O soft power busca conquistar corações e mentes através da cultura, dos valores e da persuasão.
Jornal Clarín Brasil JCB News – Brasil 05/01/25
Você sabe o que é Soft Power?
Por Paulo Siuves
Quando pensamos em poder, muitas vezes nos vem à mente imagens de força, coercão ou controle. Mas, e se esse poder pudesse ser exercido por meio do fascínio, da atração e do engajamento? Esse é o cerne do conceito de soft power, um termo cunhado pelo cientista político Joseph Nye. Enquanto o hard power utiliza medidas impositivas, como a força militar ou sanções econômicas, o soft power busca conquistar corações e mentes através da cultura, dos valores e da persuasão.
O soft power está presente em várias esferas: no cinema que exporta ideais, na música que atravessa fronteiras e nos valores que inspiram nações. Mas você já parou para pensar como esse conceito pode ser aplicado à segurança pública?
A Música como Ferramenta de Soft Power na Segurança Pública
Bandas de música em corporações de segurança não são apenas tradição; são potentes instrumentos de soft power. Essas bandas vão além de entreter. Elas atuam como agentes de transformação social, reforçando o senso de pertencimento e identidade comunitária, estabelecendo um diálogo significativo entre a população e as instituições de segurança pública. Por meio de apresentações e interações culturais, elas difundem valores fundamentais como respeito mútuo, cooperação e harmonia, ao mesmo tempo que criam uma plataforma para a construção de confiança e engajamento coletivo. Dessa forma, transcendem o entretenimento, consolidando-se como um elo vital no fortalecimento da cultura de paz.
Por exemplo, a Banda de Música da Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte realiza concertos didáticos em escolas, utilizando a música para ensinar sobre convivência e organização social. Analogias entre o maestro e o prefeito ou o diretor da escola ajudam crianças a entender conceitos de liderança e cooperação. Além disso, eventos comunitários com apresentações musicais criam um canal de comunicação informal entre a população e as forças de segurança, fortalecendo a confiança e o senso de pertencimento.
A música também exerce um papel preventivo. Ao engajar jovens em situação de vulnerabilidade, ela pode criar o desejo de afastarem-se de ambientes nocivos, oferecendo uma alternativa cultural e educativa. Nesse sentido, a banda não é apenas um grupo de músicos, mas uma ponte entre a segurança pública e a sociedade.
Questione o que Você Sabe
Agora, reflita: quantas vezes você viu a música ser tratada como um recurso de segurança pública? Costumamos associar segurança a viaturas, uniformes e intervenções imediatas (ações coercitivas), mas raramente pensamos em soluções que atacam as causas estruturais do problema, como a desagregação social (ações preventivas).
Se a música é capaz de ultrapassar barreiras linguísticas e culturais, por que não a enxergá-la como uma ferramenta para criar ambientes mais seguros e harmônicos? Esse pensamento encontra ressonância na filosofia de polícia comunitária, que prioriza o fortalecimento das relações entre as forças de segurança e a comunidade. Em vez de uma abordagem exclusivamente reativa, a polícia comunitária busca atuar preventivamente, promovendo diálogo, confiança e colaboração.
Nesse contexto, iniciativas como as bandas de música se tornam verdadeiros instrumentos dessa filosofia. Ao estabelecer uma conexão emocional e cultural com a população, a música transcende o papel de entretenimento, criando um espaço para o entendimento mútuo e a resolução de conflitos. É uma segurança pública construída a partir do compromisso compartilhado e do respeito à diversidade, em harmonia com os valores fundamentais da convivência comunitária.
Transforme Sons em Soluções
A música pode ser muito mais do que som; pode ser a solução. Que tal sair da posição de espectador e se engajar em iniciativas que promovam a música como instrumento de transformação social? Busque em sua cidade projetos musicais relacionados à segurança pública ou educação, participe de eventos e ajude a amplificar essas ações.
E lembre-se: o verdadeiro poder não é aquele que impõe, mas o que inspira pelo exemplo, pela conexão e pelo impacto positivo. Afinal, construir uma sociedade mais segura também é uma arte – e cada nota conta.
O Dr. Paulo Siuves nasceu em julho de 1971 na cidade de Contagem, Minas Gerais, e é bacharel em Letras pela UFMG. Além disso, ele é autor de dois livros e organizador de coletâneas. Atua como servidor público municipal e faz parte da Banda de Música da Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte. Paulo Siuves é colunista nos jornais; Jornal Clarin Brasil e Cultural Rol. Ele possui um Ph.I. em Filosofia Universal e um Dr.H.C. em literatura. Paulo Siuves é ex-presidente e membro fundador da Academia Mineira de Belas Artes (AMBA) e também é membro da Academia de Letras do Brasil nas seccionais Suíça, Minas Gerais (RMBH) e Campos dos Goytacazes/RJ, além de pertencer a muitas outras academias.
As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do Jornal Clarín Brasil – JCB News, sendo elas de inteira responsabilidade e posicionamento dos autores”