O impacto de não ordenar o segundo bloqueio na Inglaterra seria “desastre médico e moral”, alerta o primeiro-ministro que é criticado por opositores por rejeitar conselhos de especialistas
Por Jornal Clarín Brasil JCB – Belo Horizonte em 02/11/2020 às 16hs07mins
LONDRES – No parlamento nesta segunda-feira, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson defendeu sua decisão de impor um bloqueio nacional na Inglaterra a partir de quinta-feira, dizendo que estava “realmente pesaroso e angustiado por essas medidas que terão que impor”.
O Parlamento votará sobre o bloqueio nesta próxima quarta-feira (04). O Partido Trabalhista de oposição apoiará o governo, mas alguns parlamentares do Partido Conservador devem se rebelar contra seu próprio primeiro-ministro, argumentam os especialistas.
Johnson disse ao parlamento que devem ser tomadas medidas para conter a “onda de outono” do coronavírus.
Ele disse que a taxa de infecção está aumentando em todo o país e que alguns hospitais têm mais pacientes com coronavírus do que durante a primeira onda, o que acende e mantem o alerta sobre a nação.
Boris Johnson disse ainda, que era certo o governo tentar uma abordagem regional e em camadas no início, mas agora não havia “alternativa a não ser agir de maneira radical em nível nacional”.
WATCH LIVE: Prime Minister @BorisJohnson makes a statement on coronavirus in the @HouseOfCommons (2 November 2020) https://t.co/tymK2LHL2m
— UK Prime Minister (@10DowningStreet) November 2, 2020
Ele negou preventivamente que o governo demorasse a agir, dizendo que “ninguém quer impor medidas a menos que seja absolutamente necessário”, tal como vem sendo, a julgar pelos exorbitantes números de novas infecções em todo o país.
“Quando os dados mudam de curso, devemos mudar de curso também de nossas ações”, disse ele.
Johnson disse que, sem esse novo bloqueio nacional na Inglaterra, o Serviço Nacional de Saúde poderia ficar sobrecarregado, o que forçaria os médicos a escolherem quais pacientes tratar e limitaria a disponibilidade de outros tipos de atendimento médico pelo sistema de saúde do país.
Isso seria um “desastre médico e moral”, salientou.
Ele descartou o aumento da capacidade do hospital como uma forma de se antecipar ao vírus, pois está “dobrando mais rápido do que poderíamos concebivelmente adicionar capacidade”.
Johnson disse que o bloqueio “expiraria” em 2 de dezembro, após o qual a Inglaterra retornaria ao sistema ordenado de restrições por camadas, ou ações geográficas.
Ele também prometeu uma expansão dos testes rápidos para que toda a população seja monitorada.
Falha em agir rápido
O líder da oposição, Sir Keir Starmer, disse que tanto o primeiro-ministro quanto o chanceler Rishi Sunak falharam.
Ele disse que a lição da primeira onda foi “se você não agir logo, o custo será muito pior, mais empresas serão forçadas a fechar e tragicamente, mais pessoas perderão suas vidas”.
Starmer disse que Johnson e Sunak “não conseguiram aprender esta lição e, como resultado, este bloqueio será mais longo do que o necessário”.
Ele disse que, em vez de implementar um bloqueio de disjuntor mais curto, de duas a três semanas, no mês passado, como os cientistas do governo aconselharam, ele colocou o que “ele esperava que acontecesse antes do que está acontecendo”.
Ele disse que o Trabalhismo apoiaria a votação sobre o bloqueio, mas também exigiria que o governo “não desperdice as próximas quatro semanas e repita os erros do passado”.
Starmer pediu que o sistema de teste e rastreamento fosse consertado, bem como mais apoio financeiro, especialmente para os autônomos.
Boris Johnson respondeu dizendo que não fez “absolutamente nenhum pedido de desculpas” por tentar evitar outro bloqueio nacional, acrescentando que o país quer ver seus políticos unidos.
Enquanto isso, dados do governo, atualizados ainda hoje, mostraram 18.950 novos casos de pessoas infectadas no Reino Unido, após realizarem teste para o novo coronavírus, elevando o total para 1,05 milhão. Houve mais 136 mortes, elevando o total para 46.853.