A palavra em estado de literatura…
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Jornal Clarín Brasil JCB News – Brasil 03/02/25
O que significa Isto?
Angeli Rose
Minha atenção de repente ficou voltada para a potência dos usos do advérbio de lugar “aqui”.
Pura coincidência que,talvez, nada signifique.
Aliás, isso virou piada,boa ironia, perguntar sobre uma determinada ocorrência: “- O que isto
significa?” . E o cético ou descolado responde bem humorado e com leveza que “nada!”.
Há uma década, no mínimo, os “stand up” jogam com a mania interpretativa que os psicólogos
ou psicanalistas de plantão, geralmente do boteco da esquina de fim de noite, costumavam ter:
interpretar todo tipo de situação e ocorrência,fazendo cair em descrédito a ciência antiga da
Hermenêutica.
No entanto, nesse exercício passa-tempo diante do “aqui”, confesso que fui apanhada de
surpresa pelo “aqui” e sua presença marcante em títulos e versos. E por hoje chamo a estas
linhas a 1a.obra do vencedor do Prêmio José Saramago de 2024,Francisco Mota
Saraiva,escritor português, que estreou em 2023 com o também premiado “Aqui onde canto e
ardo”(Prêmio Revelação Albertina Bessa Luís).
É a história que ronda o absurdo da morte marcou um território especial para o seu autor entre
os vitoriosos e talentosos escritores vivos e contemporâneos .
Ao lado dele na minha atenção, vêm à cabeça o filme da hora, ganhadora ”Ainda estou aqui” –
já premiada,assim como a evocação da obra homônima e inspiradora de Marcelo Rubens
Paiva. Por quê?
Porque os dois títulos,entre outros,tratam da morte,mas a morte provocada pela outro direta ou
indiretamente. Além disso, sugerem uma cartografia do subjetivo, de onde nascem os
sentimentos e,por conseguinte, a palavra em estado de literatura. São movidos pela memória
que preenche ou explica vazios dos presentes daquelas narrativas.
E num salto do pensamento analítico, permito-me dizer que “aqui” é um termo que firma a
convicção de que o espaço literário também é capaz de criar um mundo próprio através de
cada história contada.
Tal escolha me leva até a certeza de que o tempo e o espaço podem se cruzar para gerar
obras inesquecíveis, daquelas que se prolongam no horizonte da imaginação e afetam a
sensibilidade na recepção. Assim nasce um clássico…
Até a próxima!
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Angeli Rose é colunista de jornais digitais, Presidente do INSTITUTO
INTERNACIONAL CULTURA EM MOVIMENTO, fundadora do COLETIVO
MULHERES ARTISTAS, carioca, geminiana. Adora viajar, ler e praia.
Professora de Literatura, pesquisadora há mais de 25 anos. Recebeu
recentemente a Medalha de Reconhecimento Chiquinha Gonzaga da Câmara
Municipal do Rio de Janeiro, além de uma Moção de Aplausos e Louvor da
mesma “casa do povo”. Com alegria, é Embajadora Cultural das feiras virtuais
do livro, organizadas pela Confederación Del Libro Peru,entre outras atividades
e funções que exerce na cena cultural com espírito de colaboração.
As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do Jornal Clarín Brasil – JCB News, sendo elas de inteira responsabilidade e posicionamento dos autores”
Parabéns, Angeli!!! Sempre promovendo reflexões importantes e interessantes 🙏🌻