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Donald Trump ameça Brasil com Tarifaço em todos os setores

O Brasil, que exportou US$ 31,6 bilhões em produtos industriais aos EUA em 2024, segundo a Amcham, aparece como alvo potencial devido a desequilíbrios comerciais apontados pelos americanos, como no caso do etanol.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, planeja impor uma sobretaxa ampla e irrestrita a todos os bens importados do Brasil, caso o país seja incluído em um tarifaço comercial anunciado para o dia 2 de abril. A informação vem de uma fonte da Casa Branca, que revelou que a medida faz parte de uma política de tarifas recíprocas defendida pelo republicano. A decisão, ainda em análise, pode atingir toda a pauta exportadora brasileira para os EUA, sem exceções, caso o Brasil entre na lista de nações consideradas “desleais” no comércio com os americanos. O anúncio oficial está previsto para a próxima semana, em Washington, e já provoca forte preocupação no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A estratégia de Trump visa equilibrar as relações comerciais, aplicando tarifas uniformes a países que, segundo os EUA, impõem barreiras excessivas aos produtos americanos. No caso brasileiro, a queixa destacada é a tarifa de 18% sobre o etanol importado dos EUA, contra os 2,5% cobrados pelos americanos. A incerteza sobre a inclusão do Brasil no tarifaço mantém o governo e o setor exportador em alerta, enquanto tentam avaliar os impactos econômicos de uma possível restrição ao mercado americano, principal destino de produtos industriais brasileiros.

POLÍTICA COMERCIAL DE TRUMP

A política de tarifas recíprocas de Donald Trump não é novidade, mas ganha contornos mais agressivos neste novo mandato. Desde sua campanha, o presidente americano prometeu priorizar os interesses dos EUA, adotando medidas protecionistas para fortalecer a indústria local e reduzir déficits comerciais. A Casa Branca já sinalizou que o tarifaço de abril pode ser mais flexível do que o inicialmente previsto, mas fontes internas divergem sobre os critérios. Enquanto uma autoridade afirmou que fatores como manipulação de câmbio e supressão de salários serão considerados, outra sugeriu que apenas barreiras tarifárias diretas guiarão as decisões.

O Brasil, que exportou US$ 31,6 bilhões em produtos industriais aos EUA em 2024, segundo a Amcham, aparece como alvo potencial devido a desequilíbrios comerciais apontados pelos americanos, como no caso do etanol. Trump chegou a dizer, em entrevista à Newsmax, que a reciprocidade total seria “difícil para as pessoas”, indicando possíveis exceções, mas sem detalhar quais países escapariam. Esse cenário de incerteza é agravado por sinais contraditórios: o Brasil é citado em documentos oficiais como exemplo de práticas comerciais injustas, mas também mantém um déficit histórico com os EUA, o que poderia ser um argumento para evitar as sobretaxas. Enquanto isso, o governo Lula monitora os desdobramentos, ciente de que a falta de clareza dificulta a preparação para um eventual impacto econômico.

IMPACTOS E PERSPECTIVAS PARA O BRASIL

Caso o Brasil seja incluído no tarifaço de Trump, os efeitos podem ser devastadores para setores estratégicos da economia nacional. A indústria de transformação, que responde por oito dos dez principais produtos exportados aos EUA, como aeronaves e peças, seria diretamente afetada por uma tarifa linear. Em 2024, as exportações industriais brasileiras para o mercado americano movimentaram bilhões, e uma barreira comercial ampla poderia comprometer empregos e receitas. Além disso, o agronegócio, outro pilar das vendas externas, também sentiria o peso, especialmente no caso do etanol, já citado como ponto de atrito.

Analistas apontam que a abordagem “countrywide” prometida pela Casa Branca eliminaria qualquer chance de negociação setorial, forçando o Brasil a lidar com uma restrição generalizada. Por outro lado, o governo Lula tenta articular uma defesa, destacando o déficit comercial com os EUA como prova de que o país não se enquadra no perfil de “jogador sujo” do comércio global. A apreensão cresce com a possibilidade de o Brasil figurar na lista de países a ser divulgada em abril, o que intensificaria a pressão sobre as relações bilaterais. Especialistas sugerem que, além do impacto imediato, o tarifaço poderia levar o Brasil a buscar novos mercados, mas a transição seria lenta e incerta diante da dependência atual dos EUA.

O tarifaço planejado por Trump coloca o Brasil diante de um dilema econômico e diplomático. Sem perspectiva clara de negociação com Washington, o governo Lula se vê entre tentar convencer os EUA a poupar o país ou se preparar para um cenário de restrições severas ao mercado americano. A falta de definição sobre os critérios finais do tarifaço mantém o setor produtivo em suspense, enquanto o Planalto avalia estratégias para minimizar os danos. A médio prazo, a medida pode forçar uma reorientação das exportações brasileiras, com maior foco em parceiros como China e União Europeia, embora isso exija tempo e investimentos. Por enquanto, a Casa Branca segue enviando sinais mistos, o que só aumenta a tensão em Brasília. Se o Brasil escapar da lista de abril, o alívio será temporário, já que Trump já demonstrou disposição para ajustar suas políticas comerciais conforme os interesses americanos. Caso contrário, o país enfrentará um desafio econômico significativo, com reflexos que podem ir além do comércio e atingir a estabilidade financeira. A próxima semana será decisiva para entender o rumo dessa guerra comercial, mas, independentemente do desfecho, o episódio reforça a vulnerabilidade do Brasil diante das decisões unilaterais de seu maior parceiro comercial.

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