1. ORIGEM:
A história oficial da região começou em 1855, quando surgiu a Fazenda Barreiro. O seu primeiro proprietário foi o coronel Damazo da Costa Pacheco, que após cultivá-la por muitos anos, resolveu variar de atividade, vendendo-a para o major Cândido José dos Santos Brochado.
Dez anos antes da abolição, o major Cândido utilizava a mão-de-obra escrava de forma bastante acintosa. Por contrariar a Lei do Sexagenário, passou a ter várias inimizades entre escravos e abolicionistas, vindo a falecer, ao que consta assassinado por um escravo fugido. O fato fez com a família vendesse o local para o sr. Manoel Pereira de Melo Vianna e saísse da região.
O engenheiro Aarão Reis, ao chegar com sua equipe para construir a nova capital, foi conhecer de perto a Fazenda Barreiro, que a época era ocupada por imigrantes estrangeiros, que cultivavam produtos agrícolas. Ele se interessava pela qualidade da água daquela região, tencionando utilizá-la no abastecimento da capital.
Anos mais tarde, a construção de uma linha férrea atrairia novos moradores para a região, povocando modificações em sua paisagem, antes predominante rural.
No final dos anos 40, o governo do Estado intermediou negociação entre os proprietários da Fazenda Barreiro e um grupo estrangeiro, resultando na cessão de toda aquela área para construção da primeira grande indústria de Minas Gerais, a Companhia Siderúrgica Mannesmann, marco de desenvolvimento não só do Barreiro, como também de toda a capital.
2. DESENVOLVIMENTO/INFRA – ESTRUTURA:
O Barreiro é mais que um bairro. É uma das regiões administrativas de Belo Horizonte, a regional Barreiro. Tem como limites a Serra do Curral, ao sul; o Anel Rodoviário, a leste; o município de Contagem, a oeste e ao norte, os bairros da região Oeste, próximos à sede da Siderúrgica V & M do Brasil.
Tanto em extensão quanto em complexidade, assemelha-se a uma verdadeira cidade.
Para o geógrafo Ivair Gomes, que publicou em 2005 na revista Caminhos da Geografia, o trabalho denominado Sistemas naturais em áreas urbanas: Estudo da Regional Barreiro, o Barreiro é uma região industrial, com população predominantemente operária. A Companhia Siderúrgica Mannesmann, o Distrito Industrial do Jatobá, as novas áreas industrias do bairro Olhos D’água e a proximidade com a Cidade Industrial em Contagem foram os grandes responsáveis pelo seu estágio atual de desenvolvimento. Eles acabaram favorecendo também, uma intensa diversificação comercial e de serviços, proporcionando-lhe aspecto e independência de cidade.
Escolas públicas e privadas, faculdades, hospitais, postos de saúde, rede bancária, shoppings centers, supermercados, bares, restaurantes e grandes redes de lojas estão presentes nas principais ruas e avenidas onde se concentram o comércio, como as avenidas Sinfrônio Brochado, Olinto Meireles, Afonso Vaz de Melo e a Rua Visconde de Ibituruna, com as suas transversais.
Como na maior parte do município, a região encontra-se em uma unidade geomorfológica que se estende da Serra do Curral, ao sul da cidade, até a região de Venda Nova, denominada depressão de Belo Horizonte, que é formada principalmente por rochas do embasamento cristalino, como o gnaisse. Apresenta uma maior diversidade de formações rochosas, pois uma parte mais ao sul encontra-se no quadrilátero ferrífero (Serra do Curral), formado por rochas compostas principalmente de ferro, como o itabirito e a hematita. Também apresenta rochas como o filito e o quartizito, em menor escala.
Na região, situa-se a bacia do ribeirão Arrudas, sendo os seus principais afluentes o córrego do Jatobá, o córrego do Barreiro e o córrego do Bonsucesso. Sua topografia é bastante acidentada, com altitudes variando entre 851 a 1151 metros. Existem, na região, 3 parques municipais: Parque Roberto Burle Marx (Parque das Águas) com 178.500 metros quadrados de área verde; Parque Teixeira Dias, com 55.510 metros quadrados de área verde; Parque Agro-Ecológico do Vale do Jatobá, com 77.068 metros quadrados de área verde, e o Parque Roberto Burle Marx (Parque das Águas) com 178.500 metros quadrados de área verde, que possui uma pequena mata, com algumas espécies nativas representativas de mata ciliar como canelas, copaíbas e jatobás.
Segundo dados do Censo Demográfico de 2000, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, a Região Administrativa Barreiro de Belo Horizonte possui uma população de 262.194 habitantes, sendo 134.470 mulheres e 127.724 homens.
A extensão territorial da região é de 53,58 Km², com uma densidade demográfica de 4.893,32 hab./Km², distribuída por suas Unidades de Planejamento abaixo discriminadas:
UP BAIRROS/POPULAÇÃO*
BAIRRO DAS INDÚSTRIAS Mannesman, Bairro das Indústrias, Alta Tensão I e Alta Tensão II (parte) . / 10.810 habitantes.
LINDÉIA Durval de Barros, Lindéia, Regina, Washington Pires, Tirol, Tirol I, II e III (parte), Piratininga, Marieta I e II. / 51.642 habitantes.
BARREIRO DE BAIXO Barreiro de Baixo, Olaria, Teixeira Dias, Santa Helena, Diamante, Tirol I, II e III (parte), Presidente Vargas, Átila de Paiva. / 40.948 habitantes.
BARREIRO DE CIMA Milionários, Barreiro de Cima, Flávio Marques Lisboa, Araguáia, Vila Cemig, Alta Tensão I e II (parte), Conjunto Habitacional Bom Sucesso, Vila Nova dos Milionários, Copasa, Cemig. / 55.132 habitantes.
JATOBÁ Jatobá, Vale do Jatobá, Independência, Conjunto Habitacional Jatobá I, Conjunto Habitacional Jatobá II (parte), Conjunto Habitacional Jatobá III, Conjunto Hanitacional Jatobá IV, Antenas, Independência I, II, III e IV (parte). / 62.577 habitantes.
CARDOSO Santa Cruz, Cardoso, Getúlio Vargas, Urucuia, Pongelupe, Conjunto Habitacional Jatobá II (parte). / 33.116 habitantes.
OLHOS DÁGUA Olhos dágua. / 5.637 habitantes.
BARREIRO-SUL Pilar (Sul do Anel), Zona Rural (Serra do Curral), Independência I, II, III e IV (parte). / 2.332 habitantes.
*IBGE-2000.
A região do Barreiro, distante 18 km do centro da capital, possui dois distritos industriais e participa com mais de 38% do VAF (Valor Agregado Fiscal) municipal. Sua economia gera em torno de 28 mil postos de trabalho, conta com 10 agências bancárias e uma estrutura tradicional de serviços e comércio, de porte significativo.
Na área de educação, conta com 27 escolas municipais, 25 escolas estaduais, diversas escolas particulares de ensino fundamental e médio e 1 universidade particular (PUC – Barreiro).
Na área de saúde, conta com 28 unidades sob a responsabilidade da Prefeitura, sendo 17 centros de saúde, 5 unidades especializadas, 1 unidade de emergência, 1 unidade de pronto atendimento – UPA-Barreiro, 1 centro de referência em saúde mental -CERSAM, 1 centro de referência em saúde mental para infância e adolescência-CRIA, 1 centro de referência em saúde do trabalhador-CERSAT e 1 farmácia distrital.
Dentro dos limites da região Barreiro, encontram-se, também, 2 unidades da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais – FHEMIG: os hospitais Eduardo de Menezes e Júlia Kubitscheck. E ainda 2 hospitais privados conveniados com o Sistema Único de Saúde – SUS: o Hospital Santa Lúcia e o Hospital Infantil de Urgência São Paulo.
A comunidade tem à sua disposição o Centro de Apoio Comunitário Barreiro -CAC Barreiro e o Centro de Apoio Comunitário Parque das Águas – CAC Parque das Águas – que oferecem atividades culturais, esportivas e de lazer e, também, o Núcleo de Apoio à Família – NAF, que prestam assistência psicológica e social à famílias e a grupos comunitários.
Hoje, a região tem 5.293 endereços comerciais, 518 de vendas atacadistas, 420 indústrias, 4.916 de serviços e 783 de profissionais autônomos. “Acho aqui tudo o que preciso. Há uma ampla rede de bancos e comércio”, aprova a recepcionista Claúdia Rodrigues, de 30 anos, moradora de Ibirité. Ela gosta de percorrer as vitrines da movimentada Avenida Sinfrônio Brochado, no coração comercial do Barreiro. O vaivém da multidão nas lojas rende um bom faturamento para empresários e a prefeitura, mas o coordenador da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) no Barreiro, Fábio Daniel Barbosa, faz uma reclamação: “A quantia arrecadada com impostos é grande. Mas a menor parte volta em forma de investimento”.
Ele não sabe especificar os percentuais, mas o Anuário estatístico de BH, edição de 2003, informa que a região participa com 38% do valor agregado fiscal (VAF). O secretário de Administração Regional Municipal do Barreiro, Marco Flávio Mendes Figueiredo, diz que a prefeitura faz grandes aportes na região, como o recapeamento de cerca de 60 ruas e avenidas. O dinheiro para esse tipo de obra soma R$ 5,5 milhões anuais. Mais R$ 5,5 milhões são destinados a outros tipos de manutenção de vias (drenagem e tapa-buraco) e em pequenas obras nos prédios públicos. O Orçamento Participativo (OP) direciona, a cada dois anos, R$ 11 milhões às obras. Mais R$ 5,6 milhões estão sendo aplicados na construção do restaurante popular, que será inaugurado em fevereiro, para oferecer 8 mil refeições.
Perto do centro comercial, o aposentado Marcos Antônio Mendes, de 58, recorda, com saudosismo, da época de criança, quando diz: “O Barreiro era mais interior”. E acrescenta que a raiz de sua família está na região: “Minha avó, portuguesa, veio para cá aos 7 anos. Foi uma das primeiras moradoras. Meu avô trabalhava com a charrete do governo, levando autoridades para cima e para baixo. Tenho saudade da época de estudo no Grupo Escolar Francisco Bicalho”. Ao todo, a região tem 27 escolas municipais, 25 estaduais e 22 creches comunitárias conveniadas ao município, além de escolas particulares e três faculdades. Seis unidades municipais de educação infantil (Umeis) estão em funcionamento.
Quanto à habitação, o Censo Demográfico 2000 mostrou, também, que a região possui 69.746 domicílios particulares permanentes, em que cerca de 90% são casas. Dos responsáveis por esses domicílios, 73% são homens e quase 27% têm entre 30 e 39 anos. A maior parte – 49,65% -tem um rendimento entre ½ e 3 salários mínimos .