A viúva do presidente haitiano assassinado, Jovenel Moïse, compartilhou as primeiras fotos dela no hospital e disse: “Não acredito que meu marido morreu diante dos meus olhos”.
Jornal Clarín Brasil JCB News – Brasil 15/07/2021
Martine Moïse compartilhou a atualização poucos dias depois de ser levada de avião a um hospital de Miami para tratamento de ferimentos graves sofridos quando homens armados invadiram a casa de sua família, e assassinaram a seu marido, deixando a baleada.
“Obrigada a todos que estão me ajudando em oração por meu retorno à vida. Porque o tempo todo entregamos nossas vidas nas mãos de Deus e dos médicos”, escreveu ela.
Martine Moïse, ainda não acredita que seu marido tenha morrido diante dos seus olhos sem me dizer uma última palavra “essa dor nunca vai passar.”
Em uma segunda atualização, ela reiterou seus agradecimentos aos que a ajudaram no hospital, chamando-os de seus “anjos da guarda”.
“Obrigada pela equipe de anjos da guarda que me ajudou neste momento terrível”, escreveu ela. “Com seu toque gentil, gentileza e cuidado, eu fui capaz de aguentar. Obrigado! Obrigado! Obrigado!”
Ela compartilhou duas fotos dela mesma na cama do hospital, com uma legenda em crioulo haitiano e outra em inglês.
Martine Moïse podia ser vista deitada na cama, com o braço direito coberto por bandagens.
A esposa do presidente, de 47 anos, disse que; “de repente, os mercenários surgiram e atiraram em meu marido”.
A viúva de coração partido disse que seu marido foi morto a tiros “em um piscar de olhos … sem nem mesmo lhe dar a chance de dizer uma palavra”.
Ela acusou inimigos sombrios de organizar o assassinato de seu marido para impedir a mudança democrática pelo qual passa o país.
Falando de sua cama de hospital na Flórida, a Sra. Moïse afirmou: “Você sabe contra quem o presidente estava lutando.
“Essas pessoas contrataram mercenários para matar o presidente e sua família devido aos projetos de estradas, eletricidade, abastecimento de água potável, organização do referendo e eleições, para a abolição final da transição política.”
Na gravação divulgada no Twitter, ela acrescentou: “É preciso ser um criminoso notório sem coragem para assassinar impunemente um presidente como Jovenel Moïse, sem lhe dar a chance de falar”.
Moïse havia falado sobre forças de oposição que estavam furiosas com o que ele chamou de suas tentativas de limpar os contratos do governo e a política – e ele propôs um referendo para mudar a constituição do Haiti.
O referendo, marcado para 26 de setembro junto com as eleições presidenciais e legislativas, pode abolir a posição do primeiro-ministro, remodelar o poder legislativo e fortalecer a presidência.
Mas os críticos consideraram a medida uma tomada de poder.
BURGUESIA FEDORENTA
O assassinato de Moïse anuviou esses planos e levou ao caos no Haiti, gerando pedidos de ajuda estrangeira.
Autoridades do governo haitiano imploraram a Joe Biden por ajuda para proteger a infraestrutura do país na sexta-feira.
Mas o presidente dos EUA rejeitou o pedido de ajuda do Haiti e se recusou a enviar tropas após o assassinato.
E no sábado, um dos líderes de gangue mais poderosos do Haiti disse que seus homens tomariam as ruas para protestar contra o assassinato de Moïse, ameaçando lançar o país em um caos ainda maior.
Jimmy Cherizier, um ex-policial conhecido como Barbecue, que chefia a chamada federação G9 de nove gangues, acusou os políticos da oposição de se conformarem com a “burguesia fedorenta” para “sacrificar” Moïse.
“Foi uma conspiração nacional e internacional contra o povo haitiano”, disse ele em um vídeo, vestindo um uniforme militar cáqui e sentado em frente a uma bandeira haitiana.
“Dizemos a todas as bases que se mobilizem, se mobilizem e saiam às ruas para que se lancem luz sobre o assassinato do presidente”.
As autoridades haitianas não forneceram o motivo do assassinato nem explicaram como os assassinos passaram pela segurança de Moïse.
Nenhum dos guardas de Moise ficou ferido no ataque, disse Mathias Pierre, o ministro das eleições, à Reuters.