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ELAS POR ELAS – Por Angeli Rose

Ela estendeu o braço longo para pegar a xícara da bebida quente sobre o balcão de vidro

Por Angeli Rose – Jornal Clarín Brasil JCB News – Brasil, 21/03/2021 às 09hs48mins

Elas por Elas

Hoje escolhi contar histórias, pequenas histórias do nosso tempo, ou de momentos que bem poderiam acontecer com qualquer um de nós. A capacidade de fabulação é algo a ser cuidado com grande interesse e atenção, pois ela pode nos salvar das situações de isolamento ou convivência intensificada – para quem não estiver acostumada ou acostumado a ficar tão perto de alguém. Assim, neste dia ainda por vir, convido você a acompanhar-me pelas linhas e entrelinhas dos minicontos aqui oferecidos.

(Ah! A título de curiosidade: o título da crônica é também o nome do mais novo projeto do Coletivo Mulheres Artistas e um dos capítulos de antologia lançada pela AJEB-MG e de que participo como coautora e dou notícias aqui ao final.)

Mas, nesse mês em que o Coletivo Mulheres Artistas está dedicando toda a agenda, quase diária, às mulheres, quero dedicar a coluna de hoje à heroína brasileira Anita Garibaldi. Anita se fosse viva estaria em seu bicentenário, nascida em 30/8/1821,em Laguna, município de Santa Catarina. E como mulher extraordinária que foi ,tornando-se uma referência para todas nós, vale ser mais do que lembrada, pois dar a ver seu perfil [https://www.facebook.com/CulturAnita/ ]pode ajudar a várias meninas, jovens e mulheres reconhecerem que as “loucas” do passado poderiam estar apenas desbravando meandros da vida que nos foram negados por muitos séculos. 

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(Guardiãs de Anita, uma associação cultural)

Tive a alegria esta semana, dia 15 último, de coordenar uma live em homenagem à memória de Anita Garibaldi, ladeada por 3 descendentes da família de Anita em sétimo grau. Notícia ainda inédita, porque agora há todo um processo de reconhecimento da condição dessas queridas “Guardiãs de Anita”. A live A saga de Anita possibilitou promover curiosidades sobre a história dessa revolucionária, também conhecida como “Anita de dois mundos”.  Foi emocionante poder reverenciar Anita Garibaldi, estando entre mulheres tão atuantes como as convidadas que o Coletivo Mulheres Artistas recebeu. Ficou curiosa? Visite o canal do you tube do “coletivo”  e confira vocês mesma/o a nossa conversa em torno da “saga de Anita” [https://youtu.be/Va4dY7gH9kI]

https://lh3.googleusercontent.com/v6ep5LxLlLQtMgHTgsbVqL-CdoDzIhmWDN_KxT_q5W90c8-Y5XFMvxKVrh_UTil3hya2ZQ=s85
(Selo comemorativo do Bicentenário de ANITA GARIBALDI)

Aliás, aproveito para sugerir a leitura e o estudo de perfis como um caminho interessante para ocupar-se no isolamento social a que estamos submetidas/os e ,se acontecer de conversar depois sobre eles então, você poderá se surpreender com o que irá (se) revelar,

Até a próxima!                                 

                                               AMOR QUE DANÇA

A pandemia tirou o sono de muitos e o de Gil também, até que numa tarde o músico avistou Ana na área de convivência do condomínio, onde ambos moravam. A bailarina dançava as tardes. Continuou insone, mas por amor. Nem o desemprego fora tão forte a ponto de quebrantá-lo. Da janela, no alto, ele sabia que o amor dançava todo dia para a nova vida.  

                                                     LEITMOTIV-1984

 – Quer dizer que devo sair, doutor? A resposta não animou. Contaminado pelo vírus, sentia ânsia de ler em casa. Depois, homens do governo levaram Ed à força. Decreto contra a pandemia: Shopping ou futebol. Então, lembrou-se da “Pátria de chuteiras” de Nelson Rodrigues. O que fazer? Sua compulsão era a leitura, sintoma da desconhecida pandemia. Seu estado era terminal.

                                                 A LOUCA DAU

Vinham gritos de protesto de todos os andares do prédio. A vizinhança que preservava um casarão avistou certa correria pelo quintal em volta de uma centenária mangueira. Decretado o lockdow, a intolerância aumentara. Mas a louca do 6º. andar fez um gesto inusitado. Começou a soltar pétalas de rosas brancas, vermelhas, amarelas e rosas pela janela e, inesperadamente, crianças, jovens e velhos começaram a cantar Haleluiah.

                                           A MULHER DO BRÁS

Aprendi tarde a importância de cortar pela raiz. Esperar a mudança é perda de vidas. Fitaram – me com compaixão por muitas horas .Devia ter burlado o lokdown naquela tarde…Morreria do mesmo jeito: pelo espancamento ou de arrependimento. Destino? O pândego transformou-me em um drone humano. Meter sempre a colher acabou com a bazófia de muitos tolos. Somos fortes em redes. Somos? A vantagem desse “estado” é poder ver com antecipação certos fatos antes de o serem. Aponto indícios. Muitas não sabem que fiz parte de suas lutas e conquistas. Ficar ou sair de casa não é mais a ameaça. Sigo no sobrevoo solo diante da nova realidade.

                                              CAFÉ COM POESIA                     

Ela estendeu o braço longo para pegar a xícara da bebida quente sobre o balcão de vidro. Enquanto ele a admirava como se contemplasse uma obra de arte clássica, daquelas que carregam a beleza há séculos sem que qualquer intempérie a abale. Num instante, e estava. A xícara deslizou entre os dedos e foi ao chão aos cacos, tal qual o coração camuflado de Laura sob a seda com poás estava. Abalada, a mulher desejada fitou a balconista por alguns segundos, deu um passo atrás, baixou os olhos, desceu ao piso e ficou ali agachada chorando. Na mesa ao lado, o poeta tomou um guardanapo e uma caneta. Surgia o café com poesia.

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ANGELI ROSE é colunista semanal do Jornal Clarín Brasil, autora de BIOGRAFIA NÃO AUTORIZADA DE UMA MULHER PANCADA, pesquisadora em Literatura brasileira, PhD em Educação (UFRJ); coordena o COLETIVO MULHERES ARTISTAS; é membro de diversas associações academias de Letras, Artes e Ciências, além de ter sido agraciada com títulos honoríficos em reconhecimento às iniciativas culturais em prol ,principalmente, da Literatura. É Embaixadora da Paz (OMDDH);Comendadora de Excelência e Qualidade em Educação (Braslíder/SP),entre outros que foram outorgados. É coautora de várias antologias e dá destaque hoje à O Nu da Palavra em prosa & verso. O feminino através do tempo. (Org. Irislene Morato).

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