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Notas da Existência Na Sinfonia da Vida – Por Paulo Siuves

Enquanto tocamos nosso próprio instrumento, devemos estar afinados
com as notas que ecoam ao nosso redor.

Notas da Existência Na Sinfonia da Vida


Chegamos nesse mundo como quem estava nos bastidores aguardando ansioso pela
subida ao palco. Com gritarias e vivas, com júbilos e diante de olhos atentos, nos
apresentamos para esse show tumultuado que é viver. Cada um de nós é um músico
em um grande espetáculo da existência. Cada dia se desdobra como uma nova nota,
uma nova harmonia na melodia de nossa jornada. Olhamos para trás e vemos a
introdução, uma composição de memórias e experiências que nos trouxeram até aqui.
Contudo, o coda, o desfecho majestoso, permanece um mistério, aguardando sua
revelação na vastidão do futuro. Mas aqui, no presente, estamos imersos na execução
da composição, tocando as notas que reverberam nossa narrativa pessoal.
Somos mais do que meros músicos; somos os artífices de nossa própria música.
Assim como um virtuoso flautista ou um habilidoso baixista, cada técnica musical que
escolhemos, cada ação que empreendemos, é uma nota em nosso concerto pessoal.
Cada nota, seja ela consonante ou dissonante, contribui para a riqueza e
complexidade de nossa sinfonia interior.
Todavia, como em toda obra-prima, há momentos de sons desagradáveis. Tocamos
“notas erradas” que reverberam pela sala de concertos de nossas vidas. Mas é na
resolução dessas dissonâncias que encontramos a verdadeira harmonia. Cada erro é
uma oportunidade de aprendizado, uma chance de afinar nosso instrumento e
aprimorar nossa performance.
Mas, somos tentados pela ansiedade das notas futuras! O desconhecido ecoa como
um trecho distante na partitura, uma promessa e um desafio que aguardamos chegar.
No entanto, é no presente que nossa música ganha vida. É preciso resistir à tentação
de nos perdermos olhando as notas que já passaram, já foram tocadas; já foi.
Também resistir ao impulso da angústia de não ceder ao ver chegar as melodias do
amanhã e, em vez disso, encontrar a tranquilidade na cadência do agora.
E que sinfonia seria completa sem a harmonia dos outros músicos e seus
instrumentos? Enquanto tocamos nosso próprio instrumento, devemos estar afinados
com as notas que ecoam ao nosso redor. Somos todos parte de uma grande
orquestra. É na interseção de nossas vidas que encontramos a verdadeira magia da
existência – na comunhão de almas, na partilha de experiências, na celebração da
diversidade humana.
Nossa jornada é conduzida por um regente divino, um maestro maior que dá forma à
nossa sinfonia pessoal. Mas somos nós, os músicos da vida, que tocamos as notas,
que moldamos a melodia que ecoa através dos tempos. Nossos amigos, nossos entes
queridos, são ao mesmo tempo espectadores em nossa plateia e também nossos
companheiros de palco, nossos parceiros de naipes, nossos cúmplices na aventura da
existência.
E assim, enquanto a sinfonia da vida se desdobra diante de nós, somos lembrados da
beleza efêmera da experiência humana. Cada nota, cada acorde, é uma dádiva
preciosa, uma oportunidade de criar, de amar, de viver plenamente. Que possamos,
então, abraçar essa jornada com coragem e gratidão, e o meu desejo é que a música
de nossas vidas ressoe para sempre nos corredores do universo.

Paulo Siuves nasceu em julho de 1971 na cidade de Contagem, Minas Gerais, e é bacharel em Letras pela UFMG. Além disso, ele é autor de dois livros e organizador de coletâneas. Atua como servidor público municipal e faz parte da Banda de Música da Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte. Paulo Siuves é colunista nos jornais; Jornal Clarin Brasil e Cultural Rol. Ele possui um Ph.I. em Filosofia Universal e um Dr.H.C. em literatura. Paulo Siuves é ex-presidente e membro fundador da Academia Mineira de Belas Artes (AMBA) e também é membro da Academia de Letras do Brasil nas seccionais Suíça, Minas Gerais (RMBH) e Campos dos Goytacazes/RJ, além de pertencer a muitas outras academias.

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