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Novas mensagens mostram que diretor do MS acusado de pedir propina negociou de forma informal com a empresa Davati

Dias é responsável por aprovar e autorizar a reserva de R$ 1,6 bilhão para a aquisição da Covaxin, que é alvo do Ministério Público Federal (MPF) e da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid

Jornal Clarín Brasil JCB News – Brasil 06/7/2021

Suspeito de cobrar propina para negociar a compra de vacinas pelo governo brasileiro, o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, fez uma negociação paralela com representante da Davati Medical Suply, antes que a própria empresa apresentasse uma proposta oficial.

Mensagens obtidas pela Folha de S. Paulo revelaram que o militar exonerado no último dia 29 conversou com Cristiano Carvalho, representante da Davati no Brasil, e Marcelo Blanco, coronel da reserva e ex-assessor de Dias no Ministério da Saúde.

Luiz Paulo Dominguetti, que acusa o ex-diretor de Logística de ter pedido propina de US$ 1 durante uma negociação para aquisição de vacinas contra a Covid-19 da AstraZeneca/Oxford, é citado por Marcelo Blanco em uma das conversas.

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Sede da “multinacional”. Uma sala de aproximadamente 260 m2, em um centro comercial nos arredores de Austin (TX). Algo bem modesto para uma empresa com potencial para entregar 400 milhões de doses de vacinas.

Os registros mostram que as conversas tiveram início antes de qualquer aproximação oficial do governo Bolsonaro, que indicou uma vontade em garantir a celeridade do processo, bem diferente do que foi visto na negociação pela Pfizer, por exemplo.

No dia 3 de fevereiro, Dias entra em contato com Cristiano via WhatApp, às 19h10. Ele se apresenta como diretor de Logística do ministério e isso dá início a uma conversa. Dias chega a ligar para Cristiano e, quando não atende, pede que o representante da empresa retorne com urgência.

Já no dia seguinte, às 11h53, o representante da Davati envia a Roberto documentos com autorizações para dar continuidade à aquisição das vacinas. Pouco tempo depois, uma mensagem do empresário: “O preço ficou US$ 12,51 por dose FOB (Europa). Preciso da LOI e Gov Authorization”.

Eles voltam a se falar no dia 9 de fevereiro, após insistência de Dias, que ligou três vezes para Cristiano, até ser respondido por áudio. Novamente, às 20h11, o então diretor do Ministério da Saúde telefona por mais duas vezes para o empresário. Sem sucesso, pede que ele retorne à ligação.

Roberto Ferreira Dias alega que as conversas são de conhecimento público e nunca foram escondidas. Segundo ele, o contato foi feito assim que soube da “existência do quantitativo de vacinas”, para confirmar a existência do estoque.

Dias é responsável por aprovar e autorizar a reserva de R$ 1,6 bilhão para a aquisição da Covaxin, que é alvo do Ministério Público Federal (MPF) e da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid.

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