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CHÃO DE FÁBRICA – Por Paulo Siuves

No meio do dia, um estalo forte ecoou por toda a fábrica. A máquina de Alguém tinha dado pane. Imediatamente a rotina foi quebrada

CHÃO DE FÁBRICA 

Paulo Siuves

Era uma manhã tranquila na fábrica “DiTodos & Companhia”, onde os funcionários sempre começavam o dia com um café fresco, pão e uma conversa jogada fora. Lá estavam Todo Mundo, Alguém, Nenhum, Qualquer Um, Outro, Quem, Todos, Ninguém e até o chefe Dos Outros. Cada um tinha suas manias, mas, apesar das diferenças, a convivência fluía bem e a produção ia a todo vapor.

Certo dia, a manhã transcorria calma. O sol entrava pelas janelas da fábrica, e as máquinas operavam como se fizessem parte de uma orquestra. “Hoje o dia promete”, comentou Alguém com um sorriso. “Trabalhar com vocês é um prazer, pessoal. Todo Mundo me faz rir, como Ninguém.” Todos, que adorava uma piada, retribuíram com um sorriso. Todo Mundo se sente em paz. A rotina era pesada, mas o ambiente descontraído fazia com que o trabalho fluísse de maneira leve. Alguém sempre puxava uma lorota, e Todo Mundo participava, envolvendo qualquer um na conversa, fazendo com que as horas passassem rápido.

No meio do dia, um estalo forte ecoou por toda a fábrica. A máquina de Alguém tinha dado pane. Imediatamente a rotina foi quebrada. Todo Mundo correu para ajudar, mas Ninguém estava por perto. O Outro, sem saber ao certo o que estava acontecendo, entrou em pânico. “Isso é uma tragédia!” gritou. “Alguém, faça alguma coisa! Vai prejudicar a produção inteira!” Alguém, sempre calmo, tentava colocar ordem no caos, mas a situação só piorava. Ninguém sabia como consertar a máquina, Todos se aproximaram e o outro não parava de falar, enquanto qualquer um tentava coordenar o trabalho.

O chefe dos outros chegou para saber o que estava acontecendo. Olhou ao redor, vendo a máquina de alguém parada, e franziu a testa. Ninguém, sempre disposto a colaborar, explicou que a máquina de alguém tinha dado pane e que todo mundo estava lá tentando ajudar, mas o outro, desesperado, estava atrapalhando. Enquanto isso, o chefe dos outros suspirava, observando o caos. A cena beirava o cômico, com cada um tentando contribuir à sua maneira, mas o desespero do outro quase levava alguns dos colegas a perderem o fio da organização.

Para piorar, o patrão DiTodos chegou no meio do tumulto, exigindo saber quem era o responsável pela manutenção. “Todo Mundo estava cuidando disso?”, perguntou ele. Todo Mundo, apavorado, respondeu que era trabalho de qualquer um, e que Alguém já tinha avisado ao chefe Dos Outros que aquela máquina precisava de reparo. Sem saber ao certo quem era o verdadeiro responsável, todo mundo acabou confundindo qualquer um com alguém e começou a culpá-lo pela demora no conserto. O caos se instaurou, e Todos e qualquer um começaram a rir em meio à confusão.

No auge do desespero, Alguém teve uma ideia. “Pessoal, parem um pouco! Estamos juntos no mesmo barco. Vamos resolver isso, como sempre fazemos!” Ele sugeriu ao chefe Dos Outros que dividisse as tarefas: o Outro, que precisava tomar um ar, iria buscar as ferramentas; Todo Mundo procuraria o manual da máquina para qualquer um consertá-la, enquanto Ninguém explicava ao patrão DiTodos o que estava acontecendo, e todos ficaria responsável por organizar o espaço e garantir que nada mais saísse do controle. Após algum esforço conjunto, a máquina voltou a funcionar, e o chefe dos outros finalmente sorriu, aliviado, para todos e qualquer Um.

O Dr. Paulo Siuves nasceu em julho de 1971 na cidade de Contagem, Minas Gerais, e é bacharel em Letras pela UFMG. Além disso, ele é autor de dois livros e organizador de coletâneas. Atua como servidor público municipal e faz parte da Banda de Música da Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte. Paulo Siuves é colunista nos jornais; Jornal Clarin Brasil e Cultural Rol. Ele possui um Ph.I. em Filosofia Universal e um Dr.H.C. em literatura. Paulo Siuves é ex-presidente e membro fundador da Academia Mineira de Belas Artes (AMBA) e também é membro da Academia de Letras do Brasil nas seccionais Suíça, Minas Gerais (RMBH) e Campos dos Goytacazes/RJ, além de pertencer a muitas outras academias.

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