Cultura/Lazer Mercados/Negócios

No Café – Por Lin Quintino

“Mas ali dentro, no pequeno café da esquina, o tempo parecia outra coisa.”

No Café 

Lin Quintino

Na mesa do canto, o homem mexia o café sem pressa. Mexia mais por hábito do que por necessidade, como se dentro da xícara estivesse girando não só o líquido, mas também os próprios pensamentos.

A garçonete passou por ele pela terceira vez e não perguntou nada. Conhecia aquele olhar distante, aquele gesto repetitivo. Gente assim precisava de tempo, não de companhia.

A cidade lá fora pulsava como um organismo vivo, ônibus arfando nos pontos, buzinas como batimentos cardíacos, gente se esbarrando sem pedir desculpas. Mas ali dentro, no pequeno café da esquina, o tempo parecia outra coisa. Um fio de fumaça subia da xícara, e o homem o seguia com os olhos, como se esperasse que lhe dissesse algo.

Talvez fosse a última vez que bebia café ali. Ou talvez não. A verdade é que nunca sabemos quando algo acontece pela última vez. Mexia o café sem pressa, porque, de repente, percebeu que pressa é coisa de quem acha que tem tempo.

E então, simplesmente, bebeu e saiu…

Lin Quintino

Curta,compartilhe e siga-nos:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *