Pérola negra é para ser o que quiser, estar onde quiser, amar da forma que quiser, falar o que sentir
Por Eluciana Íris – Jornal Clarín Brasil JCB/Academia Mineira de Belas Artes – Belo Horizonte em 21/11/2020 às 01h49mins
Só quero acreditar na cura das feridas pelo respeito e iguais oportunidades de vida. Abolir a escravidão definitivamente Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Brancas lavaram roupas ao meu lado na beira do rio. Alfabetizei brancos e negros na mesma sala, pelo Mobral. Visitei a periferia da minha cidade natal, quando estudante do ginasial em trabalho de educação Moral e Cívica, levando a Vacina BCG (contra tuberculose). Vacinamos pretos, brancos, loiros e morenos. Somos todos iguais e vulneráveis. Precisamos fazer da história da escravidão o empoderamento social do nosso povo pelo máximo do desenvolvimento humano, social e democrático!
Luzia Lina 20/11/2020
Pérola Negra
Sou negra
Joia rara
Por vezes cozinheiras na casa grande
Por vezes lavadeiras na beira rio
Por vezes ama de leite
Outrora açoitada
Na calada da noite
No clarão da manhã
Corpo explorado
Corpo amarrado
Corpo esfolado
Carne doída
Alma algemada
Voz calada
Sem brilho no olhar
Contemporaneamente liberto-me DOS AS vezes, DOS POR vezes
Do calar
Do esfolado
Sou Pérola Negra
Não suporto feridas
Não suporto abandono
Pérola negra é para
Ser o que quiser
Estar onde quiser
Amar da forma que quiser
Falar o que sentir
Viver esplendorosa
Brilhar o olhar
Eluciana Iris Almeida Cardoso
20/11/2020
Eluciana Iris Almeida Cardoso
Escritora, poeta, nutricionista, bacharel em Direito
Vice presidente da Academia Mineira de Belas Artes e membro de várias academias.
Colunista do Jornal Clarín Brasil
Autora do livro Comidas Afetivas E Poemas Combinação Perfeita, participação em diversas antologias de poesias e história infantil no Brasil e exterior.