“Ter alguém que te diga que apesar de você não vestir 36 você continua sendo bonita, não é o mesmo que ter alguém que desestimula a cuidar da sua saúde“
Por Leticia Souza – Jornal Clarín Brasil JCB News – Belo Horizonte em 07/02/2021 às 01h24mins
Nos últimos tempos, muito se tem discutido sobre o quanto estamos sendo estimulados a romantizarmos a obesidade. Essa pauta tem ganhado cada vez mais visibilidade a partir da difusão dos discursos de reafirmação da autoestima e beleza da pessoas obesas, partindo tais narrativas,
Principalmente , de influenciadoras digitais fora do “ padrão de corpo perfeito” e magreza que utilizam seu espaço e voz em suas redes socais para abordarem a temática e estimularem milhares de mulheres a se amarem como são.
Mas a grande questão é: Em que ponto existe a distorção do amor por si própria até o estímulo à aceitação de uma patologia? Isso seria mesmo possível ? Tendo em vista que OMS define a obesidade como: “ um acúmulo anormal ou excessivo de gordura corporal que pode atingir graus capazes de afetar a saúde.” Sendo considerada também, uma doença crônica capaz de desencadear outros tipos de patologias que podem comprometer a saúde e qualidade de vida de um indivíduo. Portanto, logo seria nocivo incentivar a manutenção de tal condição. Mas o que precisamos ver além de ciência e nutrição, é a humanidade das pessoas.
Muitas pessoas, devido ao corpo que tem abrem mão de sua vida social, sentimental, e até mesmo educacional e profissional, sentem-se invisíveis e discriminadas. Tudo isso devido a um padrão de magreza ultrapassado, mas ainda afirmado e mantido veladamente pelas grandes mídias, revistas e etc… Vendido como o único padrão ideal e aceitável de beleza.
Considerando isso, e priorizando não só a saúde física, mas também metal de quem não se encaixa nesse padrão. Realmente se faz necessário de que essas pessoas, em considerável porcentagem sendo mulheres, possam mesmo se ver representadas através de uma voz e de um corpo parecido com o seu, através de uma influenciadora ou uma atriz (uma daquelas que se faz exceção em meio a tantas regras), alguém que possa mostrar o quanto a beleza faz parte do nosso individual e como a consciência da existência dela se faz necessária em meio a tantas discriminações e imposições.
Ter alguém que te diga que apesar de você não vestir 36 você continua sendo bonita, não é o mesmo que ter alguém que desestimula a cuidar da sua saúde. A obesidade precisa ser tratada, pois por mais que as questões que contornam esse tema possam ser sociais, a obesidade não é uma questão social, é uma questão de saúde, de bem-estar, segurança e qualidade de vida. Mas e para aquelas pessoas que não conseguiram sair da classificação de obesidade ainda? E para aquelas pessoas que têm baixa autoestima devido à sua forma corporal? Essas pessoas não devem ouvir o quanto são belas e importantes? Sim, elas devem ouvir isso. Por isso, fiz esse texto pensando em lhe dizer que: contribuir para que uma pessoa obesa se sinta bem com sua aparência, contribuir para que ela não se odeie ou se deprecie, contribuir para que ela acredite em sua capacidade e valor, não é romantizar a obesidade. Mas sim, contribuir para saúde emocional de alguém.
A aparência pode ser uma questão social, a obesidade jamais . Obesidade é uma questão de saúde, que precisa ser levada a sério e tratada. Não pensando em emagrecer para ser aceito pelo o que chamamos de sociedade ou muito menos em se manter obeso para confrontarmos o que chamamos de sociedade. Quando falamos de obesidade falamos sobre um estado de saúde que não deve ser negligenciado.
Então, existe diferença entre romantizar a obesidade, a estimular e despertar no obeso a consciência de sua beleza, contribuindo então para o aumento de sua autoestima. Sempre que ouvir alguém discursando sobre isso, entenda que é uma abordagem bem mais complexa do que imaginamos. Mas em momento nenhum poderá ser um estímulo ao negacionismo da importância de aderir o tratamento contra a obesidade.
Dizer para alguém se amar, é diferente de dizer para alguém deixar de se cuidar . A obesidade é uma doença que trás implicações, limitações e muitos desafios, logo romantiza lá seria claramente improvável. Mas apoiar as pessoas que possuem esse diagnóstico, isso sim é romântico e necessário.
Te convido a refletir comigo, a obesidade tem sido romantizada no Brasil ou as pessoas simplesmente estão aprendendo a se amarem mais enquanto enfrentam seu processo de cura, evolução e amadurecimento?
Fica Aqui, uma reflexão, plenamente respeitosa e solidária a todas as pessoas que lutam contra a obesidade, porém continuam se amando e se distanciando das opressões sociais que as limitam.
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Letícia Souza, 24 anos de idade; estudou Nutrição pela Universidade Presidente Antônio Carlos, em Juiz de Fora – MG. Natural da cidade de Além Paraíba- MG. É empreendedora e Líder Coach pela Federação Nacional De Bolsas Estudantis. Palestrante profissional , com experiência em palestras sobre a saúde da mulher e alimentação. Atualmente Letícia está desenvolvendo o projeto “ Comer consciente “ , que visa aconselhar e encaminhar mulheres adultas a se alimentarem de forma correta e fazerem as pazes com seus próprios corpos, a partir do entendimento do papel da alimentação e da auto aceitação.