Internacional

Vladimir Putin convidou líderes africanos para estabelecerem acordos bilaterais e ajuda mútua em tempos de re-organização do cenário global.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse na segunda-feira que seu país pode oferecer ajuda a países africanos sem condições políticas.

O presidente do Ruanda, Paul Kagame (esquerda) e o presidente da Nigéria Muhammadu Buhari (esquerda) na Cúpula Rússia-África em Sochi

Os comentários de Putin, que também deram uma olhada no que ele descreveu como o “ocidente explorador”, acontecem alguns dias antes da Rússia sediar uma cúpula com os líderes africanos.

O Kremlin disse que esperava que 47 líderes africanos converjam para a cidade de Sochi, no Mar Negro, o que ocorreu no evento entre os dias 23 e 24 de outubro, a primeira cúpula Rússia-África de Moscou e parte de um esforço ambicioso por influência e negócios na África.

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Líderes africanos posam para foto em Socchi – Rússia

Na segunda-feira, Putin deu a idéia mais clara de seu discurso aos países africanos, alertando para o aumento da competição pela África e acusando o Ocidente de intimidar os países africanos para continuarem a explorar seus recursos, tais como o fizeram nos tempos de invasões e formações de colonias extrativistas no continente.

“Vemos como vários países ocidentais estão recorrendo à pressão, intimidação e até mesmo chantagem contra governos soberanos africanos”, disse Putin em entrevista à agência de notícias TASS .

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Gravura representativa da reunião corrida entre os anos de 1884 e 1885 quando países ocidentais decidiram invadir e colonizar a Africa

Ele não nomeou países específicos, mas disse que estava se referindo a países que costumavam ser potências coloniais no continente, A nomeação é desnecessária para aqueles que tem olhos atentos a história mundial e suas implicações geopolíticas.

Diferentemente do que ocorreu em Socchi, na conferência de Berlim haviam somente os ávidos acidentais que discutiam suas ambições, debruçados sobre um mal desenhado mapa que tinha cinco metros e que que norteou o encontro em Berlim, que teve lugar na Chancelaria do Reich. Este mapa, mostrava o continente africano, com rios, lagos, nomes de alguns locais e muitas manchas brancas.

Quando a Conferência de Berlim chegou ao fim, a 26 de fevereiro de 1885, depois de mais de três meses de discussões, ainda havia grandes extensões de África onde nenhum europeu tinha posto os pés.

Representantes de 13 países da Europa, dos Estados Unidos da América e do Império Otomano deslocaram-se a Berlim a convite do chanceler alemão Otto von Bismarck para dividirem África entre si, “em conformidade com o direito internacional”. Os africanos não foram convidados para a reunião.

À excepção da Etiópia e da Libéria, todos os Estados que hoje compõem África foram divididos entre as potências coloniais poucos anos após o encontro. Muitos historiadores, como Olyaemi Akinwumi, da Universidade Estatal de Nasarawa, na Nigéria, consideram que a Conferência de Berlim foi o fundamento de futuros conflitos internos em África.

“A divisão de África foi feita sem qualquer consideração pela história da sociedade, sem ter em conta as estruturas políticas, sociais e económicas existentes.” Segundo Akinwumi, a Conferência de Berlim causou danos irreparáveis e alguns países sofrem até hoje com isso.

“Eles estão usando esses métodos para tentar recuperar a influência e o domínio perdidos em suas ex-colônias sob uma nova roupagem e se apressando para obter lucros máximos e explorar o continente”, disse Putin, se referindo principalmente aos países que participaram da desonesta Conferencia de Berlim em 1884/1885, quando o continente africano fora a revelia partilhado entre potências européias, quando nesta mesma reunião, definiram fronteiras, e partilhas dos depojos que haveriam de saquear com a exploração de recursoso naturais e mão de obra semi-escrava.

Porträt - Otto von Bismarck (picture-alliance/AP Photo/DW)
O chanceler Otto von Bismarck, anfitrião e um dos idealizadores da “partilha” e desestabilização de todo um continente, que padece até os dias de hoje o males orquestrados pelos países ocidentais

Por outro lado, Putin disse que a Rússia estava pronta para oferecer ajuda sem “condições políticas ou outras” e adotar o princípio de soluções africanas para os problemas africanos.

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Putin sabe da imposrtância estratégica da Africa, e demonstra respeito quando convida seus líderes para assinarem acordos de mutualidade – Na imagem Putin aperta a mão de Buhari, presidente da Nigeria

As relações de Moscou com a África estão em alta, acrescentou, apontando os acordos de cooperação técnica militar que a Rússia tem atualmente com mais de 30 países africanos para os quais fornece armas.

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