Prender, matar, física ou politicamente nossos adversários não nos garante certeza de vitória, já que não estamos em uma guerra bárbara… Ou estamos, e não sabemos?!?!
Jornal Clarín Brasil JCB News – Brasil 05/05/23
O Brasil, desde sempre, em sua política, esteve sob densas e escurecidas nuvens de tensão. Mas em se tratando desse momento, parece que estamos cercados, e esse cerco não é resultado de nenhuma ameaça externa. Estamos vivendo um auto cerco, imposto a nós mesmo enquanto república, com sérios indícios de que as maquinações e sabotagens venham de dentro das nossas próprias instituições, nas quais confiamos como peças fundamentais de nossa cotidiano tentativa de vivência republicana em nossas relações.
Há poucos anos, assistimos a um ex-presidente da república ser preso, em um confuso julgamento, tempos depois desfeitos por nosso supremo. Antes disso, outra presidente (me recuso a escrever presidenta), removida do cargo, por motivações políticas, tendo todo um aparato político, legislativo, judiciário contra ela; sem falar em uma imprensa nitidamente vendida e agindo como um possível quarto poder da república, e daí pra frente, sem nenhum pudor, outros ocuparam o cargo, sem que houvesse nenhuma resistência de qualquer órgão ou instituição.
Está tudo muito confuso, e a impressão que fica, é que nossas instituições nos traíram. E essa certeza cada vez mais se confirma, quando vemos a conduta de nosso judiciário, envolvido até o pescoço com o partidarismo político, e aplicando medidas que são mais apropriadas para um um Brasil dos anos de coronelismo, onde batalhões de “bate-paus”, ou jagunços de coronéis/políticos invadiam regularmente as propriedades de seus adversários políticos e frequentemente os matavam ou prendiam, sem não antes arrasta-los de punhos atados, amarrados a cavalos pelas principais avenidas das cidades.
O país ainda não se curou do grande trauma de ver Lula sendo preso pós um comício, onde seus “fiéis” em pranto o aclamavam como se fosse a um messias martirizado – não quero entrar no mérito dos vícios do processo. Este mesmo país, meses depois assiste o desconfigurar de todo aquele emaranhado político, e jurídico que levou Lula a prisão, inocentando-o, como se nada tivesse acontecido. Logo em seguido, todo outro processo, agora jurídico/eleitoral, o alçou novamente ao posto máximo da nação. E pra enlouquecer ou fazer estremecer a fé de qualquer cidadão na santa república e suas instituições, estamos assistindo uma tentativa claríssima de indiciar e também prender o ex-presidente Jair Bolsonaro, por vingança, ou para ganho político; o poder vigente está também mostrando suas garras, pois eles sabem que a maioria da população ou órgãos fiscalizadores não darão a mínima para os reflexos disso tudo. O grosso do júri federal parece já estar de prontidão, ou com as decisões já prontas, e para dar uma pseudo-satisfação, parece precisar apenas encontrar uma causa provável para acreditar que Jair Bolsonaro quebrou algum estatuto federal dogmático para indiciá-lo, torna-lo inelegível, e consequentemente, prende-lo, tal como fizeram por um tempo com Lula.
Ao longo dos anos, mais do que nunca, nós, os de “chão de fábrica”, que pensávamos viver em um país democrático, estamos percebendo que sempre existiu essa tradição, cada vez mais consagrada pelo tempo de uso por parte de nossa justiça, usada como aparelho do poder; o critério é tão confuso, no que tange ao fator criminal para indiciar, que mesmo os prováveis inocentes são frequentemente envolvidos em morosos processos criminais por causa disso, e são invariavelmente obrigados a permanecerem por anos de litígio ás voltas com a justiça por causa disso. Aqueles que dispõem de bons aparatos advocatícios, na maioria das vezes conseguem perambular pelos labirintos da jurisprudência, e têm uma sobrevida, ou se mantêm plenamente vivos como verdadeiras raposas políticas que são. E também dependerá de suas relevâncias dentro do contexto, Michel Temer, que o diga.
Desde que Jair Bolsonaro se tornou presidente, esse jogo avançou para uma fase mais intensa e perigosa. Investigação após investigação rendeu acusação após acusações de toda natureza, de miliciano a genocida, campanha amplamente reforçada por uma imprensa parcial, e nitidamente politizada, ou movida de por interesses econômicos. E não para por aí, pois, a campanha se estende a todo e qualquer que concorde ou demonstre qualquer tipo de simpatia, ou legitima representatividade na figura e ideias de Bolsonaro. Não importam os currículos, boas ações ou bons antecedentes de quem quer que seja que concorde ou apoie democraticamente ao ex-presidente. Todos são marcados a ferro quente, e tornam-se em possíveis alvos para a “caça as bruxas”.
Nossa Justiça é composta por ótimos e capacitados juristas e magistrados, que dispõem de uma retaguarda de altíssimo gabarito que os amparam em suas ações e decisões, e estão plenamente cientes de quê, e quais são os políticos considerados culpados por seus mal feitos no Brasil, mas, independentemente de evidências em contrário aos fatos, percebemos que, acima da real justiça, existem as paixões, partidárias, ideológicas e econômicas, e infelizmente, muitos dos nossos guardiões da república, já não nos inspiram confiança em seus julgamentos quando o assunto é imparcialidade.
Assim como nos dois impeachments políticos que ocorreram no Brasil neste pós-regime militar, a democracia do Brasil claudica e carece de verdadeiros republicanos, em todos os seus três poderes, que atuem com ilibada precisão e justiça nos moldes pensados no gênese do nascimento da república, pelo menos pensada. O que não podemos é continuar nesse ciclo de vingança, acusações, apreensões e instabilidade enquanto país, que não consegue avançar enquanto esses vícios não forem superados.
Jair Bolsonaro cometeu muitos atos desprezíveis enquanto presidente: ele irritou a imprensa, atacou a alguns segmentos, e por muitas das vezes até mesmo a seus apoiadores, o que acabou resultando em traições por esses “ex-parceiros”.
Ele se estranhou com seu vice-presidente, pronunciou coisas desnecessárias sobre pessoas boas e se aproximou de alguns personagens bizarros. No entanto, até o momento, só isso não o torna em um criminoso digno de prisão. Basta-se garantir a exposição da verdade, e nada além da verdade, e deixar com que a natural democracia decida seu futuro nos lares, ruas e urnas distribuídas pelo país á fora.
Prender, matar, física ou politicamente nossos adversários não nos garante certeza de vitória, já que não estamos em uma guerra bárbara… Ou estamos, e não sabemos?!?!
Mas uma coisa é fato, independentemente de como nosso judiciário, executivo e legislativo lidarão com isso, a fé do público em nossas instituições estão irremediavelmente comprometidas.
Aguardemos aos próximos capítulos…
Nilson Apollo Belmiro Santos- Colunista – Gestor em Segurança (UNI BH) – Comerciante – Comunicador Digital, nascido em Belo Horizonte, atualmente residindo em Vila Velha no Espirito Santo, onde atua na área comercial e CONSULTORIA de segurança coorporativa e eventos de entretenimentos.