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Medo de golpe de ação militar em seus países, Paul Biya dos Camarões e Paul Kagame de Rwanda exoneram oficiais de suas forças armadas

“Nossa história tem sido um exemplo de como a divisão pode ser destrutiva”

Jornal Clarín Brasil JCB News – Brasil 31/08/23

O receio de que uma ação militar se espalhasse pelos seus países pode ter formado a decisão do nonagenário Presidente dos Camarões, Paul Biya, e do sexagenário Presidente do Rwanda, Paul Kagame, de fazer mudanças significativas nas suas forças armadas.

Biya está no poder desde 1982 (há 41 anos) e Kagame desde 2000 (há 23 anos).

Ambos não têm planos conhecidos de renunciar ao poder, com Kagame tendo o apoio de uma mudança constitucional em 2015 que lhe permitiu permanecer presidente até 2034, e o seu homólogo camaronês é visto como evasivo em renunciar ao poder mesmo em 2025, o que  seria  o final do seu atual sétimo mandato.

Após a ação no Gabão na quarta-feira, 30 de Agosto, o Presidente dos Camarões, Biya, fez grandes mudanças no ministério da defesa do país.

Entre os cargos remodelados estavam o de delegado da presidência encarregado da defesa, do pessoal da aeronáutica, da marinha e da polícia. Ele anunciou as mudanças na plataforma de mídia social.

Biya, 90 anos, chegou ao poder através de um golpe de estado em 1982 e mesmo depois de se transformar em presidente democrático ao longo do caminho permaneceu no poder.

Além disso, pouco depois da ação militar no Gabão, as forças de defesa do Rwanda (RDF) anunciaram na X, a plataforma social anteriormente conhecida como Twitter, que o Presidente Kagame aprovou a reforma de 83 oficiais superiores.

O general James Kabarebe, ex-ministro da Defesa e chefe do Estado-Maior da Defesa de Rwanda, mesmo gozando de grande prestídio em seu país, fora exonerado pelo presidente Kagame – Imagem: Reprodução.

Segundo a RDF, Kagame também aprovou a promoção e nomeação de alguns dirigentes para substituir os anteriores titulares de cargos.

Também foram realizadas reuniões entre o chefe do Estado-Maior da Defesa do Rwanda, o embaixador dos Emirados Árabes Unidos (EAU) no Rwanda e o adido de defesa dos Camarões para discutir formas de “melhorar a cooperação na defesa entre os seus respectivos países”.

As decisões de Kagame e Biya de remodelar as suas forças armadas ocorreram poucas horas depois de os soldados tomarem o poder no Gabão, pontuando o domínio de 53 anos da família do presidente Ali Bongo no país.

O presidente rwandês, Kagame, que também atua como comandante-chefe da RDF, segundo relatos, aprovou a aposentadoria de 95 generais militares e oficiais superiores, bem como de 930 soldados subalternos.

No topo da lista de aposentados está o general James Kabarebe, ex-ministro da Defesa e chefe do Estado-Maior da Defesa do país.

Os afetados foram divulgados num comunicado publicado no site oficial das Forças de Defesa de Ruanda na quarta-feira.

Até sua aposentadoria, Kabarebe atuou como conselheiro especial do presidente em segurança.

A mídia local relata que alguns dos aposentados atingiram a idade de aposentadoria de 65 anos, enquanto outros foram indiciados por má conduta.

“O presidente também aprovou a aposentadoria de 83 oficiais superiores, 06 oficiais subalternos e 86 NCOS seniores, 678 términos de contrato e 160 dispensas médicas”, dizia parcialmente o comunicado.

Antes de se aposentarem, o Presidente Kagame promoveu vários tenentes-coronéis ao posto de coronéis e comandantes de brigada.

Embora a declaração não expusesse categoricamente as razões da reforma dos militares, o presidente tinha nas semanas anteriores abordado líderes de opinião sobre a necessidade de manter o país unido.

Suas palavras: “Nossa história tem sido um exemplo de como a divisão pode ser destrutiva. Vimos também que foi a nossa unidade que levou à transformação do nosso país. Temos pessoas que perderam familiares, outras que têm familiares perpetradores, todos sofreram as consequências da divisão.”

Redação

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