“Sendo um negro ”era como se este fosse o estereótipo ianque, para um homem que pode acabar comendo seus filhos no café da manhã!.”
Por Jornal Clarín Brasil JCB – Belo Horizonte em 09/11/2020 às 13hs57mins
Declarada a próxima vice-presidente dos Estados Unidos na semana passada, formando dupla com o recém candidato eleito pelo partido democrata dos EUA, Joe Biden, Kamala Harris é a primeira asiático-afro/americana e a primeira mulher na história dos Estados Unidos a ocupar este cargo tão importante.
Desde que aceitou a nomeação para concorrer como vice de Biden, ainda em 2019, a vida de Harris, começou a ser ainda mais esmiuçada pela mídia local e internacional.
Harris que é filha de pais imigrantes, durante todo esse tempo, falou muito sobre sua mãe como alguém que “em cujos ombros eu estou de pé”. Sua mãe, Shyamala Gopalan Harris, saiu da Índia aos 19 anos, imigrando como estudante para os EUA, onde se tornou uma renomada pesquisadora de que se dedicou a desvendar e tratar o câncer mama , já se pai, nesta mesma época, era um brilhante jovem jamaicano, estudante de economia Donald J. Harris, que veio a se tornar um renomado professor universitário, também nos EUA.
Em diversas entrevistas, Harris também mencionou o divórcio de seus pais. “Quando eu tinha cinco anos, meus pais se separaram e minha mãe nos criou, a mim e minha irmã, praticamente sozinha” para nos tornarmos “mulheres negras/indianas fortes, se esforçando para que conhecêssemos e tivéssemos também, orgulho de nossa herança indiana”.
Na maioria das vezes, Harry faz pouca menção sobre seu pai se limitou a informar como sua mãe o conheceu na Universidade da Califórnia, Berkeley, no início dos anos 1960.
Quem é Donald Harris, o pai de Kamala Harris?
Donald Harris, era um jovem jamaicano, negro, que chegou aos Estados Unidos em 1961 para fazer uma pós-graduação na Universidade da Califórnia (Berkeley) e se tornou professor de economia na Universidade de Stanford. Ele ingressou no corpo docente de Stanford em 1972 e foi um líder no desenvolvimento do novo programa em Abordagens Alternativas para Análise Econômica como um campo de estudos de pós-graduação.
Ele também ensinou um popular curso de graduação “Teoria do Desenvolvimento Capitalista” por muitos anos na universidade. Ele se aposentou de Stanford em 1998 para perseguir seu objetivo de desenvolver políticas públicas para promover o crescimento econômico e a igualdade social.
Donald também atuou como consultor econômico do Governo da Jamaica no início dos anos 2000 e como assessor econômico de sucessivos primeiros-ministros de seu país de origem.
De acordo com o The New York Times, o trabalho de Harris “questionou suposições ortodoxas sobre o crescimento – por exemplo, que salários mais baixos aumentariam as taxas de emprego, ou que taxas de juros mais baixas sempre resultariam em aumento do investimento”.
Uma entrevista de rádio que Kamala deu em 2018, ela ganhou as manchetes na imprensa norte americana, e causou constrangimento a seu pai, quando admitiu que fumou maconha na faculdade, “Metade da minha família é da Jamaica. Você está brincando comigo?” ela disse, quando foi perguntada sobre a experiência com o experimento com a maconha.
O comentário não foi bem recebido por seu pai, que escreveu uma carta a um site jamaicano, que mais tarde foi retirado do ar. “Falando por mim e por minha família jamaicana imediata, desejamos nos dissociar categoricamente dessa farsa”, disse ele na carta, que foi uma clara reprimenda a filha.
Em um ensaio que o pai dela escreveu para a Jamaica Global em 2018, intitulado “Reflexões de um Pai Jamaicano”, ele falou de sua “filosofia jamaicana de base” e expressou “pesar” que suas filhas “não chegaram a conhecer muito bem os dois mais influentes mulheres na minha vida ”que o influenciaram fortemente. Ele reconheceu que sua avó paterna despertou seu interesse pela economia “simplesmente por eu observá-la e ouvi-la em sua rotina diária”.
Os ancestrais de Kamala Harris eram proprietários de escravos?
Srta. Chrishy Brown (acima à esquerda) era descendente de Hamilton Brown, que está registrado como plantador, proprietário de escravos e fundador da cidade de Brown’s Town e à direita com a outra bisavó também jamaicana, Iris Finegan – Imagens: Montagem AP
Ele também disse que seu sobrenome vem de seu avô paterno Joseph Alexander Harris, que era proprietário de terras e exportador agrícola e morreu em 1939, um ano antes de seu nascimento, enquanto seu avô materno era de uma família de grandes proprietários de terras, dentre os quais se encontra o também grande escravagista de origem irlandesa, Hamilton Brown, conforme pode-se confirmar no link abaixo:
http://www.jamaicanfamilysearch.com/Members/slavereg.htm
Dizem que Kamala Harris é também descendente direta de um dos maiores proprietários de escravos da Jamaica, Hamilton Brown – há até uma cidade com o seu nome, Brown Town. Então, isso não significa que ela seja uma beneficiária, não uma vítima, da escravidão? – questionam os críticos.
Distanciamento forçado por ser ‘NEGRO“
Donald também descreve sua filha mais velha (Kamala Harris) como “sempre aventureira e assertiva”.
Segundo o Dr. Donald Harris “A fase inicial de interação com minhas filhas foi interrompida abruptamente em 1972 …” ele escreveu “… com base na falsa suposição do Estado da Califórnia de que os pais não podem cuidar da paternidade (especialmente no caso deste pai),“ sendo um negro ”era como se este fosse o estereótipo ianque, para um homem que pode acabar comendo seus filhos no café da manhã!.” Época em que negros ainda sofriam maior discriminação em terras norte-americanas, e as leis e cultura eram desfavoráveis a pessoas negras e casais mistos.
No livro de Kamala Harris publicado em 2019, intitulado The Truths We Hold, ela menciona seu pai como alguém que “queria que eu fosse livre” e afirma que, mesmo após a separação dos pais, seu pai continuou fazendo parte de suas vidas. “Nós o víamos nos fins de semana e passávamos os verões com ele em Palo Alto.”
Intrigas à parte, mas o enredo envolvendo Kamala Harris e sua árvore genealógica e histórico familiar, demonstra ser tão complexo e inusitado, quanto ao do ex-presidente Barak Obama, o que faz do Estados Unidos, cada vez mais, um país muito diferente dos demais em suas composições familiares, e as oportunidades de ascensão dentro do tão propagado “sonho americano” vendido ao mundo.
