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IMPÉRIO DA SOLIDÃO – Dr. Paulo Siuves

Paredes espessas abafam qualquer som do exterior, e janelas enormes de vidros blindados parecem fornecer apenas vislumbres fugazes do mundo lá fora.

IMPÉRIO DA SOLIDÃO

Por Dr. Paulo Siuves

A solidão reina suprema, moldando a sociedade, a cultura e a psique individual. Em um futuro distópico, a solidão se torna a moeda dominante, governando cada aspecto da vida da população. A interação humana é severamente restrita, e o contato físico é um luxo raro e proibido para a maioria. A capital do Império da Solidão é uma metrópole fantasma, um labirinto de arranha-céus imponentes e ruas vazias. Os cidadãos circulam como autômatos olhando para telas de celulares ou tablets, cada um em sua própria bolha de isolamento. O silêncio é ensurdecedor, quebrado apenas pelo som ocasional de passos solitários ou pelo murmúrio de vozes que ecoam dos aplicativos de mensagens instantâneas etéreas como o próprio vento.

As casas são fortalezas da solidão, projetadas para minimizar a interação humana. Paredes espessas abafam qualquer som do exterior, e janelas enormes de vidros blindados parecem fornecer apenas vislumbres fugazes do mundo lá fora. Cada indivíduo vive em seu próprio microcosmo, privado da companhia de outros e condenado a uma existência solitária. O trabalho se torna uma atividade solitária e monótona. Os trabalhadores se reúnem em fábricas e escritórios, mas a comunicação é proibida. Cada um executa suas tarefas em silêncio, seus rostos escondidos atrás de máscaras que impedem o contato visual. A colaboração e o trabalho em equipe são coisas do passado, substituídas por uma eficiência impessoal e fria. O trabalho remoto é cada vez mais incentivado, por muitos desejado.

O entretenimento também se adapta à era da solidão. Realidade virtual e inteligência artificial fornecem companhia simulada, mas apenas intensificam o isolamento real. As pessoas se perdem em mundos digitais, incapazes de formar conexões genuínas com outros seres humanos. O amor se torna um crime no Império da Solidão. A proximidade física e o afeto emocional são vistos como ameaças à ordem social. Os casais parecem ser obrigados a viver separados, e qualquer demonstração pública de afeto é punida severamente. A troca de qualquer fluido entre humanos é considerada crime capital, uma ameaça à saúde pública. Estamos vivendo no Império da Solidão, é preciso apenas obedecer à ordem imposta.

As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do Jornal Clarín Brasil – JCB News, sendo elas de inteira responsabilidade e posicionamento dos autores”

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