O tempo as faz desvanecer até que, debaixo de
rugas e cãs, se extinguem
Jornal Clarín Brasil JCB News – Brasil 11/03/23
O tempo acaba com tudo, é implacável com todos. Nem venha com essa de que “parece que o
tempo não passou para tal pessoa”!
– Passou sim e o resultado vai aparecer na pele. Primeiro na pele das mãos. Observe as suas
mãos e veja a ação do tempo criar sulcos e ir tornando a pele lisa, de criança e de adolescente,
em pele sulcada de pessoas com mais ou menos trinta anos! Veja que a pele naturalmente vai
criando rugas no rosto depois que os sulcos surgem nas mãos. Isso porque o tempo não gosta
de gente, ele mata todo mundo.
Todas as pessoas que sonham em conquistar um grande amor aguardam o tempo trazer a
pessoa amada para, assim, viverem lado a lado. Porém, outros sucumbem à espera, ao passar
do tempo. Ele leva a expectativa de felicidade amorosa e nunca mais traz de volta. A desilusão
é coisa do tempo.
Umas experiências vêm com tempo, mas todas as emoções o tempo leva embora, porque ele
não gosta de gente. O tempo gosta de instituições, ao fim do dia, concluímos “um dia a menos
para nós e um a mais para a instituição”. Mas se a instituição for feita de pessoas, o tempo
destrói. Casamento é Instituição e acaba com o tempo, queira Deus que seja até que a morte
os separe, essa é a missão do tempo: separar grandes amores. Família é instituição feita por
pessoas, e o tempo leva todos embora, o último será entregue à cova por mãos alheias. As
instituições permanecem, as pessoas passam, o tempo as faz desvanecer até que, debaixo de
rugas e cãs, se extinguem, recebendo uma coroa de flores das instituições.
O tempo é implacável e não gosta de pessoas, não tem compaixão, não retroage para
ninguém. Mas o tempo é justo, passa igualmente para todos, semelhantemente. Não há amor
que permaneça além do tempo concedido, onde o abraço afrouxa, o beijo murcha, o vazio se
instala, apesar de qualquer dor, apesar de qualquer amor. O tempo não gosta de pessoas.
(Revisão gramatical por Gabriela Scarpelli – gabriela.faria.letras@hotmail.com)
paulosiuves@yahoo.com.br
Paulo Siuves é escritor, bacharel em Estudos Literários pela Faculdade
de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, ex-presidente da Academia
Mineira de Belas Artes, Embaixador Cultural da Academia de Letras do
Brasil, músico e agente de segurança pública em Belo Horizonte, e escreve
semanalmente para o Jornal Clarín Brasil
Que realidade dura e contagiante , o tempo passa e arrasta tudo,assim como pensamentos e sonhos …
Uma belíssima analogia poética que contradiz com a ilusão de que tudo é pra sempre ,uma percepção errônea de toda uma vida.
O tempo voa Passarinho…voa Passarinho e os desejos de seu coração também…