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GERAÇÃO CHUCK NORRIS

Sou de uma geração que brincava até muito tarde na rua e só voltava quando a mãe gritava, literalmente, o nome da gente

Por Paulo Siuves/Jornal Clarín Brasil JCB News – Brasil 07/11/2021

Eu tô velhinho….

Quando criança, eu rachei o dedo num carrinho de rolimã e não morri de tétano, gangrena ou outra praga qualquer… fiz vidro moído numa lata de leite em pó pra fazer cerol, caí da laje e do pé de manga que tinha no quintal da minha casa. Perdi a virgindade aos dezenove anos e toquei guitarra num cabo de vassoura. Brinquei de “CAÍ NO POÇO. QUEM TE TIRA….” Assisti ao filme “Batman” no cine Palladium e “Uma Noite Alucinante” no cine Brasil, sem contar os cines Tamoio, Art Palácio e Royal. Escutei o Papa João Paulo II dizer: O papa não os esquecerá nunca mais! Com sotaque estranho, transmitido pro caixas de som espalhadas pela avenida Afonso Pena, em BH. E acreditei que minha mãe votou no “Eliseu – o número UM – PIM” (RISOS).

Acompanhei a saga de Tancredo Neves, da eleição ao sepultamento. Vi Saramandaia, Irmãos Coragem, “Clubinho” da tia Dulce e, posteriormente, a Xuxa na TV Manchete, a turma do Garibaldo…. Fiz ligação telefônica usando fichas no orelhão e dava aquele jeitinho de completar a ligação sem “comer” a ficha. Aliás, usei o Serviço Despertador da telemig (Nusss). Fiz coleção das fichas telefônicas de todos os estados brasileiros e de alguns países…. Assisti tv preto e branco com aquela tela colorida que se compravam dos vendedores de porta em porta, sou de uma geração que brincava até muito tarde na rua e só voltava quando a mãe gritava, literalmente, o nome da gente.

Uma geração que sobreviveu a inúmeras crises globais, diversas crises de saúde pública nacionais e mundiais, aliás, vi a globalização nascer e morrer. Sou da geração de belorizontinos que agradecia aos céus quando as chuvas chegavam, não morríamos de medo dos alagamentos que destroem nossa cidade todos os anos. Nossos ídolos estão deixando esse plano, desde Airton Senna até alguns dos nossos heróis do Clube da Esquina.

É! Estou ficando velho. …

Por Paulo Siuves
(Revisão gramatical por Gabriela Scarpelli – gabriela.faria.letras@hotmail.com)

Paulo Siuves é escritor, bacharel em Estudos Literários pela Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, presidente da Academia Mineira de Belas Artes, Embaixador Cultural da Academia de Letras do Brasil, músico e agente de segurança pública em Belo Horizonte, e escreve semanalmente para o Jornal Clarín Brasil

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