Jornal Clarín Brasil JCB News – Brasil 15/05/23
Hoje, após ler uma mensagem sobre os avós, pareceu-me que uma onda de energia de amor envolveu meu corpo e senti a presença astral de minha querida vovozinha. Então fiquei pensando sobre a razão pela qual, em nenhum momento, veio-me ao coração o comando de escrever o que ela representou em minha vida.
Em Fortaleza, minha cidade natal, meus pais e tios sempre residiram em ruas próximas à de minha avó materna, que ficou viúva muito cedo e tinha como companheira e parceira uma filha solteira, que era minha madrinha.
Muito embora fôssemos cinco irmãos e existissem netos de outros filhos, ela e minha tia sempre tiveram uma ligação muito forte comigo, como se eu fosse filha delas. Esse elo era recíproco, pois amava ficar junto às duas, mesmo sem que tivesse outras crianças na casa.
As palavras são insuficientes e pobres para descrever como eu via e sentia a minha avó. Era um amor tão intenso que, muitas vezes, fugia de casa, correndo, para ir para sua casa e lá me regalar com guloseimas, presentes, carinhos!
Quando meus pais eram convidados para comparecerem a algum evento na parte da noite, elas que ficavam conosco e eu amava, porque minha avó colocava-me no seu colo e passava a me contar histórias da carochinha. Eu ficava absorta ouvindo-a, às vezes assustada, porque algumas delas tinham algo de aterrador, como a existência de animais que eu desconhecia.
Quando surgiu um surto de sarampo em Fortaleza, fui levada para sua residência a fim de ser separada de meus irmãos, que estavam sãos. Eu adorava, porque minhas refeições eram muito requintadas e fortes, então ficava pensando em meus irmãos, que não estavam tendo as mesmas regalias.
Era uma mulher bonita, alta, com lindos olhos verdes; sua bondade, ternura e amor transbordavam de seu coração. Minha tia não ficava atrás, pois era o retrato da mãe.
Esse contato muito intenso durou até que meu pai foi transferido para a cidade do Rio de Janeiro, quando eu tinha doze anos de idade. Essa mudança causou-me muito sofrimento, eis que não aceitava minha separação, pois não existia facilidade nos transportes por avião, carro e ônibus.
Assim que partimos para a viagem, que durou oito horas porque o avião da Panair do Brasil não era a jato, soubemos que minha vovozinha teve um derrame cerebral e se encontrava em grave estado de saúde.
Felizmente ela se recuperou. Ficou com algumas sequelas, mas que não a impediam de levar uma vida normal e feliz, a par da saudade da neta predileta e da minha mãe, que era muito apegada a ela.
Aos quatorze anos de idade já pude viajar em avião mais moderno e com a assistência de aeromoça, exigência do Juizado de Menores. Quando desci no aeroporto, a primeira pessoa que surgiu à minha frente foi minha vovozinha. Meu coração disparou de tanta emoção e alegria. Tais viagens repetiam-se todos os anos, porque um primo presenteava-me com passagens, as quais tinha facilidade de adquirir.
Pouco tempo depois meu pai foi promovido a inspetor no Setor de Comércio Exterior do Banco do Brasil e as regiões que ele iria inspecionar eram Nordeste e Norte. Assim, tivemos que nos mudar para Fortaleza, onde permaneceríamos por dois anos.
Era indescritível minha satisfação ao saber que teria minha amada novamente tão pertinho de mim. Alugamos uma casa em um bairro um pouco distante, mas íamos todos os dias, minha mãe e todos os filhos, desfrutarmos um gostoso e lauto lanche, com todos os petiscos dos quais gostávamos, na casa de minha avó.
Aqueles dois anos esfumaçaram-se no tempo. Meu pai teve que retornar ao Rio de Janeiro, pois o período de inspeção havia findado. Mais uma dolorida separação. Esta, porém, foi muito forte para o coração de minha avó, já atingido pela idade provecta…
Logo que chegamos ao nosso destino recebemos a notícia de sua partida. Foi um sofrimento muito grande para todos, principalmente para mim, já que não podíamos viajar a Fortaleza para vê-la pela última vez. Meu pai sugeriu que minha mãe fosse, porém ela preferiu utilizar o numerário da passagem para trazer minha tia, que ficara sozinha, o que ocorreu.
Essas são as belas e saudosas lembranças que tenho de minha tão amada avó, espírito de muita sabedoria e luz, que retornou ao espaço cósmico onde, com certeza, algum dia ocorrerá nosso tão desejado reencontro.
Desejo que ela receba, onde está, toda a minha energia de incondicional amor e que esteja vivenciando um mundo onde reine as Luzes Crísticas!
Nara Pamplona – Nascida na cidade de Fortaleza- CE, vindo a residir na cidade do Rio de Janeiro ainda adolescente, nela tendo toda a sua formação educacional, do ensino Médio ao Superior. Colou grau em Direito, exercendo sua profissão até o ano de 1985, quando logrou êxito no Concurso Público para ingresso na Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, aposentando-se no ano de 2007. Membro de diversas Academias e Letras e Artes do Brasil e do Exterior, participou de diversas coletâneas nacionais e internacionais como Antologia Pablo Neruda e convidados e Tributo a Eva Peron, tendo recebido as Insígnias comemorativas respectivas, bem como a alegria e honra em receber muitos prêmios e Comendas. Destaque dos anos de 2015/2020, e, na categoria de Melhores Coletâneas Poéticas e pelo livro “Acordes do Coração”, sua primeira publicação pela Literarte- Rio de Janeiro-RJ. Seu segundo livro “40 Poemas escolhidos pelo Autor foi publicado no ano de 2018 pela Editora Magico de Oz. Recentemente, ingressou nas Academias de Letras e Artes do Rio Grande do Sul e São Pedro da Aldeia-RJ, tendo, ainda, recebido vários prêmios e Comendas!’Recentemente ingressou em varias Academias de Letras.