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Banana-da-terra tem nova maneira de cultivar que traz alta produtividade e qualidade alimentar

“Toda a dedicação do agricultor tem que ser revertida em lucro para que sua qualidade de vida seja satisfatória e ele conquiste os seus anseios”.

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Jornal Clarín Brasil JCB News – Brasil 08/11/2022

Os agricultores brasileiros têm agora mais uma opção de bananeira do tipo Terra, também conhecida – a depender da região – como banana-da-terra ou plátano. Desenvolvida pelo Programa de Melhoramento Genético de Banana e Plátano da Embrapa, a BRS Terra-Anã vem se somar às variedades Terra Maranhão, Terrinha e D’Angola, registradas oficialmente pela Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA) em 2018.

Em relação à cultivar D´Angola, sua competidora direta, a BRS Terra-Anã possui como diferenciais o porte anão, maior número de pencas e de frutos e maior produtividade, além de qualidades sensoriais e alimentares superiores. “Havia uma demanda forte da parte dos produtores por novas opções de cultivares desse tipo de banana, uma vez que as três cultivares comerciais mais utilizadas têm como principais desvantagens o porte muito alto, o ciclo produtivo muito longo, a baixa produtividade ou mesmo a pouca qualidade dos frutos”, afirma o pesquisador Edson Perito Amorim, coordenador do programa de melhoramento. 

A variedade é resistente à sigatoka-amarela e à murcha de Fusarium e suscetível à sigatoka-negra, principais doenças da bananeira; à broca do rizoma (praga também conhecida como moleque-da-bananeira) e a nematoides (parasitas que afetam diversos aspectos relativos à produção). Inicialmente, a BRS Terra-Anã é recomendada para plantio no Mato Grosso e no Vale do Ribeira (SP), mas já existem trabalhos em andamento no norte de Minas Gerais e nos estados do Rio de Janeiro e Ceará visando validar a cultivar para futura extensão de recomendação a outras regiões. 

Em paralelo a essa atividade e, considerando os resultados atuais, nos próximos anos a Embrapa deverá lançar, ao menos, dois plátanos com potencial agronômico e qualidade de frutos que vêm ao encontro das demandas do mercado.

A menor altura da planta da BRS Terra-Anã – 2,83 m, enquanto as concorrentes têm, em média, 3,50 m – permite melhor condução do bananal e considerável redução de quedas prematuras de plantas, sendo indicada para áreas de maior incidência de ventos fortes. A possibilidade de adensamento de plantio também é uma vantagem, uma vez que plantas mais compactas permitem maior quantidade no campo.

“Toda a dedicação do agricultor tem que ser revertida em lucro para que sua qualidade de vida seja satisfatória e ele conquiste os seus anseios”. A BRS Terra-Anã, além de todas as características agronômicas vantajosas, converte essas vantagens em lucro líquido”, salienta Amorim.

No Brasil, a banana do tipo Terra é consumida de várias formas: cozida, frita, assada, em forma de purê ou como coadjuvante de diversos preparos.

Os testes de aceitação sensorial da nova variedade foram realizados no Laboratório de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Embrapa Mandioca e Fruticultura, que identificou que a farinha produzida com frutos da BRS Terra-Anã produz mais amido resistente do que as cultivares comerciais. O amido resistente atua como fibra insolúvel, sendo considerado um alimento prebiótico, componente não metabolizado pelo organismo que incentiva o crescimento e a proliferação de bactérias benéficas do intestino grosso, contribuindo para evitar doenças inflamatórias do sistema digestório e diminuir os riscos de câncer do cólon. Por conta dessas características, a BRS Terra-Anã deve ganhar espaço junto ao consumidor mais preocupado em seguir uma alimentação saudável e funcional – um nicho de mercado pouco explorado para os plátanos.

A BRS Terra-Anã é uma cultivar naturalmente biofortificada em relação às já encontradas no mercado. De acordo com Amorim, nem o produtor nem o consumidor devem perceber as diferenças no que diz respeito ao sabor ou ao aroma ou outras características sensoriais dos frutos da cultivar. “Isso é importante porque, quando o consumidor compra frutos de banana ou de outros alimentos, sempre quer aquele sabor, aquele aroma conhecido, tradicional, que ele está acostumado”, relata.

Frutos da variedade já são processados pela pequena agroindústria Serra Pantaneira, sediada em Nossa Senhora do Livramento (MT), na produção de chips nos sabores açúcar com canela, ervas finas, picante e cebola, entre outros.

“A banana-da-terra é uma fruta importante na cadeia produtiva da agricultura familiar, possibilitando retorno rápido do investimento, e faz parte da culinária tradicional dos mato-grossenses em quase todas as refeições. A produção é bem distribuída por todo o estado, diferentemente das regiões produtoras do Espírito Santo e da Bahia, onde entra a banana Terra Maranhão, que tem dedos menores e cachos mais produtivos. Aqui a preferência do mercado são frutos grandes, poucos dedos, e essa cultivar veio atender a essa demanda. A alta produção, o vigor, a resistência ao vento, o sabor, tudo isso se encaixou nas perspectivas dos produtores daqui”, afirma Humberto de Carvalho Marcilio, pesquisador da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer-MT). “A nossa recomendação é que seja feita a tecnificação porque o estado de Mato Grosso tem um período de forte seca. Então, quem quer produzir com qualidade, tanto a BRS Terra-Anã quanto a Farta Velhaca, tem que irrigar”, complementa.

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