Por vezes, a mensagem torna-se o abraço que não podemos dar, o ombro virtual onde repousamos nossas aflições
Jornal Clarín Brasil JCB News – Brasil 06/10/23
No mundo contemporâneo, o tecido das relações humanas parece ter ganhado novas cores e nuances. O tempo, outrora um fator preponderante na construção da amizade, agora se dobra e se estica para se adaptar às mensagens que piscam na tela de nossos dispositivos. São as amizades digitais, forjadas em um universo de pixels e caracteres.
Os encontros pessoais, outrora regados a risos, abraços e olhares profundos, têm cedido espaço à rapidez da comunicação instantânea. Amigos, agora convertidos em avatares luminosos, desfilam pela tela do celular, trazendo consigo as memórias compartilhadas, as piadas internas e os momentos marcantes. São laços que se mantêm, mesmo que a distância física cresça.
A cadência das conversas muda, os “bips” substituem as risadas espontâneas, mas a essência das amizades permanece. Compartilhamos nossas vitórias e derrotas, nossas alegrias e tristezas, sem nunca realmente nos encontrarmos. Por vezes, a mensagem torna-se o abraço que não podemos dar, o ombro virtual onde repousamos nossas aflições.
A maré dos sentimentos online, no entanto, tem suas cruezas. O “visto” que não chega, o “online” que não se traduz em resposta, fazem emergir angústias modernas. A tecnologia, que deveria aproximar, por vezes parece distanciar. Afinal, que amizade é essa que cabe em caracteres, sem a linguagem silenciosa das expressões faciais e dos gestos?
A resposta, como um quebra-cabeça em constante mutação, talvez permaneça à mercê das interpretações. Porém, uma coisa é certa: as amizades digitais vieram para ficar, como um novo capítulo na história da convivência humana. Elas nos lembram que a amizade é fluida, adaptável, e que os laços que cultivamos no ciberespaço podem ser tão reais quanto os que nascem no toque das mãos.
Portanto, em um mundo onde as palavras viajam mais rápido do que a luz, onde as conexões se multiplicam em cliques e emojis, talvez a verdadeira essência da amizade seja a capacidade de estar presente, mesmo quando ausente, de sorrir através das palavras, e de lembrar que o coração humano, independentemente do meio, sempre busca conexão, pertencimento e amor.
Paulo Siuves
Paulo Siuves nasceu em julho de 1971 na cidade de Contagem, Minas Gerais, e é bacharel em Letras pela UFMG. Além disso, ele é autor de dois livros e organizador de coletâneas. Atua como servidor público municipal e faz parte da Banda de Música da Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte. Paulo Siuves é colunista nos jornais; Jornal Clarin Brasil e Cultural Rol. Ele possui um Ph.I. em Filosofia Universal e um Dr.H.C. em literatura. Paulo Siuves é ex-presidente e membro fundador da Academia Mineira de Belas Artes (AMBA) e também é membro da Academia de Letras do Brasil nas seccionais Suíça, Minas Gerais (RMBH) e Campos dos Goytacazes/RJ, além de pertencer a muitas outras academias.
As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do Jornal Clarín Brasil – JCB News, sendo elas de inteira responsabilidade e posicionamento dos autores”
Eu entendo que existe amizade entre pessoas virtuais, mas uma real amizade passa disso, trocar um olhar cara a cara , tocar o outro e sentir o seu calor vem estreitar qualquer relacionamento.
Então essa conexão para terminar em simpatia e amizade tem que ser no olhar , ali define se é possível ou não manter um amigo.
Difícil de definir mas só conhecemos o outro no tato… se vai ou racha…