Brasil Internacional

Igreja Universal do Reino de Deus enfrenta revolta popular em países africanos, e pode causar crise diplomática

Prisão de pastor que denunciou abusos em São Tomé e Príncipe leva população a destruir templos na ex-colônia portuguesa 

A Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) enfrenta uma revolta popular em São Tomé e Príncipe, na África. Os incidentes já provocaram a depredação de seis templos e a morte de um adolescente de 13 anos, segundo informa a BBC.

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Ameaçada de expulsão do país, direção da igreja se diz vítima de perseguição

A crise teve início em 11 de setembro, quando um pastor são-tomense da denominação foi preso na Costa do Marfim, sob acusação de ser o autor de mensagens que denunciam supostos abusos da igreja contra funcionários africanos. 

Os textos foram divulgados por meio de grupos em Whatsapp e um perfil falso no Facebook. O conteúdo acusava pastores e bispos brasileiros da Iurd de “discriminar clérigos africanos”.

Também denunciava bispos e pastores de se apropriarem de dízimos recebidos dos fiéis, além de “humilhar, insultar, esmagar e escravizar os (pastores) africanos”. 

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A igreja sempre teve forte presença no país até que se explodisse a revolta dos fiéis

Os pastores locais, segundo as denúncias, também seriam obrigados a fazer vasectomia e se manterem solteiros para se dedicar mais a igreja. 

A prisão do pastor se deu após denúncia da Iurd à polícia marfinense. A igreja qualificou as mensagens como “mentiras absurdas e calúnias”.  

O pastor preso é Ludimilo da Costa Veloso. Segundo a reportagem da BBC, ele tornou pastor da Iurd em seu país natal há 14 anos e foi transferido para Costa do Marfim. Nove dias após a prisão, foi considerado culpado pelo envio das mensagens e condenado a um ano de prisão. 

As mensagens conclamavam funcionários locais a se insurgir contra a igreja. “Éramos muito pacientes, humildes demais, educados demais. Agora é hora de agir sem piedade!, diz um dos textos, em francês (língua principal de Costa do Marfim), reportado pela BBC. 

O pastor assumiu a autoria das mensagens, mas seus advogados negam, argumentando que o cliente foi orientado pelas autoridade a assumir a autoria com a promessa de liberdade. 

A notícia da prisão do pastor chegou a São Tomé e Príncipe por meio da esposa Ana Paulo Veloso. Ela está grávida. Por meio de entrevistas e relatos em redes sociais, afirmou que foi obrigada a deixar a Costa do Marfim às pressas, embora quisesse permanecer no país. 

Ela também afirmou que o marido foi expulso da Universal após a prisão. Os depoimentos da mulher se espalharam e geraram revolta. Em 16 de setembro, centenas de manifestantes depredaram seis dos 20 templos da Iurd em São Tomé. A polícia interviu e um manifestante de 13 anos morreu. 

Parlamento são-tomense ameaça fechar a IURD
O parlamento são-tomeense ameaça fechar e proibir as atividades da igreja Universal no país

A Iurd está presente em 23 países africanos. A crise em São Tomé e Príncipe já envolveu chefes de Estado africanos, mobilizou congressistas brasileiros e o Itamaraty, ainda podendo resultar na expulsão da denominação do território são-tomense, uma ex-colônia portuguesa de 200 mil habitantes. 

A Igreja Universal do Reino de Deus é liderada pelo bispo Edir Macedo, religioso brasileiro radicado nos EUA. No Brasil, ele é aliado do atual presidente Jair Bolsonaro e controla a Rede Record, conglomerado que reúne rádio, TV e plataformas digitais.

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