Células de um mamute peludo que morreu há cerca de 28.000 anos começaram a mostrar “sinais de vida” durante um experimento científico inovador realizado em laboratório.
Jornal Clarín Brasil JCB News – Brasil, 04/09/2021
O filhote de mamute peludo foi desenterrado do permafrost na Sibéria (Rússia), em 2011. Com a espécie extinta por cerca de 4.000 anos, encontrar um espécime relativamente intacto foi uma grande notícia – particularmente porque este tinha 28.000 anos.
Desde então, os cientistas estão ansiosos para descobrir como os materiais biológicos dos mamutes descobertos ainda são viáveis para manipulações laboratoriais, milênios depois. Agora, pesquisadores da Kindai University, no Japão, descobriram que o DNA do avô dos elefantes modernos, está parcialmente intacto – e aparentemente eles estão bem no jogo para restaurar este enorme mamífero pré-histórico entre os vivos.
Se eles forem bem-sucedidos, pode ser que consigamos ainda nesta geração, trazer de volta seres de outras eras para nosso convívio.
De qualquer forma, tudo se resume ao fato de que os cientistas da universidade conseguiram extrair núcleos das células do mamute e transplantá-los para oócitos de camundongos – células encontradas nos ovários que são capazes de formar um óvulo após a divisão genética.
Depois disso, as células do espécime de 28.000 anos começaram a mostrar “sinais de atividades biológicas”, o que causou alvoroço na comunidade científica mundial.
“Isso sugere que, apesar dos anos que se passaram, a atividade celular ainda pode acontecer e partes dela podem ser, não somente reativadas, como, recriadas”, disse o autor do estudo Kei Miyamoto, do Departamento de Engenharia Genética da Universidade Kindai.
Cinco das células mostraram mesmo resultados altamente inesperados e muito promissores, nomeadamente sinais de atividade que normalmente só ocorrem imediatamente antes da divisão celular, constataram os especialistas.
Determinar se o DNA mamute ainda poderia funcionar não foi uma muito tarefa fácil. Os pesquisadores começaram colhendo amostras de medula óssea e tecido muscular da perna do animal. Estes foram então analisados quanto à presença de estruturas semelhantes a núcleos não danificados, que, uma vez encontradas, foram extraídas para ensaios.
Uma vez que essas células nucleares foram combinadas com oócitos de camundongo, proteínas de camundongo foram adicionadas, revelando que algumas das células de mamute eram perfeitamente capazes de reconstituição nuclear. Isso, finalmente, sugeria que mesmo os restos mortais de mamutes com 28.000 anos poderiam abrigar núcleos ativos, o que significa, algo como, que ressuscitar um espécime como este seria perfeitamente possível.
Embora Miyamoto admita que “estamos muito longe de recriar um mamute”, muitos pesquisadores que tentam usar a edição de genes para fazer isso estão confiantes de que essa conquista está chegando cada vez mais perto da realidade. Esforços recentes, usando a controversa ferramenta de edição de genes CRISPR, são indiscutivelmente os mais promissores, ultimamente.
Mas será que realmente precisamos ressuscitar uma espécie que foi extinta há muito tempo, e nos expôr a outros riscos, principalmente biológicos que não conhecemos?