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RELIGIONIS

Deus é a partícula de bondade dentro de cada um, é aquilo que constrange a fazer a coisa certa, a ser bondoso um para com o outro, a ser caridoso, a desejar afastar-se do mal, do mau caminho

Por Paulo Siuves/Jornal Clarín Brasil JCB News – Brasil 31/10/2021

Ser religioso hoje em dia é ser uma pessoa retrógrada. Pensar em falar com outras pessoas sobre bondade no coração, distância de vícios, anulação da maldade, outras coisas do tipo, parece-me ser completamente errado, pois ser religioso é ser um incentivador das discussões que provocam brigas, disputas, desavenças que desaguam no rompimento de relações sociais. A religião deveria servir para aplacar a maldade intrínseca da natureza humana. No entanto, dizer-se religioso é dizer “olhem para mim com suspeitas de possuir uma mente antiquada e opressora”, pois a religião do homem oprime, não liberta. Mas, se nos libertarmos do pensamento religioso institucional, vamos nos deparar com um pensamento que tenta resgatar o melhor do ser humano dentro de cada um de nós.

Ser uma pessoa boa não significa necessariamente ser religioso, contudo, ser religioso significa exatamente ser uma pessoa boa, do bem. Nesse sentido, ser religioso é ter os pensamentos voltados para a prática do bem. Quando uma sociedade tem por princípio a prática do bem, menos tipos de agressões acontecem. Porém, é preciso ter um senso norteador para a prática dessa conduta boa, ninguém é bom por si só nesse mundo atual. Toda pessoa boa tem algo em comum, e esse algo é o pensamento nas coisas do alto.

A religiosidade institucional, pregada dentro de templos suntuosos, por microfones de alta fidelidade, ligados em aparelhagem sonora caríssima, segrega as pessoas, transforma a sociedade em grupos rivais que se intitulam pela inscrição numa placa exposta numa fachada e cria uma separação desproporcional, diferente do que a palavra originalmente pretende: religar. Mas, religar quem a quem? Nesse caso, desfaço das minhas raízes para pensar algo universal.

Deus não é estritamente a entidade que está no céu para julgar atos bons e maus, recompensar ou castigar a humanidade de acordo com seus atos. Deus é a partícula de bondade dentro de cada um, é aquilo que constrange a fazer a coisa certa, a ser bondoso um para com o outro, a ser caridoso, a desejar afastar-se do mal, do mau caminho. Deus é o sentimento de que roubar é errado, ser corrupto, glutão, viciado, praticante de maldades é errado. Nesse sentido, o nível de compreensão da palavra religião muda. Deixa de ser o nome de uma coisa para ser um conceito não verbal, uma regra social de não imputar agravo ao próximo. Religião deixa der ser uma coisa institucional, repressora, e toma a forma semântica de agir conforme o que todos, universalmente, conhecemos como “praticar o bem”. Religião é o que nos coloca em contato novamente com esse conceito.

Assim, gostaria que todas as pessoas dessem mais espaço para Deus em seus pensamentos. Se todas as igrejas, independente dos conceitos institucionais, estivessem cheias, principalmente, de jovens, nossa sociedade assistiria menos tragédias nos telejornais. Se Deus ocupasse mais espaço na mente humana, teríamos infinitamente menos “Flor de Lis”, “Sri Prem Baba”, ” João de Deus” e “Jim Jones” pelo mundo afora.

Estou falando de religião de modo diferente do que temos por aí, vulgarmente chamada de Igreja Ortodoxa, Catolicismo, Protestantismo, Anglicanismo, Mormonismo, Testemunhas de Jeová, Adventistas, Kardecistas, etc. Isso pra falar de cristianismo, que é a principal religião brasileira. Se todos esses locais de culto estivessem cheios de pessoas preocupadas com o real conceito do RELIGARE, teríamos uma sociedade distinta, pois, “religião (do latim religio, -onis) é um conjunto de sistemas culturais e de crenças, além de visões de mundo, que estabelece os símbolos que relacionam a humanidade com a espiritualidade e seus próprios valores morais”.

(Revisão gramatical por Gabriela Scarpelli – gabriela.faria.letras@hotmail.com)

Paulo Siuves: Natural de Contagem/MG, é escritor, poeta, músico e guarda municipal, atuando na Banda de Música da Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte como Flautista. É graduado em Estudos Literários pela Faculdade de Letras (FALE) da UFMG e presidente da Academia Mineira de Belas Artes (AMBA). Publicou os livros ‘O Oráculo de Greg Hobsbawn’ (2011), pela editora CBJE, e ‘Soneto e Canções’ (2020), pela Ramos Editora. Além desses, publicou contos e poemas em mais de cinquenta antologias no

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