Em tempo de Vacinas e mais vacinas contra a Covid-19, como andam os cartões de vacinas de nossas mascotes?
Por Dra. Letícia Morethson – Jornal Clarín Brasil JCB News – Brasil 13/08/2021
Em alguns países pelo mundo, já começou a vacinação de animais domésticos contra o coronavírus com fórmulas de vacinas desenvolvidas especificamente para animais, como a Carnivac-Cov da Russia, por exemplo, o que causou alvoroço na mídia mundial, quando anunciada pelo órgão regulamentador de vacinas daquele país, pioneiro na iniciativa. A vacina animal russa, que encontra-se disponível em clínicas particulares, vem fazendo muito sucesso por lá.
No Brasil, ainda não disponibilizamos de tais vacinas, pois nossos governantes tem priorizado a imunização humana primeiro, e obviamente, em um futuro não muito distante, nossos pets também entrarão na agenda para receberem a imunização contra a Covid-19 – aguardemos.
Mas, aproveitando a ocasião, e mídia falando quase que ininterruptamente em vacinação, trazemos esse lembrete aos “papais e mamães” e perguntamos; Como estão os cartões de vacinação de nossas mascotes? Você ainda se lembra da importância de manter em dia os registros de vacinação de seus animaizinhos?
Vacinações e preparação para animais
O processo de vacinação para cães ou gatos, como qualquer outro, exigem um certo cuidado, e requer alguma preparação, e melhor ainda, se previamente, puder ser acompanhado por um de nós, profissionais da veterinária.
Antes da vacinação, é bom que seja realizado um exame veterinário do animal a ser vacinado, testes como medição da temperatura, ou outros procedimentos que nos permitam determinar as condições adequadas, para que assim, a vacinação não prejudique o animal, e nós conseguirmos através desses testes, determinar se ele está ou não, em boas condições de saúde para avançarmos no processo profiláxico.
Geralmente recomendamos, que entre 10-14 dias antes deste procedimento, aconteça o processo de vermifugação do animal, quando ainda não realizado. Para isso, receitamos medicamentos anti-helmíntico (parasiticida, vermicidas ou vermífugos), que garantirão uma boa saúde do animal. Caso não ocorra esse procedimento, os parasitas presentes no organismo dos animais, podem enfraquecê-los, e criar sérios problemas de imunidade para eles. Sendo assim, um prévio combate a vermes e parasitas, torna-se uma parte importante da preparação para as vacinas.
É importante observar também, que os animais que já apresentaram algum episódios de hipersensibilidade devem receber um medicamento anti-alérgico antes de serem vacinados. Para esses fins, existem famosos anti-alérgicos, que em consulta podemos recomendar, e são adequado para todos animais mediante essa avaliação médica.
Por que devemos vacinar nossos animais de estimação?
A vacinação, tal como acontece com os humanos, é a introdução, ou inoculação de uma pequena dose de um agente infeccioso no corpo do receptor a fim de estimular a ação dos anticorpos, que atacam o “invasor” e promovem a imunidade do animalzinho. Observando esses procedimentos, principalmente, ou impreterivelmente, com um profissional da veterinária, podemos não apenas melhorar a saúde, mas também salvar a vida de nossos animais de estimação.
Rotineiramente optamos pela administração das vacinas em pontos específicos como por exemplo, em cães, habitualmente é realizada a administração no dorso (cernelha) e em felinos devido ao risco de desenvolvimento de sarcomas, o local de escolha para realização destes procedimentos é nas extremidades como por exemplo membros ou ponta de cauda.
Ao fim da administração da vacina, o procedimento deverá ser registrado com todos os dados da vacinação no cartão, e esse documento comprovará que você cumpriu com todas as prescrições veterinárias, recomendadas pelos órgãos de saúde do país.
Atenção dobrada para os felinos
Por serem donos de uma instintiva liberdade, e facilidade de locomoção, esses animais em suas “fugidinhas” em períodos específicos, às vezes podem entrar em contato com animais selvagens, ou de rua, ou serem expostos a infecções externas, sabe-se lá por onde, e com quem andam. Portanto, a vacinação de gatos deve ser feita sempre com maiores observações no cumprimento.
As doenças contra as quais os fofinhos são vacinados, são:
- Raiva;
- Rinotraqueíte;
- Calicivírus;
- Clamídia
- Panleucopenia
Todas as informações sobre vacinações devem constar nos cartões de vacinas dos gatos. Para animais adultos, esses procedimentos são realizados anualmente. Ao mesmo tempo, é indispensável uma atenção especial à vacinação de gatos contra a raiva, por se tratar da doença mais grave, e transmissível a humanos.
Vacinas para cães e gatos:
Muitas doenças caninas podem ser transmitidas aos humanos, e o risco aumenta, por serem esses mascotes mais dado aos afetos, e as vezes temos contatos com suas salivas. Portanto, é de suma importância saber exatamente quais vacinas são administradas aos cães e realizar esses procedimentos em tempo hábil e também com muita pontualidade.
Os cães, geralmente são vacinados contra:
- Raiva;
- Cinomose;
- Parvovirose;
- Coronavirose;
- Parainfluenza canina (Traqueobronquite);
- Leptospirose;
- Hepatite infecciosa (adenovirus);
- Leishmaniose;
- Tricofitose.
Lembramos mais uma vez (para fixar), que, antes de procedermos com a vacinação dos cães, é necessário realizar a desparasitação (vermifugação) e um exame veterinário. A frequência desses procedimentos devem acontecer conforme determinação do profissional, que acompanhará caso à caso de cada paciente sob tratamento.
Especificidades das vacinações caninas
Graças à uma boa amamentação, os filhotes recém-nascidos dos cães, recebem de suas mães uma proteção natural assim que elas os amamentam, o que lhes dão uma certa segurança inicial. Após isso, em torno de 6-8 semanas, os filhotes devem ser vacinados sem falta.
Para realizar tal procedimento, os animais devem estar completamente saudáveis. Após a primeira vacinação, as doses subsequentes deverão ser administradas, respeitando um intervalo de 21 dias entre uma aplicação e outra, até que se conclua a três fases do procedimento.
Lembramos que os cães devem ser vacinados contra a raiva, respeitando a idade mínima de 04 meses do animal a ser vacinado.
Necessidade dos profissionais na vacinação
Sabemos que alguns aventureiros, por falta de profissionais acessíveis, ou mesmo por desprezar a ação dos responsáveis habilitados, decidem por si mesmos administrarem as vacinas, e em muitos casos até mesmo medicação, o que, além de crime de maus tratos, ou exercício ilegal da profissão, passíveis de responderem criminalmente por seus atos, podem prejudicar e muito a seus animais, até mesmo levá-los à morte. Por isso é necessário sempre recorrer aos serviços de médicos veterinários profissionais, habilitados e registrados no CRMV de seus respectivos estados.
http://www.newsite.crmvmg.gov.br
Recomendamos que não tentem vacinar seus animais por conta própria, sem a orientação de um médico e equipe habilitada e responsável. Durante o ato, sem os devidos cuidados, alguns animais podem ter uma reação atípica à vacina, e trazer sérias consequências para sua saúde. Sendo assim, um profissional médico-veterinário deve monitorar seu comportamento de acordo com as orientações determinadas por lei.
Além das observações acima registradas, aconselhamos ainda, que, após a vacinação, você não deve dar ao animal ração, ou nenhum outro alimento, com cujo qual ele não esteja acostumado. Um alimento inadequado para seu animal de estimação neste momento sensível, pode desencadear um ataque alérgico, caso ocorra alguma má-combinação.
Embora desenvolvidos para animais, as vacinas específicas não são muito diferentes dos medicamentos para humanos. Elas são capazes de:
• Não só simular a infecção, mas também melhorar o funcionamento do sistema imunológico;
• Desenvolver anticorpos, tanto contra vírus como contra micróbios;
• Aumentar o período de ação da imunidade.
Apesar de todo avanço, o animal poderá também apresentar alguma reação pela primeira vez após a administração das vacinas. Os sintomas comuns a esse respeito são:
• Aumento de temperatura corporal;
• Inchaço no local da injeção;
• Fraqueza, sonolência;
• Pouco apetite.
Esses sintomas são “normais”, indicam que o corpo está desenvolvendo a imunidade necessária. Essas reações podem durar até 10 dias. Durante esse tempo, não exponha seu cão ou gato a situações de estresse, hipotermia ou esforço físico. E em caso de agravamento desses sintomas, você deve entrar em contato imediatamente com uma clínica veterinária, para que a profissional possa reavaliá-lo, ou administrar medicação que amenize os sintomas.
Esperamos haver transmitido preciosas orientações para que tudo corra bem com a saúde e qualidade de vida de nossos fiéis amiguinhos e escudeiros.
A Dra. Letícia Morethson – CRMV 22 171– É formada em Medicina Veterinária pela faculdade Vértice Matipó – MG na Zona da Mata Mineira, entre os anos de 2015-2020. Pós graduanda em inspeção e tecnologia de produtos de origem animal pela instituição IFOPE. Atua em Minas Gerais, como médica veterinária, e apoia projetos de proteção à animais desamparados.
Em caso de dúvidas ou sugestões de temas, escreva para: redacao@jornalclarinbrasil.com.br