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Reflexões Inspiradas pela Música de Rita Lee – Por Paulo Siuves

Entre os nove irmãos, eu fui o único a desenvolver o vício em cigarros, mas consegui largá-lo em 2009. Além disso, fui o único a me embriagar, a ter relações sexuais antes do casamento, a me casar com um filho a caminho e a me divorciar

Jornal Clarín Brasil JCB News – Brasil 15/05/23

Nos despedimos da cantora Rita Lee, que faleceu aos 75 anos, deixando um legado cultural indiscutível. Em 2021, Rita foi diagnosticada com câncer de pulmão e vinha lutando contra a doença por meio de tratamentos médicos. Infelizmente, recebemos a triste notícia na manhã de segunda-feira de que ela havia falecido na noite anterior. Entre as várias músicas que gosto gravadas por ela, a que mais me marca é “Ovelha Negra”. Durante muito tempo, fui julgado pela minha família como o exemplo da rebeldia. Somos quatro irmãos do primeiro casamento da minha mãe e, posteriormente, juntou-se mais uma filha do segundo casamento. Além desses, há os irmãos por parte de pai, resultantes do segundo casamento dele também, totalizando nove irmãos.

Entre os nove irmãos, eu fui o único a desenvolver o vício em cigarros, mas consegui largá-lo em 2009. Além disso, fui o único a me embriagar, a ter relações sexuais antes do casamento, a me casar com um filho a caminho e a me divorciar. Também fui o único a ter uma vida noturna tocando em bares e boates de Belo Horizonte, além de outras “aventuras”. Por conta disso, muitas das coisas que fiz foram consideradas fora dos padrões pela minha grande família. Embora eu tenha seguido um caminho diferente dos meus irmãos, aprendi muito com as minhas escolhas e sei que elas moldaram a pessoa que sou hoje. Apesar das diferenças, minha família sempre esteve presente e sou grato por isso.

A música “Ovelha Negra”, da Rita Lee, é uma das canções mais icônicas da música brasileira e muitas vezes é considerada um “hino da rebeldia”. A letra da música fala sobre ser diferente e seguir o próprio caminho, mesmo que isso signifique ir contra as normas e expectativas da sociedade. A mensagem da música ressoa com muitos jovens e pessoas que se sentem marginalizadas ou desajustadas. Com sua personalidade forte e sua postura irreverente, ela se tornou um ícone para aqueles que buscavam uma maneira de se expressar e se destacar. Sua música, incluindo “Ovelha Negra”, ajudou a inspirar muitas pessoas a seguir seus próprios sonhos e a se libertar das amarras sociais que os prendiam. E, ainda hoje, muitas pessoas cantam “Ovelha Negra” com fervor e entusiasmo, celebrando a mensagem de autoexpressão e liberdade que a música transmite. E, mesmo após a morte de Rita Lee, sua influência e legado continuam a inspirar e motivar artistas e fãs em todo o mundo.

Não obstante, quero falar sobre autoexpressão com vocês. Apesar de ter tido uma “rebeldia juvenil”, sempre sonhei em ter uma vida feliz e bem-sucedida. Hoje, posso afirmar que sou feliz e estou caminhando em direção ao sucesso. Entretanto, aprendi que “ter” não é o mais importante, mas sim “ser”. Sou cristão, mas não me considero religioso; possuo valores e princípios que me guiam. Sou político, mas não sigo uma ideologia cegamente; analiso as propostas de cada candidato e escolho aquele que melhor representa meus valores e princípios. Sou estudioso, mas não me limito a uma única fonte de conhecimento. Definitivamente, não sou cedeéfe, mas tenho interesse em aprender e evoluir sempre. Busco o equilíbrio em todas as áreas da minha vida, pois acredito que ser uma pessoa equilibrada e consciente é fundamental para contribuir positivamente para o mundo. Apesar de muitas vezes sentir que estou caminhando contra os moldes sociais, sei que essa é a única maneira de ser fiel a mim mesmo. Acredito que é essencial para construir uma vida plena e significativa.

Além disso, tenho convicção de que é fundamental ser um defensor dos direitos humanos e dos direitos das mulheres, pois estou ciente das mazelas sociais e da necessidade de conquistar mais pessoas para lutar em favor das minorias. No entanto, acredito que essa luta não deve ser pautada pelo vitimismo, mas sim pela conscientização das desigualdades e injustiças presentes na sociedade e pela busca de soluções concretas e eficazes para esses problemas. Acredito que a educação é uma ferramenta poderosa para mudar a mentalidade das pessoas e, assim, transformar a sociedade de forma positiva e justa. Como indivíduos, temos a responsabilidade de contribuir para a construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e equitativa.

A música sempre esteve presente em minha vida, e quando jovem, eu me identificava muito com a rebeldia presente nas letras das músicas, que falava sobre a busca por uma vida mais livre e autêntica. Eu tinha sonhos e ambições, mas também enfrentava desafios e obstáculos. Contudo, ao longo do tempo, aprendi que a vida é uma jornada de altos e baixos, e que o mais importante é aprender e evoluir com as experiências vividas. Agradeço à Rita Lee por ter composto uma canção que inspira e toca tantas pessoas, assim como a mim. Essa expressão que inspira é um legado que permanecerá para sempre.

Hoje, posso dizer que estou caminhando em direção ao sucesso, mas entendo que sucesso não se trata apenas de ter bens materiais ou reconhecimento social. Para mim, sucesso é ter uma vida equilibrada e significativa, em que eu possa contribuir positivamente para o mundo e ser fiel a mim mesmo. A música da rainha do rock brasileiro me ensinou que é possível ser rebelde e autêntico, sem deixar de lado os valores e princípios que norteiam minha vida.

Portanto, a música da Santa Rita de Sampa não é apenas uma trilha sonora na vida de muitas pessoas, mas também uma fonte de inspiração e reflexão. Agradeço por ter tido a oportunidade de compartilhar um pouco da minha história e espero que, de alguma forma, eu tenha inspirado outras pessoas a serem autênticas e a buscarem o sucesso de forma equilibrada e significativa.

Paulo Siuves é escritor, bacharel em Estudos Literários pela Faculdade
de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, ex-presidente da Academia
Mineira de Belas Artes, Embaixador Cultural da Academia de Letras do
Brasil, músico e agente de segurança pública em Belo Horizonte, e escreve
semanalmente para o Jornal Clarín Brasil

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