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Cidadãos norte-americanos, pai e filho, que ajudaram Carlos Ghosn a escapar do Japão são condenados à prisão

Pai e filho facilitaram fuga do ex-executivo da Nissan, em 2019, em uma caixa de equipamento de som

Jornal Clarín Brasil JCB News – Brasil 19/07/2021

TÓQUIO – Os americanos Michael e Peter Taylor, pai e filho, que esconderam o ex-presidente da Renault-Nissan, Carlos Ghosn, em uma caixa de equipamento de som para ajudá-lo a fugir do Japão, foram condenados à prisão nesta segunda-feira. Michael, de 60 anos, foi condenado a dois anos de prisão e seu filho Peter, de 28 anos, a um ano e oito meses.

Ao proferir a sentença, o juiz Hideo Nirei disse que suas ações causaram “danos extremos” ao sistema de justiça japonês e que o tempo na prisão era “inevitável”, de acordo com reportagens da imprensa local. Michael e Peter Taylor aceitaram as acusações e pediram desculpas no tribunal.

Nascido no Brasil, Ghosn tem cidadania francesa e libanesa. Ele é acusado de fraude financeira enquanto esteve à frente da japonesa Nissan.

Sua fuga espetacular teve um roteiro de cinema e envolveu, além da ajuda de ex-militares de elite, viagem de trem bala, disfarce com chapéu e máscara cirúrgica, num tempo em que a pandemia ainda estava bem no início.

O juiz destacou que a fuga foi um “crime grave” porque a perspectiva de ver Ghosn julgado no Japão algum dia praticamente não existe mais. Ele está em Beirute, no Líbano, desde que escapou das autoridades japonesas.

Tokyo court jails US citizens over Carlos Ghosn escape | Automotive  Industry News | Al Jazeera
Os norte-americanos Michael e Peter Taylor, pai e filho, que esconderam e ajudaram na fuga do ex-presidente da Renault-Nissan, Carlos Ghosn, do Japãp para a Turquia, e depois Líbano – Imagem Reprodução

— Os dois acusados conseguiram com êxito uma fuga ao exterior sem precedentes e tiveram um papel proativo nesta operação — afirmou o juiz.

Na ocasião, em 2019, Ghosn estava em liberdade condicional sob fiança à espera de um julgamento em Tóquio por suposta fraude financeira e estava proibido de sair do país.

Com Ghosn fora de alcance — já que o Líbano não extradita seus cidadãos — Michael e Peter Taylor se tornaram alvo da Justiça no caso.

O americano Greg Kelly, ex-diretor jurídico da Nissan que foi preso no mesmo dia que seu chefe em novembro de 2018, é atualmente o único no banco dos réus pelo caso, já que a Nissan está sendo julgada como pessoa jurídica. Kelly, 64 anos, pode ser condenado a até dez anos de prisão.

Dinheiro como motivação

Veterano das Forças Especiais do exército americano, os Boinas Verdes, Taylor fundou em 1994 a American International Security Corp, empresa de segurança privada que fornecia proteção para prospecção de petróleo e altos executivos. Chegou a liberar crianças que foram reféns de sequestros.

Foi contratado pelo New York Times para resgatar um de seus correspondentes no Afeganistão, David Rohde, que fora sequestrado em 2008. E trabalhou camuflado para o FBI.

Carlos Ghosn com suas filhas Nadine, à esquerda, e Caroline. Executivo nasceu no Brasil e tem cidadania francesa e libanesa Foto: Arquivo pessoal
Carlos Ghosn com suas filhas Nadine, à esquerda, e Caroline. Executivo nasceu no Brasil e tem cidadania francesa e libanesa Foto: Arquivo pessoal

Taylor foi enviado a Beirute na guerra civil do Líbano, casou-se com uma libanesa e, assim, começou  uma relação com a comunidade cristã do país, segundo seus advogados. Ghosn é um membro importante dessa comunidade e sua mulher teria relações de parentesco com a de Taylor.

O juiz Nirei disse, no entanto, Taylor e seu filho foram motivados pelo dinheiro, e não pelas relações distantes de parentesco com a família de Ghosn no Líbano.De acordo com os investigadores, eles receberam de Ghosn US$ 862,5 mil para preparar a operação e depois o equivalente a US$ 500 mil em bitcoins para pagar os gastos com advogados.

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