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Mauro Cid afirma que o ex-presidente Jair Bolsonaro ordenou fraude em cartões de vacina

Em delação premiada, o militar admitiu seu envolvimento e disse que o ex-presidente foi o mandante do esquema

Jornal Clarín Brasil – JCB News – Brasil 25/10/2023

O tenente-coronel Mauro Cid afirmou à Polícia Federal (PF) que Jair Bolsonaro (PL) ordenou a criação de certificados falsos de vacinação contra a Covid-19. O ex-ajudante de ordens da Presidência da República admitiu seu envolvimento na fraude dos cartões de vacina e disse que o ex-presidente foi o mandante do esquema. A revelação de que estava “apenas cumprindo ordens” ocorreu através de delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), conforme o UOL divulgou nesta segunda-feira (23).

De acordo com a investigação que está em andamento, em dezembro de 2022, alguém inseriu registros falsos no sistema do Ministério da Saúde em nome de Bolsonaro e da filha caçula do ex-presidente. Em um de seus depoimentos, como parte do seu acordo de colaboração, Mauro Cid confessou sua participação no ato fraudatório. Além disso, também vinculou o ex-presidente diretamente ao esquema. Porém, o relato de Cid contraria a versão de Bolsonaro, que disse à PF desconhecer o episódio.

Cid desmente Bolsonaro

Em maio de 2023, Bolsonaro declarou que nunca orientou as fraudes nos cartões de vacinação para seu uso ou de familiares. Porém, Mauro Cid desmentiu Bolsonaro e agora a PF busca materialidade nas informações prestadas pelo militar. A investigação sobre os certificados falsos de vacina é uma das mais avançadas na PF envolvendo o ex-presidente da República. Já haviam provas suficientes sobre o esquema de fraudes, mas a PF ainda buscava identificar a participação de Jair Bolsonaro nos fatos.

A apuração teve início com a descoberta de diálogos no celular de Mauro Cid que mostravam como o tenente-coronel acionou diversos contatos para solicitar a inserção dos dados falsos de vacina. O objetivo da manobra seria burlar as exigências de comprovação da vacinação para entrada em países estrangeiros. Com base nessas informações, a PF deflagrou em maio a Operação Venire, cumprindo a prisão preventiva de Cid e outros alvos. O ex-ajudante de ordens só foi solto em setembro, depois que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, homologou seu acordo de delação premiada.

Defesa nega acusação

Ao UOL, o advogado e ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten negou a acusação. “Eu garanto que o presidente nunca pediu nem pra ele, nem para a filha dele. Até porque o mundo inteiro conhece a posição dele sobre as vacinas, e o visto dele, como presidente da República, não necessitava de comprovante de vacina. A filha menor de idade também não tinha necessidade, razão pela qual não fez qualquer pedido ao tenente-coronel Mauro Cid sobre os certificados”, afirmou

Além disso, aliados do ex-presidente afirmaram à CNN que a confiança em Mauro Cid não muda mesmo após a revelação de novos detalhes da delação do militar. A estratégia segue sendo evitar confronto com as versões do ex-ajudante de ordens e tratar as notícias como “suposições”. Ainda de acordo com interlocutores, Bolsonaro não tinha tempo de tratar de assuntos operacionais e de execução de tarefas. O argumento é que assessores como Cid tinham suas responsabilidades e tomavam suas iniciativas.

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