É um sistema inteiro, compactuando, mesmo havendo relevância na escrita feminina, pois temos escritoras tão competentes no meio literário que se despontam à cada dia
Por Lin Quintino Academia Mineira de Belas Artes/ Jornal Clarín Brasil JCB – Belo Horizonte em 17/10/2020 às 04hs50mins
O Machismo e a Escrita Feminina
Será que ainda precisamos falar sobre o machismo na literatura? Será que a mulher jovem, bonita e inteligente, ainda, sofre preconceito ou é respeitada por seu talento ou o que se leva em conta são os atributos de sua beleza.
Essas são questões que se colocam, quando uma mulher leva seu manuscrito para ser editado e ela é avaliada pelo editor, o que está em jogo. Será que a mulher não escreve tão bem ou mais que o homem e precisa apelar para a sua beleza. Ah! Mas isso ficou no passado, diriam alguns, hoje os tempos são outros…Será que mudou tanto, será que a mulher, agora, está par a par na escrita com o homem?
Apesar dos avanços, e de vermos cada vez mais mulheres alcançando o meio literário, a presença feminina neste espaço é fraca, mesmo sendo as leitoras, em maior número que os homens, ainda há um grande machismo na literatura, ainda leem à escrita feita pelo homem como de maior teor.
Se uma mulher surge, enquanto escritora, ela deve se ater ao seu meio e falar sobre o seu mundo, ou seja, os romances água-com-açúcar, dramas familiares, poesia, alguma comédia pautada em casos da família, autoajuda e culinária.
Estes são os temas destinados às mulheres, os outros ficam a cargo dos homens.
Às vezes, são aconselhadas a usarem pseudônimo, pois assim, lhes aumenta à chance de serem lidas, se não souberem sua verdadeira identidade. Cito o filme “The Wife” em que o marido assinava os livros da esposa, até que ela se revolta e conta à verdade. Casos, assim, mostram o tratamento dado a escrita feminina.
O machismo no meio literário é algo muito sutil, que por vezes, relega as mulheres à margem, de forma inconsciente. E elas não se dão conta, muitas vezes, por quererem ser lidas, aceitam o jogo. É um sistema inteiro, compactuando, mesmo havendo relevância na escrita feminina, pois temos escritoras tão competentes no meio literário que se despontam à cada dia.
Vamos esperar que este cenário mude e as escritoras possam escrever sobre aquilo que elas quiserem, sem sofrer discriminação por serem mulheres ou a ameaça de marginalização por serem belas, e ter acesso a todos os tipos de gêneros literários que lhes der vontade de escrever, não seja apenas sonho. Até quando, a mulher vai ser vista apenas, como bela, recata e do lar, como menos inteligente e colocada de lado para dar passagem ao homem?
Lin Quintino
Lin Quintino – Mineira de Bom Despacho, escritora, poeta, professora e psicóloga. Academia das quais faz parte: Academia Mineira de Belas Artes – AMBA / ANLPPB- cadeira 99, / ALPAS 21, sócia fundadora, cadeira 16; / ALTO; / ALMAS; / ARTPOP; / Academia de Letras Y Artes Valparaíso (chile); / Núcleo de Letras Y Artes de Buenos Aires; / ACML, cadeira 61 Membro da OPB e da Associação Poemas à Flor da Pele. Autora dos livros de poemas Entrepalavras e A Cor da Minha Escrita. Comendas: destaque literário da ALPAS-21, / Ubiratan Castro em 2015 pela ABRASA / Certificado pela ALAF de Destaque Literário em 2014 7 Troféu destaque Mulheres Notáveis – Cecília Meireles- Itabira/MG, 2014 Participou de várias coletâneas e antologias nacionais e internacionais.