em Belo Horizonte, e escreve
semanalmente para o Jornal Clarín Brasil
