Se fizermos um recorte sobre grandes paralisações, o Brasil está ficando escolado em choro de criança pobre, chora de fome, dorme e acorda com fome.
Jornal Clarín Brasil JCB News – Brasil 07/08/23
As manifestações pós eleições 2022 lembram as manifestações iniciadas pelos protestos do Movimento Passe Livre contra o aumento das tarifas de ônibus, trens e metrô em São Paulo, em 2013. Começou por causa de vinte centavos de aumento na passagem, cresceu com a indignação geral e acabou como se fosse só um carnaval com os Black Blocs nas ruas.
Se fizermos um recorte sobre grandes paralisações, o Brasil está ficando escolado em choro de criança pobre, chora de fome, dorme e acorda com fome.
Em junho de 2013, foram os protestos iniciados pelo MPL, em São Paulo, as ocupações levaram mares de gente às ruas e para o teto do congresso. Resultado? uma das respostas à manifestações contra a construção dos estádios parta a Copa do Mundo 2014 foi o programa Mais Médicos, com a vinda de médicos cubanos, pela presidente Dilma Rousseff.
Em 2016, foi a vez dos caminhoneiros liderarem as manifestações. Sem combustível nos postos, o Brasil praticamente parou. Houve grandes adesões. Resultado, corte na educação e na saúde, por Michel Temer, para conseguir reduzir os combustíveis e acabar com a paralisação.
Assistimos outras paralisações menores, com participação da população em todo o país, por exemplo, como a ocupação das universidades federais pelos estudantes, foram manifestações com pouquíssimos resultados efetivos. Talvez a manifestação que não chegou a ser mega e que teve a maior força de efetividade, foi a que resultou na eleição de Jair Bolsonaro, e essa manifestação com resultado tão satisfatório se mostrou uma grande frustração, permitindo posteriormente o retorno de Lula num espaço de tempo bem curto.
As manifestações contra o governo Lula foram muitas. Escândalo do Mensalão, escândalo dos Bingos, escândalo dos Cartões Corporativos, além dos “casos” eventuais. Agora, assistimos essas manifestações em favor do presidente derrotado, como se o problema fosse do governo, não de cada cidadão que não se corrige e continua praticando a corrupção nossa de cada, aquela mania de dar um jeitinho para cada dificuldade que se impõe durante nossas vidas. A multa de trânsito que chega e queremos tentar reverter como se não tivéssemos dolo pela ação que resultou na punição financeira, ou comprando aquele aparelho que desbloqueia os canais de TV a cabo para assistir sem pagar ao conteúdo que a maioria precisa pagar.
Talvez seja melhor não cutucar essas manias de utilizar de subterfúgios para obter benefícios ou acessos que não são gratuitamente acessíveis. Talvez a mídia tenha razão; talvez o brasileiro tenha, realmente, memória curta mesmo.
Paulo Siuves nasceu em julho de 1971 na cidade de Contagem, Minas Gerais, e é bacharel em Letras pela UFMG. Além disso, ele é autor de dois livros e organizador de coletâneas. Atua como servidor público municipal e faz parte da Banda de Música da Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte. Paulo Siuves é colunista nos jornais Clarin Brasil e Cultural Rol. Ele possui um Ph.I. em Filosofia Universal e um Dr.H.C. em literatura. Paulo Siuves é ex-presidente e membro fundador da Academia Mineira de Belas Artes (AMBA) e também é membro da Academia de Letras do Brasil nas seccionais Suíça, Minas Gerais (RMBH) e Campos dos Goytacazes/RJ, além de pertencer a muitas outras academias.
As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do Jornal Clarín Brasil – JCB News, sendo elas de inteira responsabilidade e posicionamento dos autores”