“A moça do caixa, protagonista relutante, segue no automático…”
Jornal Clarín Brasil JCB News – Brasil 09/12/24
Cotidianos
O leite derramado sobre a mesa
é uma tragédia particular.
Alguém suspira fundo,
recolhe os cacos de mais um dia
que ainda nem começou.
Na fila do supermercado,
uma discussão
sobre o preço do tomate
é o ato central de uma peça
sem ensaio.
A moça do caixa,
protagonista relutante,
segue no automático,
digitando as cenas do próximo cliente.
O elevador quebra
entre o décimo e o infinito,
e dois estranhos
trocam olhares que dizem:
“será que é aqui
que termina a história?”
Mas não,
o técnico chega,
e o desfecho
é só um suspiro de alívio.
À noite,
a janela aberta dá ao vento
o papel principal.
Ele entra, dança com as cortinas,
e encerra o espetáculo
num silêncio que ninguém aplaude.
A vida insiste
em escrever dramas curtos,
sem final feliz,
mas cheios de poesia.
Lin Quintino
Lin Quintino – Mineira de Bom Despacho, escritora, poeta, professora e psicóloga. Academia das quais faz parte: Academia Mineira de Belas Artes – AMBA / ANLPPB- cadeira 99, / ALPAS 21, sócia fundadora, cadeira 16; / ALTO; / ALMAS; / ARTPOP; / Academia de Letras Y Artes Valparaíso (chile); / Núcleo de Letras Y Artes de Buenos Aires; / ACML, cadeira 61 Membro da OPB e da Associação Poemas à Flor da Pele. Autora dos livros de poemas Entrepalavras e A Cor da Minha Escrita. Comendas: destaque literário da ALPAS-21, / Ubiratan Castro em 2015 pela ABRASA / Certificado pela ALAF de Destaque Literário em 2014 7 Troféu destaque Mulheres Notáveis – Cecília Meireles- Itabira/MG, 2014 Participou de várias coletâneas e antologias nacionais e internacionais.
As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do Jornal Clarín Brasil – JCB News, sendo elas de inteira responsabilidade e posicionamento dos autores”