Brasil Internacional Mercados/Negócios

Mulher na diplomacia – Embaixadora da Malásia no Brasil abre caminhos para que outras mulheres possam trilhar e também brilhar na carreira diplomática

Um sonho que se tornou realidade. 

Por ser considerado o mês da mulher, sendo comemorado o Dia Internacional da Mulher em 8 de março (data oficializada pela ONU em 1975, porém comemorada desde o início do século 20), o mês é dedicado e celebrado na Alemanha, Estados Unidos, Austrália, Reino Unido, França, e muitos outros países, como o Mês da História da Mulher.

Como em mais de 100 países, no Brasil, também se comemora a data, e homenageia as mulheres do mundo inteiro. Sendo assim, o Jornal Clarín Brasil, seguindo sua tradição de promover a igualdade, justiça e contribuição para o bem das relações humanas, também presta a sua homenagem, registrando em suas páginas histórias de mulheres que contribuiram, e contribuem para o avanço desse necessário equilíbrio evolutivo entre os povos.

PRESIDENTE LULA RECEBE 12 NOVOS EMBAIXADORES NO PALÁCIO DO PLANALTO

Na pauta de hoje, fazemos menção pertinente, do marcante dia 24 de maio de 2023, que foi um dia histórico para a diplomacia brasileira, pois, foi quando o presidente da República Federativa do Brasil, Sr. Luís Inácio Lula da Silva, no cumprimento de suas funções presidenciais, recebeu no Palácio do Planalto, 12 novos embaixadores de países amigos do Brasil, enviados por seus respectivos governos. Dentre os notáveis, apresentava-se também, Sua Excelência, Gloria Corina Anak Peter Tiwet, designada pelo governo de seu país para desempenhar a função de Embaixadora da Malásia no Brasil.

O dia que foi marcante para o Brasil, também entrou para os registros diplomáticos da Malásia, pois, pela segunda vez, uma mulher era enviada para representar o país neste outro lado do globo terrestre, recomendada pelo Rei e seu povo, os malaios, um país composto por uma população de cerca de 33 milhões de habitantes, que em sua maioria são seguidores do islamismo sunita, havendo também uma minoria cristã, dividida entre católicos e protestantes, além de budistas e hinduísta, uma vez que três grupos etnicos (malaios, chineses e indianos) compõem aquela nação, um povo diverso, multi-racial, multi-cultural e multi-religioso, que convive em exemplar harmonia em todas as esferas daquela sociedade.

A língua oficial do país é o malaio, com variações regionais, e a moeda corrente é o ringgit. As fronteiras da Malásia são, ao norte, a Tailândia e o Brunei; a leste, os mares de Sulu e Celebes; a sul, a Indonésia, e a oeste, o estreito de Malaca.

Malásia – Um exemplo de inclusão

A nomeação e envio da Embaixadora, chamou atenção da mídia local, que até então, por desconhecimento, pouco destacava a cultura e tradições da Malásia, que é uma grande parceira do Brasil, desde o ano de 1959, apenas 02 anos após adquirir sua independência e mudança de “statu” colonial, para país soberano em sua auto condução, já que no século XVIII tornou-se colônia do Império Britânico, alcançando sua independência, especificamente no dia 31 de agosto de 1957, e desde então, protagonizando-se no cenário econômico mundial, membro importante da ASEAN ( Sigla em inglês para: Associação de Nações do Sudeste Asiático), se relacionando com as principais economias mundias, produzindo tecnologia de ponta, e produtos apreciados nos quatro cantos da terra.

A mulher na Malásia

A Malásia é uma federação de treze estados e três territórios federais. Nove dos estados são chefiados por sultões, o outros quatro por governadores nomeados pelo rei, conhecido como Yang Dipertuan Agong (YDPA), que em nossa língua é traduzido como: “Aquele que é feito senhor supremo“. O YDPA é eleito de entre os sultões pelo Conselho de Governantes formado pelos próprios sultões. O cargo é alternado entre eles por um mandato de cinco anos. O YDPA governa com o conselho do primeiro-ministro e os sultões governam em seus vários estados com o conselho de seus ministros-chefes.

A Malásia é uma monarquia constitucional que segue um sistema de democracia parlamentar.
O primeiro-ministro e os ministros-chefes são eleitos pelo povo através de eleições gerais realizadas regularmente a cada cinco anos.

Mulheres na política da Malásia
Por se tratar de um país tradicional, porém, ao mesmo tempo vanguardista, desde o início do presente século, a Malásia vem gradativamente abrindo espaço para a participação das mulheres em suas esferas de poder, em 2002, o país contava com três mulheres em cargos ministeriais plenos: a Ministra da Mulher e do Desenvolvimento Familiar, a Ministra do Comércio Internacional e Indústria e Ministra do Bem-Estar e Unidade Nacional. Além de outras mulheres ocupando outros cargos governamentais significativos que incluem vice-ministras, secretárias políticas, diplomatas, altas funcionárias públicas
servidoras, membros eleitas de várias assembléias estaduais e senadoras no Dewan Negara (Senado).

No Dewan Rakyat (Assembléia Legislativa), no início deste século, já haviam 20 deputadas, de um total de 193, mostrando que, se o número de deputadas eleitas forem um indicador, vem acontecendo uma lenta, porém positiva melhoria do estatuto e da posição das mulheres na política malaia.
A presença das mulheres no processo de tomada de decisão da Malásia ainda não alcançou um patamar pleno e satisfatório, mas ano após ano, a política e cultura do país vem desenvolvendo e capacitando mulheres, de todos os grupos, religiões e regiões do país, incluindo-as no contexto de decisões, e enriquecendo a vocação democrática do país, já que não existirá democracia plena, sem que as mulheres participem das tomadas de decisões em qualquer governo.

A história sendo construída

A materialização e consolidação desses avanços da Malásia, em promover e incluir as mulheres em suas pastas governamentais e diplomáticas, hoje, uma realidade que ultrapassa o fator gênero, pois, a Chefe da Missão Diplomática, além de ser uma mulher, traz consigo, o orgulho de sua origem etnica, religiosa e regional, pois, a Embaixadora não somente representa a Malásia em um todo, como também a seu grupo etnico, o povo Bidayuh do estado de Sarawak, sendo ela, além de tudo, proveniente de uma família e prática católica, características e particularidades essas, que chamou a atenção dos principais jornais de seu país, que destacaram já em 2018, a nomeação da primeira mulher do povo Bidayuh (‘habitantes da terra”), a ocupar um cargo de tamanha relevância, o de Alta Comissária da Malásia, sendo enviada no mesmo ano para a República da Nigéria, onde atuou de 2018 a 2022, havendo também servido em outras missões diplomáticas da Malásia em Estocolmo (Suécia); Buenos Aires (Argentina); e Santiago (Chile).

VIDA E CARREIRA

Nascida em 1972, Gloria Tiwet é a quarta de uma família católica, composta por seis filhos do casal, Sr. Peter Tiwet e Sra. Lucy Rippiang, os pais oriundos de Singai, Bau, respectivamente, ambos, distritos do estado de Sarawak, na Malásia. Ela e seus irmãos cresceram e foram educados em Kuching, a maior e mais importante cidade da região.  A menina, Glória recebeu sua educação primária e secundária na SRB e SMB St Teresa, respectivamente, seguindo após o 6º ano para a escola de St Joseph, continuando sua formação em Ciência Política na famosa Universiti Sains Malaysia (USM), Penang.

Em 2018, Gloria Corina Peter Tiwet recebeu sua Carta de Credencial do Yang di-Pertuan Agong, Sultão Muhammad V, em uma cerimônia realizada em 2018 em Istana Negara. (BERNAMA)

A hoje, Exa. Embaixadora, Sra. Gloria Corina Tiwet, em suas entrevistas, revela que sempre acreditou que a educação seria o caminho a seguir. Seus pais, óbviamente desempenharam um papel importante em nesta vida de sucesso que hoje assistimos e aplaudimo. “Quando eu era mais jovem, meus pais, especialmente meu pai, cuidavam para que fôssemos proficientes em inglês”, lembra a Embaixadora. “À noite, assistíamos ao noticiário em inglês, líamos jornais ingleses e jogávamos scrabble”, jogo que lembra o “Palavra-Cruzada” do Brasil, e que auxilia e muito na fixação das palavras e enriquecimento do vocabulário.

Gloria Corina em vestes tradicionais do povo Bidayuh – Imagem: Arquivo pessoal

Em palavras da Embaixadora, o ambiente familiar onde ela fora educada, era de fato propício para o desenvolvimento cultural, religioso e intelectual para os membros da família, a ponto de um programa de televisão haver despertado nela ambições de ascensão acadêmica e profissional, quando, segundo ela, assistiu aos 09 anos de idade, uma cena que despertou-lhe o interesse por ocupar postos elevados, e que não era somente um sonho de menina; “Eu vi uma senhora recebendo um pergaminho de Sua Majestade o Rei. Á partir daquele momento, eu também queria ser como aquela senhora ao conhecer o rei, aquela cena ficou fixada em minha memória”, disse a Embaixadora, que continuou a perseguir a ambição de se tornar como aquela senhora que viu na televisão, o sonho que se tornou em realidade. 

Desde aquela longínquo programa até os dias de hoje, foram necessários alguns anos de dedicação aos estudos, aperfeiçoamentos, superações, abstenções, privações, e por fim, a concretização da carreira brilhante que assistimos hoje.

A Escola Secundária Nacional de Santa Teresa, onde a aluna Gloria realizou seus estudos secundários ( 1985 – 1989), é uma escola só para meninas em Kuching, capital do estado de Sarawak, no leste da Malásia. Foi fundada em 1885 – Imagem: Reprodução
  
A Escola de São José, em Kuching, fundada em 1882, para fornecer educação básica, sabendo que a educação é um fator importante na construção de uma nação, foi também importante na formação inicial da Embaixadora Gloria Tiwet nos anos de 1990 e 1991- Imagem: Reprodução

Além da graduação inicial, a Embaixadora possui mestrado em Segurança Global pela Cranfield University no Reino Unido e ingressou no serviço público como Oficial Administrativa e Diplomática em 1996. Antes de ocupar a ilustre função de Embaixadora e receber a nomeação das mãos de vossa Alteza real, tal como em seus sonhos de infância, Glória ocupou a função de Alta Comissária da Malásia na República da Nigéria de 2018 a 2022, havendo também servido em outras missões diplomáticas da Malásia em Estocolmo (Suécia); Buenos Aires (Argentina); e Santiago (Chile).

No Ministério das Relações Exteriores, atuou como Diretora do Escritório Regional de Sarawak e Diretora da Secretaria Principal de Logística da ASEAN, em 2015. Além disso, assumiu vários cargos no Instituto de Diplomacia e Relações Exteriores, Divisão de Desenvolvimento, Divisão Multilateral de Economia e Meio Ambiente e Divisão de Informação.

Ao concluir a entrevista ao Jornal Clarín Brasil, Sua Exa. a Embaixadora Gloria Tiwet, reforçou que; “Toda essa trajetória e brilhantismo até o momemnto, se fez,e se conseguiu, através da EDUCAÇÃO“, salientando, que, sem o acesso a educação seria impossível chegar até onde ela chegou, e por isso, ela faz questão de que outras meninas também tenha acesso por este caminho, e possam ocupar postos de relevância em qualquer sociedade.

A Embaixada da Malásia encontra-se aberta de segunda á sexta – 09:00 ás 17:00hs

Endereço

  • SHIS QI 5 chácara 62 – Lago Sul. Brasilia, DF CEP: 70.477-900 – Brasil

Telefone (+55) 61 3248 5008 – (+55) 61 3248 6215

Fax

  • (+55) 61 3248 6307

E-mail

Sítio eletrónico

https://www.google.com/maps/place/15%C2%B051’07.3%22S+47%C2%B054’05.1%22W/@-15.85202,-47.90142,1538m/data=!3m1!1e3!4m4!3m3!8m2!3d-15.85202!4d-47.90142?hl=pt-BR&entry=ttu

Visto, passaporte e serviços consulares

A embaixada da Malásia em Brasília poderá oferecer assistência consular aos seus cidadãos e serviços consulares gerais. Os seguintes serviços consulares podem estar disponíveis:

Entre em contacto com a embaixada diretamente para confirmar quais serviços são oferecidos.

Regras de vistos para a Malásia

Os cidadãos do Brasil não necessitam de visto para entrar na Malásia. Entre em contacto com a embaixada da Malásia em Brasília para informações sobre seus serviços de vistos.

Curta,compartilhe e siga-nos:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *