Ex-pugilista sofria de encefalopatia traumática crônica e vivia em casa de repouso desde 2017
Jornal Clarín Brasil – JCB News – Brasil 24/10/2024
Morreu nesta quinta-feira, 24 de outubro de 2024, aos 66 anos, o ex-boxeador José Adilson Rodrigues dos Santos, mais conhecido como Maguila. O lendário pugilista foi vítima de demência pugilística, um tipo de encefalopatia traumática crônica (ETC), diagnosticada em 2013. Maguila, que vivia em uma casa de repouso desde 2017, teve sua morte confirmada por Irani Pinheiro, sua esposa, durante entrevista ao programa Balanço Geral, da Record TV.
Carreira no boxe: De promessa a campeão mundial
Maguila nasceu em 11 de julho de 1958, em Aracaju, Sergipe, e se destacou no boxe a partir dos anos 1980. O início da carreira foi impulsionado pelo narrador esportivo Luciano do Valle, que o ajudou a ser treinado por Angelo Dundee, técnico de lendas como Muhammad Ali e George Foreman. O pugilista conquistou 14 vitórias consecutivas entre 1983 e 1985, permanecendo invicto por dois anos e levando o Campeonato Sul-Americano dos pesos-pesados.
Em 1995, Maguila obteve um dos maiores feitos da carreira ao se tornar campeão mundial da Federação Mundial de Boxe (FMB), ao derrotar o britânico Johnny Nelson na decisão por pontos. Ele encerrou sua carreira profissional em 2000, após ser nocauteado pelo também brasileiro Daniel Frank.
Cartel e momentos marcantes
Maguila acumulou um impressionante cartel de 85 lutas, com 77 vitórias, um empate e apenas sete derrotas. Ele enfrentou grandes nomes da modalidade, como Evander Holyfield e George Foreman, mas acabou derrotado por ambos. Contra Holyfield, disputou o cinturão do Conselho Mundial de Boxe (CMB), sendo nocauteado.
A vida além dos ringues
Fora do boxe, Maguila teve uma presença marcante na mídia e na cultura popular. Trabalhou como comentarista esportivo e foi figura frequente na televisão, integrando o elenco do Show do Tom, na Record TV. Em uma faceta menos conhecida, lançou um álbum de samba chamado “Vida de Campeão” e tentou carreira na política ao se candidatar a deputado federal em 2010, pelo PEN, mas não foi eleito.
Maguila ficou conhecido também por seu carisma e pela figura folclórica que representava para os brasileiros. Seu apelido, inspirado em um personagem de desenho animado, tornou-se sinônimo de força e persistência.
Diagnóstico e luta contra a doença
Desde 2013, o ex-pugilista enfrentava ETC (encefalopatia traumática crônica), uma doença neurodegenerativa associada a traumas repetidos na cabeça, comuns em ex-atletas de esportes de impacto, como o boxe. A condição é comparada ao mal de Alzheimer e foi responsável por seu declínio cognitivo nos últimos anos.
Em 2017, Maguila foi internado em uma casa de repouso, onde recebeu cuidados contínuos até sua morte. Sua história, marcada por vitórias e lutas fora e dentro dos ringues, deixa um legado inesquecível para o esporte e para a memória do boxe brasileiro.
Despedida de uma lenda
A morte de Maguila encerra o ciclo de um dos maiores nomes do boxe no Brasil. Ícone dos pesos-pesados, ele inspirou gerações e fez história ao levar a bandeira brasileira aos palcos do boxe mundial.
José Adilson Rodrigues dos Santos será lembrado não apenas por seus feitos nos ringues, mas também por sua personalidade carismática e pela paixão que demonstrava em tudo o que fazia. Seu legado vive na memória do esporte e nos corações dos brasileiros.