Quando toco, sinto que estou contribuindo para a harmonia do mundo, trazendo um pouco de paz e beleza para aqueles que ouvem.
Jornal Clarín Brasil JCB News – Brasil 28/05/23
A cada amanhecer, mergulho em um turbilhão de emoções contrastantes. Sou um guarda civil municipal, um protetor das leis e dos cidadãos, mas também sou um músico apaixonado, cuja alma encontra refúgio nas melodias que toco.
Quando coloco meu uniforme e carrego o distintivo com orgulho, sinto o peso da responsabilidade que recai sobre meus ombros. Patrulhar as ruas, garantir a segurança e promover a ordem é o meu dever. O olhar vigilante e os passos firmes refletem minha dedicação em servir e proteger.
Em meio a uma noite sombria, a dualidade da minha existência como guarda civil municipal e músico se manifestou de forma intensa. Enquanto caminhava pelas ruas silenciosas, o som de uma briga emergiu de um beco escuro. Com a adrenalina pulsando, aproximei-me cautelosamente, minha farda representando a autoridade que eu representava. Com habilidade e calma, intervim na ocorrência, separando os envolvidos e buscando acalmar os ânimos exaltados. Minha voz firme ecoava pela escuridão, enquanto meu treinamento como guarda civil me permitia aplicar técnicas de mediação. Em meio à tensão, senti uma melodia surgindo em minha mente, uma canção de paz e harmonia que buscava acalmar os corações agitados. Cantando suavemente, as notas musicais preenchiam o ar, dissipando a raiva e transformando a energia negativa em serenidade. Assim, com a dualidade das minhas habilidades, consegui trazer um desfecho pacífico para a ocorrência, utilizando minha atuação como guarda civil municipal e minha paixão pela música para promover a segurança e a paz naquela noite.
No entanto, quando a noite cai e os holofotes iluminam o palco, a dualidade emerge com força total. Sou um músico, um intérprete que compartilha sua alma através das notas musicais. Cada acorde, cada melodia é uma expressão do meu ser mais profundo, transcendendo as barreiras da linguagem e tocando diretamente os corações daqueles que ouvem.
Enquanto patrulho as ruas, ouço os sons da cidade. Cada buzina, cada conversa animada nas calçadas é uma sinfonia urbana que ecoa em meus ouvidos. Essas melodias urbanas se misturam com as batidas do meu coração, inspirando-me a criar, a compor minha própria trilha sonora para a vida que protejo.
A dualidade entre ser guarda civil municipal e músico é desafiadora. Em certos momentos, sinto o peso das responsabilidades do meu trabalho, a pressão de garantir a segurança e lidar com as adversidades do dia a dia. Mas quando seguro meu instrumento musical, todas as preocupações se dissipam. Ali, nas notas e acordes, encontro uma sensação de liberdade e plenitude que me envolvem completamente.
A música me permite expressar sentimentos que as palavras não podem capturar. Ela transcende fronteiras, culturas e diferenças. É uma linguagem universal que une pessoas e toca suas almas. Quando toco, sinto que estou contribuindo para a harmonia do mundo, trazendo um pouco de paz e beleza para aqueles que ouvem.
A dualidade entre ser guarda civil municipal e músico não é apenas uma divisão de tempo e esforço, mas uma fusão de identidades. Cada faceta enriquece a outra, trazendo uma perspectiva única para ambas as áreas da minha vida. Minha dedicação em proteger e servir influencia minha música, dando-lhe um propósito maior. E a música, por sua vez, me dá força e inspiração para enfrentar os desafios da minha profissão.
Apesar das demandas e desafios que a dualidade apresenta, eu abraço essa combinação única de ser guarda civil municipal e músico. É a harmonia entre esses dois papéis que me torna completo, que me permite contribuir para o bem-estar da sociedade de maneiras diferentes. Cada dia é uma oportunidade de encontrar equilíbrio entre o dever de proteger e a paixão de tocar, unindo forças para criar uma melodia de serviço e arte, deixando uma marca duradoura no mundo.
Paulo Siuves nasceu em julho de 1971 na cidade de Contagem, Minas Gerais e é bacharel em Letras pela UFMG. Além disso, ele é autor de dois livros e organizador de coletâneas. Atua como servidor público municipal e faz parte da Banda de Música da Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte. Paulo Siuves é colunista nos jornais Clarin Brasil e Cultural Rol. Ele possui um Ph.I. em Filosofia Universica e um Dr.H.C. em literatura. Paulo Siuves é ex-presidente e membro fundador da Academia Mineira de Belas Artes (AMBA), e também é membro da Academia de Letras do Brasil nas seccionais Suíça, Minas Gerais (RMBH) e Campos dos Goytacazes/RJ, além de pertencer a muitas outras academias.