Naftali Bennett deixou claro que pressionaria contra o acordo com o Irã, argumentando que Teerã já avançou demais em seu enriquecimento de urânio
Jornal Clarín Brasil JCB News – Brasil 27/08/2021
WASHINGTON: O primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett, afirmou que pretende dissuadir o presidente norte-americano,Joe Biden, de retornar ao acordo nuclear com o Irã quando os dois líderes se reunirem na Casa Branca na próxima sexta-feira.
A reunião, originalmente estava marcada para quinta-feira, foi adiada por um dia, já que o presidente Biden focou sua atenção em lidar com as consequências do ataque suicida no aeroporto de Cabul que matou pelo menos 13 soldados americanos, entre mais de 80 outras vítimas locais.
“Em nome do povo de Israel, compartilho nossa profunda tristeza pela perda de vidas de norteamericanos em Cabul”, disse Naftali Bennett em um comunicado publicado em sua mídia social. “Israel está com os Estados Unidos nestes tempos difíceis, assim como os Estados Unidos sempre estiveram com Israel. Nossos pensamentos e orações estão com o povo dos Estados Unidos. ” – Concluiu
Antes de chegar a Washington, Naftali Bennett deixou claro que pressionaria contra o acordo com o Irã, argumentando que o governo de Teerã já avançou em seu enriquecimento de urânio e que o alívio das sanções daria ao Irã mais recursos e tempo para apoiar os inimigos de Israel na região.
O líder de Israel se reuniu separadamente na quarta-feira com o secretário de Estado Antony Blinken e o secretário de Defesa Lloyd Austin para discutir o Irã e outras questões. A visita é a primeira dele aos EUA como primeiro-ministro, sucedendo a Benjamin Netanyahu.
Bennett disse a seu gabinete antes da viagem que diria ao presidente americano “que agora sim, é a hora de deter os projetos iranianos” e de não entrar novamente em “um acordo nuclear que já expirou e não é relevante, mesmo para aqueles que pensava que já foi relevante. ”
O presidente Joe Biden deixou claro seu desejo de encontrar um caminho para salvar o pacto histórico de 2015 cultivado pelo governo de Barack Obama, mas rejeitado em 2018 pelo de Donald Trump. Mas as negociações indiretas dos EUA com o Irã foram paralisadas e Washington continua a manter sanções paralisantes contra o país enquanto as hostilidades regionais aumenta, independente de qualquer acordo.
A decisão de Donald Trump de se retirar do acordo nuclear com o Irã levou Teerã a abandonar com o tempo todas as limitações que o acordo impunha ao seu enriquecimento nuclear. O país agora enriquece uma pequena quantidade de urânio de até 63 por cento, um pequeno passo em relação aos níveis para armas, em comparação com 3,67 por cento no acordo. Ele também gira centrífugas muito mais avançadas e mais centrífugas do que originalmente fora permitido pelo acordo, preocupando especialistas em não proliferação de armas nucleares, embora Teerã insista que seu programa é pacífico, e com fins de produção de energia.
A visita de Naftali Bennett a Washington ocorre semanas depois de Ebrahim Raisi tomar posse como novo presidente do Irã.
Raisi, 60, um clérigo conservador com laços estreitos com o líder supremo aiatolá Ali Khamenei, sugeriu que se engajará com os EUA. Mas ele também adotou uma posição linha-dura, descartando negociações que visam limitar o desenvolvimento de mísseis iranianos e apoio regional milícias – algo que o governo Biden quer tratar em um novo acordo, já que essas são as ameaças temidas pelo estado de Israel.
Oficiais do governo reconheceram que o potencial “breakout” do Irã – o tempo necessário para acumular material físsil suficiente para uma única arma nuclear – agora é reduzido para uma questão de meses ou menos, destacaram os especialistas.
Mas um alto funcionário do governo, que falou sob condição de anonimato para prever as negociações programadas, disse que o governo vê a campanha de pressão máxima empregada pelo governo Trump como tendo encorajado o Irã a seguir em frente com seu programa nuclear.
Naftali Bennett, enquanto recém-empossado no cargo, também trabalha para virar a página de seu antecessor, o longevo no poder, Benjamin Netanyahu.
Netanyahu tinha um relacionamento próximo com Donald Trump depois de confrontos frequentes com Barak Obama. Joe Biden, em vrirtude de sua longa carreira política, se reuniu com todos os primeiros-ministros israelenses desde Golda Meir, e assim como Barak, teve suas próprias tensões com Benjamin Netanyahu ao longo dos anos.
Durante sua última campanha na Casa Branca, Joe Biden chamou Benjamin Netanyahu de “contraproducente” e um líder de “extrema direita”.
AP
