Cultura/Lazer Mercados/Negócios Saúde/Bem estar

O Sabor da Fé: Frutas e Tradição na Semana Santa Mineira

No coração de Minas, a Semana Santa não se celebra apenas nos templos ou nas ruas enfeitadas, mas também ao redor da mesa, onde cada fruta carrega um pedaço da nossa história.

O Sabor da Fé: Frutas e Tradição na Semana Santa Mineira

Eluciana Iris 

A Semana Santa em Minas Gerais é mais do que um período religioso: é um encontro com as tradições que atravessam gerações, fortalecendo laços familiares e resgatando os sabores da nossa terra. Entre procissões, tapetes coloridos e celebrações nas igrejas, a mesa mineira se enche de significados, e as frutas desempenham um papel essencial nesse ritual de fé e partilha.

O figo, por exemplo, traz consigo uma história milenar. Na Bíblia, a figueira simboliza fartura e proteção, e, nas cozinhas mineiras, seus frutos se transformam em doces cristalizados, preservando uma técnica artesanal passada de mãe para filha. Nas mesas de Semana Santa, o doce de figo em calda aparece ao lado do queijo minas, formando uma combinação que carrega o sabor do tempo e da memória afetiva.

Já a goiaba, vermelha como a paixão de Cristo, é protagonista na culinária desse período. Seja na forma de compotas, seja na goiabada cascão, ela representa doçura e simplicidade, lembrando-nos da força das receitas caseiras que unem as famílias em torno do fogão. Além do valor simbólico, a goiaba é uma aliada da saúde: rica em vitamina C e fibras, fortalece o sistema imunológico e favorece a digestão.

A laranja e a mexerica, colhidas com carinho nos quintais mineiros, são presenças frequentes nas refeições da Semana Santa. Suas cascas perfumam as cozinhas, enquanto os gomos refrescantes complementam os pratos leves desse período de reflexão e renovação. Mais do que um alimento, essas frutas carregam o afeto dos avós que, desde os tempos antigos, descascavam os gomos para os netos, ensinando que a tradição se cultiva nos pequenos gestos.

Em muitas casas, a jabuticaba também marca presença, seja no licor artesanal servido nas reuniões familiares ou no doce caseiro passado de geração em geração. Pequena e delicada, essa fruta nativa de Minas lembra que a terra tem seu próprio ritmo e que respeitá-lo é um ato de conexão com a natureza e com nossas raízes.

No coração de Minas, a Semana Santa não se celebra apenas nos templos ou nas ruas enfeitadas, mas também ao redor da mesa, onde cada fruta carrega um pedaço da nossa história. Em cada mordida, um sabor, uma lembrança, um elo que nos une ao passado e nos ensina que a verdadeira tradição não se perde — ela floresce, como as árvores que seguem dando frutos, geração após geração.

Eluciana Iris Almeida Cardoso, natural de Campo Belo MG, reside em Belo Horizonte, Brasil. Advogada, nutricionista, escritora, poeta, ativista cultural, colunista do JCB News (Jornal Clarin Brasil). Membro da Academia Mineira de Belas Artes; da Academia Luminescense Francesa; da Academia Núcleo de Letras Y artes de Buenos Aires; membro da Academia de Belas Artes do rio Grande do Sul; Presidente Delegué do Institut Cultive Suisse Brésil, Núcleo Belo Horizonte MG (Sede Genebra Suíça) e membro da Focus Brasil (Sede EUA). Autora do livro Comidas Afetivas & Poesias Combinação Perfeita, e participação em diversas antologias de poesias e histórias infantis. Recebeu o título de Doutora Honoris Causa em Dietoterapia e Nutrição Clínica 2020. Idealizadora do Chá & Poesias com Elas às segundas feiras. Instagram @elucianairis facebook elucianairis youtube elucianairis

Curta,compartilhe e siga-nos:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *