A partir desse contexto e dessas iniciativas, convido a todas e a todos para conhecerem o COLETIVO MULHERES ARTISTAS nas principais redes sociais. Desfrutarem das lives que estão registradas no You Tube e apreciarem a produção de conteúdo, quase sempre em tom conversacional e animado, buscando envolver e incluir nossa audiência nas discussões que promovemos.
Por Angeli Rose – Coletivo Mulheres Artistas/Jornal Clarín Brasil JCB News – Brasil 28/03/2021 às 09hs51mins
Coordeno o COLETIVO MULHERES ARTISTAS há quase 1 ano. É um coletivo cultural, aberto, de protagonismo feminino dinâmico em rodízio, feminista, de ação voluntária, lusófono em seu alcance e direcionado para as diferentes linguagens artísticas e reflexões estéticas que tem, entre os principais objetivos, dar visibilidade às produções artísticas de mulheres artistas, às atividades de ativistas e produtoras culturais, a defesa dos direitos das mulheres, inclusão social, e provocar reflexões e trocas de experiências em torno da condição da mulher na contemporaneidade, estimular a inserção da mulher na pesquisa acadêmica e inclusão digital. Ele nasceu para ser híbrido e atuar nos âmbitos presencial e virtual, mas a pandemia chegou impactando nosso cotidiano, e nos vimos forçadas a atuar somente através de lives até que tenhamos uma nova realidade que nos livre dessa crise sanitária em que o país mergulhou.
Um convite à leitura:
Da calma e do silêncio
Conceição Evaristo
Quando eu morder
a palavra,
por favor,
não me apressem,
quero mascar,
rasgar entre os dentes,
a pele, os ossos, o tutano
do verbo,
para assim versejar
o âmago das coisas.
Quando meu olhar
se perder no nada,
por favor,
não me despertem,
quero reter,
no adentro da íris,
a menor sombra,
do ínfimo movimento.
Quando meus pés
abrandarem na marcha,
por favor,
não me forcem.
Caminhar para quê?
Deixem-me quedar,
deixem-me quieta,
na aparente inércia.
Nem todo viandante
anda estradas,
há mundos submersos,
que só o silêncio
da poesia penetra.
Nossas colaboradoras são mulheres qualificadas de diversas áreas, ativas, muitas são militantes em causas variadas: contra a violência e o bullying; saúde da mulher; direitos da mulher; ciência e mulher; profissionalização da mulher; antirracismo; e muitas outras. Algumas têm mais de uma ocupação profissional, além dos afazeres domésticos, experimentando a conhecida jornada tripla. Vale ressaltar que toda essa demanda é embasada por reflexões teóricas atuais que estimulam as trocas entre nós, mulheres e corpos feminilizados.
A riqueza das trajetórias tem sido contemplado no primeiro projeto do COLETIVO MULHERES ARTISTAS [https://www.facebook.com/groups/35693835865700] , o MULHERES ARTISTAS CONVERSAM… que acontece sempre às terças-feiras, às 19:30 em boa conversa entre convidada e mediadoras. São artistas e ativistas sensíveis, atualizadas e bem informadas que compreendem bem o quanto conquistamos e o quanto temos de caminhar para nos libertarmos do patriarcado e do machismo arraigados ainda em nossa sociedade. São colaboradoras de diferentes crenças e práticas sociais, políticas e religiosas que dão a ver a pluralidade em nossa realidade. Porém, a convivência permite um aprendizado constante da tolerância, da solidariedade, especialmente da sororidade, com o fim de acolher e cuidar.
Mas também temos projetos fixos que articulam outros interesses do “coletivo”, como o ELES, AMIGOS DELAS, em que convidamos artistas que são solidários à agenda de lutas das mulheres e se relacionam positivamente com o feminismo atual. Eles também têm trocado boas experiências e práticas conosco, mostrando que a convivência social e afetiva pode ser respeitosa, digna e favorecer o exercício de uma cidadania plena e responsável, além de inclusiva.
O outro projeto que enriquece o “coletivo” é o ELAS POR ELAS, em parceria com a Associação de Escritoras e Jornalistas do Brasil (AJEB – MG), na coordenadoria de Minas Gerais. É uma ação temática que acontece às quartas-feiras, às 19 horas. A colaboradora Irislene Morato, presidente dessa coordenadoria é uma das debatedoras que topou realizar a parceria. Temas como : A mulher no tempo da Literatura; A profissionalização da mulher; A inclusão social e mulheres escritoras são alguns dos assuntos que promovemos para oferecer reflexões de escritoras e editoras de nosso tempo.
Entretanto, toda essa introdução sobre o COLETIVO MULHERES ARTISTAS foi necessária para contextualizar as homenagens que finalizam a agenda especial. É verdade que algumas amigas têm reclamado da minha falta de tempo e de atenção para com suas chamadas telefônicas, principalmente. Articular essa produção cultural tem sido um desafio cotidiano e tanto. Mas por outro lado, as colaborações que acontecem no cotidiano do “coletivo” são a prova de que vale apostar no espírito democrático, na pluralidade e numa construção coletiva de mulheres.
As homenagens a Anita Garibaldi, in memorian, à escritora Conceição Evaristo, à Prof. Dra. Giovana Xavier (UFRJ), à ex-ministra de Estado dos Direitos Humanos, a Desembargado Luislinda Valois e à escritora (D.h.C.) Carolina Maria de Jesus, in memorian, com as presenças das homenageadas ou de pessoas ligadas a elas, como a filha de Carolina Maria de Jesus, Vera Eunice. Tais realizações têm enriquecido nossas experiências, além de qualificado os conteúdos oferecidos à audiência que vem crescendo, para nossa alegria.
O aprendizado com Conceição Evaristo sobre o termo “maternagem” que expressa o cuidado social, o acolhimento, capaz de através da atenção amorosa, da arte e da solidariedade, sermos capazes de atuar sobre a realidade, por exemplo, do isolamento social que vem desgastando nossas relações e iniciativas de modo geral. Já com Anita Garibaldi e as “guardiãs de Anita” pudemos compreender a importância da mulher aguerrida que abriu caminhos revolucionários para que hoje nossa condição feminina fosse transformada. Conhecer o perfil de Anita Garibaldi pelas lagunenses participantes no bicentenário em curso da heroína dos “dois mundos” é um estímulo para nós. Já com Giovana Xavier, @apretadotora, encontramos a fala potente e amiga sobre a presença de intelectuais negras no cenário contemporâneo que liquidam de vez o “script” branco que repete a falsa verdade de não existir referências consistentes de mulheres negras no campo da intelectualidade brasileira, pós-abolição. A reverência aos seus orixás com delicadeza e amorosidade também nos lembrou da livre escolha relacionada à ancestralidade potente que integra a memória social do país. Tudo isso circundado pelas falas de colaboradoras sensíveis ao momento difícil que enfrentamos no país com os 306 mil mortos e 306 mil famílias despedaçadas.
A alegria comedida das homenagens quer também contribuir para tornar o cotidiano lusófono palatável, atingindo pessoas e, principalmente, mulheres, jovens e meninas, que cumprindo o isolamento necessário possam ter alternativas a uma mídia, por vezes superficial em relação a possibilidades estéticas. A presença dos livros, o convite à leitura é uma marco constante em nossas ações virtuais. Temos apreciado também os desdobramentos dessas ações e campanhas que disparamos, de maneira que algumas de nossas colaboradoras passam a ser convidadas para outras atividades, tornando-se colunistas de jornais digitais, fazendo palestras em lives de outros grupos e academias, formando novos coletivos de mulheres, enfim, num propósito de expansão da rede de contatos e ações de mulheres.
A partir desse contexto e dessas iniciativas, convido a todas e a todos para conhecerem o COLETIVO MULHERES ARTISTAS nas principais redes sociais. Desfrutarem das lives que estão registradas no You Tube e apreciarem a produção de conteúdo, quase sempre em tom conversacional e animado, buscando envolver e incluir nossa audiência nas discussões que promovemos.
Um convite à leitura :
Humanidade
Depôis de conhecer a humanidade
suas perversidades
suas ambições
Eu fui envelhecendo
E perdendo
as ilusões
o que predomina é a
maldade
porque a bondade:
Ninguem pratica
Humanidade ambiciosa
E gananciosa
Que quer ficar rica!
Quando eu morrer…
Não quero renascer
é horrivel, suportar a humanidade
Que tem aparência nobre
Que encobre
As pesimas qualidades
Notei que o ente humano
É perverso, é tirano
Egoista interesseiros
Mas trata com cortêzia
Mas tudo é ipocresia
São rudes, e trapaçêiros
Carolina Maria de Jesus, em “Meu estranho diário”. São Paulo: Xamã, 1996.
(grafia original)
O telefone chama e tenho mais uma amiga que me convoca à escuta, porque, certamente, juntas, somos mais fortes (parafraseando a querida Dyandreia Portugal da “Rede Sem fronteiras”). Até a próxima semana!
ANGELI ROSE é colunista semanal do Jornal Clarim Brasil, autora de BIOGRAFIA NÃO AUTORIZADA DE UMA MULHER PANCADA, entre outros, pesquisadora em Literatura brasileira, PhD em Educação (UFRJ); realiza o segundo estágio pós-doutoral (LETRAS/UFRJ); coordena o COLETIVO MULHERES ARTISTAS (CMA); é membro de diversas associações academias de Letras, Artes e Ciências, além de ter sido agraciada com títulos honoríficos em reconhecimento às iniciativas culturais em prol, principalmente, da Literatura. É Embaixadora da Paz (OMDDH);Comendadora de Excelência e Qualidade em Educação (Braslíder/SP),entre outros títulos que lhe foram outorgados. É coautora de várias antologias nacionais e internacionais.
Parabéns pelo grande feito e dedicação com as homenagens no mês de março Angeli.
Muita troca de aprendizados e grandes trajetos de vida de cada participante. Foi riquíssimo 👏👏👏👏🙇🏻♀️
Agradeço pelos aprendizados que obtive.
A ativista cultural e coordenadora Angeli Rose é uma personalidade que tem feito um trabalho pirmoroso em divulgação da cultura brasileira. Merece às nossas reverências e parabéns. Atuando com delicadeza e profissionalismo em tudo. SUCESSO! Prezada Angeli Rose. Abraços do ALBERTO ARAÚJO. 06-04-2021